CIJ julga leis israelenses contra a UNRWA

Israelenses protestam contra a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Oriente Próximo (UNRWA), que tem sido diretamente ligada ao terrorismo do Hamas, em seus escritórios em Jerusalém em 5 de fevereiro de 2024. Foto de Chaim Goldberg / Flash90. (10 de abril de 2025 / JNS)
Tribunal da ONU inicia audiências sobre veto de Israel à agência acusada de terror
A Corte Internacional de Justiça (CIJ), principal órgão judicial das Nações Unidas, marcou cinco dias de audiências públicas, entre 28 de abril e 2 de maio, para analisar a legalidade das leis israelenses que proíbem a atuação da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA) em seu território. O caso, levado à corte pela Assembleia Geral da ONU, reacende o debate sobre ajuda humanitária, segurança nacional e os limites da soberania israelense.
O conflito jurídico e político
Em dezembro de 2024, a Assembleia Geral da ONU aprovou uma resolução – com 137 votos a favor, 12 contra e 22 abstenções – solicitando um parecer consultivo da CIJ sobre as leis israelenses que restringem a UNRWA. As medidas, aprovadas pelo Knesset (Parlamento israelense) em outubro de 2024 e em vigor desde janeiro de 2025, determinam:
- Fechamento de todas as instalações da UNRWA em Israel, incluindo Jerusalém, abrangendo escolas, clínicas e escritórios administrativos.
- Proibição de comunicação entre funcionários israelenses e representantes da agência.
Israel alega que a UNRWA tem vínculos comprovados com grupos terroristas, incluindo o Hamas, e que sua atuação em Gaza e na Cisjordânia mina a segurança nacional. Recentemente, autoridades israelenses notificaram o fechamento de seis escolas da UNRWA em Jerusalém, dando um prazo de 30 dias para sua desativação.
A posição da ONU e da Autoridade Palestina
A ONU argumenta que a UNRWA é essencial para fornecer assistência humanitária a milhões de palestinos em Gaza e na Cisjordânia, áreas que considera “territórios ocupados”. A agência opera sob um mandato da Assembleia Geral desde 1949 e tem sido alvo de críticas de Israel e aliados, como os EUA, que suspendera parte de seu financiamento em 2024 após alegações de envolvimento de funcionários com o Hamas.
A Autoridade Palestina (AP) e defensores da UNRWA afirmam que as leis israelenses violam o direito internacional e prejudicam civis inocentes. “Isso é uma punição coletiva contra refugiados palestinos”, declarou um porta-voz da AP.
Audiências e ausência de Israel
A CIJ reservou quase todo o primeiro dia de audiências para depoimentos da ONU e da AP. No total, 44 países e quatro organizações internacionais devem se manifestar. Os EUA, que votaram contra a resolução na Assembleia Geral, participarão das audiências, enquanto Israel optou por não comparecer – uma postura semelhante à adotada em casos anteriores no tribunal.
A CIJ já emitiu opiniões consultivas polêmicas sobre o conflito israelense-palestino, incluindo uma decisão em 2024 declarando “ilegal” a presença israelense em Jerusalém Oriental e partes da Cisjordânia. Além disso, um caso separado, movido pela África do Sul, acusa Israel de genocídio em Gaza – alegação rejeitada por Tel Aviv como “difamatória”.
Repercussão internacional
Enquanto países europeus e árabes apoiam a UNRWA, Israel e seus aliados argumentam que a agência perpetua o conflito ao manter o status de “refugiado” para descendentes de palestinos deslocados em 1948. O governo israelense propôs que outras agências da ONU, como o ACNUR, assumam o trabalho humanitário na região.
O resultado do caso na CIJ não será vinculante, mas pode influenciar pressões diplomáticas e econômicas sobre Israel. Enquanto isso, a crise humanitária em Gaza se agrava, com relatos de escassez de alimentos e medicamentos.
Fonte: JNS.
Da Redação.
Jornalista
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