China troca negociador em meio a tensões com EUA

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Novo nome busca destravar diálogo com Washington

Pequim, 17 de abril de 2025 – Em um movimento inesperado, a China anunciou na quarta-feira (16) a substituição de seu principal negociador comercial, em meio a uma escalada da guerra tarifária com os Estados Unidos. Li Chenggang, ex-ministro assistente do Comércio entre 2018 e 2021, assume o cargo de representante de Negociação Comercial Internacional e o posto de vice-ministro do Comércio, substituindo Wang Shouwen, que ocupava a posição desde 2022. A troca ocorre em um momento crítico, com os EUA impondo tarifas de 145% sobre exportações chinesas e a China retaliando com taxas de 125% sobre produtos americanos, segundo a Reuters e a AP News.

A nomeação de Li Chenggang é vista como uma tentativa estratégica de Pequim para destravar o diálogo com Washington, especialmente sob a administração de Donald Trump, que voltou à Casa Branca em 2025. Li, de 58 anos, traz consigo uma vasta experiência em negociações comerciais internacionais. Durante seu período como ministro assistente, ele participou das tratativas que evitaram, em 2019, um aumento ainda maior nas tarifas americanas contra produtos chineses. Além disso, Li foi embaixador da China na Organização Mundial do Comércio (OMC) por quatro anos e meio, onde defendeu os interesses de Pequim em disputas comerciais globais. “Li Chenggang é uma figura respeitada e com um histórico sólido em negociações complexas. Sua experiência na OMC e com os EUA pode trazer uma abordagem mais pragmática”, afirmou Tu Xinquan, diretor do Instituto de Estudos da OMC na Universidade de Negócios e Economia Internacional da China.

A saída de Wang Shouwen, por outro lado, parece estar ligada a fatores além da estratégia. Fontes próximas às negociações revelam que o temperamento de Wang gerou atritos em reuniões recentes com representantes americanos, dificultando o progresso em um momento em que a diplomacia é essencial. Alfredo Montufar-Helu, conselheiro sênior do China Center da Conference Board, descreveu a mudança como “abrupta e potencialmente disruptiva”, mas destacou que a nomeação de Li pode sinalizar a intenção de Pequim de buscar uma solução para o impasse atual. “A liderança chinesa parece acreditar que um novo rosto pode ajudar a desescalar as tensões”, disse Montufar-Helu.

O contexto da troca é marcado por uma guerra comercial que ameaça as economias dos dois países e o comércio global. Desde o início de 2025, as tarifas entre China e EUA escalaram rapidamente. Em abril, Trump elevou as taxas sobre importações chinesas para 54%, enquanto Pequim respondeu com tarifas adicionais de 34% sobre bens americanos, segundo a Wikipedia. Além disso, a China impôs barreiras não tarifárias, como restrições a importações agrícolas e de energia dos EUA, visando setores politicamente sensíveis para Trump, como a agricultura em estados republicanos. Em contrapartida, Pequim intensificou esforços para diversificar seus mercados, fortalecendo laços com a Europa e países do Sul Global, enquanto promove o consumo interno em sua vasta população de 1,4 bilhão de consumidores.

A escolha de Li Chenggang também reflete a postura da China de manter sua posição na OMC e defender o livre comércio, em contraste com a abordagem protecionista de Trump. Durante sua passagem pela OMC, Li participou das negociações que culminaram na entrada da China na organização em 2001, um marco em sua integração ao comércio global. “Li é conhecido por ser aberto e favorável ao livre comércio, o que pode trazer um novo estilo às negociações”, observou Tu Xinquan. Contudo, analistas alertam que, apesar da mudança, decisões estratégicas continuarão a ser tomadas por líderes de alto escalão, como o presidente Xi Jinping e o vice-primeiro-ministro He Lifeng, com Li atuando como executor de suas diretrizes.

Enquanto Xi Jinping promove a China como um “pilar de estabilidade” no comércio global durante sua turnê pelo Sudeste Asiático, a troca de negociadores sugere que Pequim está se preparando para um confronto prolongado, mas sem fechar as portas para o diálogo. “Para qualquer negociação ocorrer, ela deve ser baseada em igualdade, respeito e benefício mútuo”, declarou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Lin Jian. Resta saber se Li Chenggang conseguirá romper o atual stalemate e evitar que a guerra comercial evolua para consequências ainda mais graves.

Fonte: Reuters, AP News, CNBC.

Da Redação.

Jornalista


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