Copom sobe Selic a 14,75%, maior patamar desde 2006

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Decisão unânime eleva juros em 0,50 ponto percentual

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil elevou a taxa Selic em 0,50 ponto percentual nesta quarta-feira (7), passando de 14,25% para 14,75% ao ano. A decisão, tomada por unanimidade, alinha-se às expectativas da maior parte do mercado financeiro e marca o maior patamar nominal dos juros desde julho de 2006, durante o primeiro governo Lula. Naquela época, a Selic estava em trajetória de queda, após atingir picos de 19,75% em 2005. Este movimento reflete a continuidade do ciclo de aperto monetário iniciado em setembro, que já acumula uma alta de 4,25 pontos percentuais, o segundo maior dos últimos 20 anos.

Contexto da decisão

A alta de 0,50 ponto percentual estava precificada com 80% de probabilidade na curva de juros no fim da tarde de quarta-feira, enquanto 20% dos investidores apostavam em um aumento mais moderado, de 0,25 ponto. A escolha do Copom segue o forward guidance sinalizado em março, quando o Banco Central indicou que adotaria um ritmo de elevação mais brando, em contraste com os ajustes de 1 ponto percentual observados nas reuniões anteriores. A decisão reflete a tentativa do BC de equilibrar o controle da inflação, que permanece pressionada, com a necessidade de evitar uma desaceleração econômica mais acentuada.

O atual ciclo de alta, iniciado em setembro, é superado apenas pelo período entre março de 2021 e agosto de 2022, quando a Selic subiu 11,75 pontos após o impacto da pandemia. A taxa de 14,75% agora estabelecida coloca o Brasil entre os países com os maiores juros reais do mundo, ajustados pela inflação projetada, o que reforça a postura hawkish do Banco Central em meio a um cenário global de aperto monetário.

Impactos na economia

O aumento da Selic tem implicações diretas para consumidores, empresas e investidores. Para o cidadão comum, o custo do crédito, como empréstimos e financiamentos, tende a subir, encarecendo compras parceladas e investimentos de longo prazo, como a aquisição de imóveis. Para as empresas, o financiamento de projetos fica mais caro, o que pode limitar expansões e contratações. Por outro lado, a alta dos juros beneficia investidores em renda fixa, como títulos do Tesouro Direto atrelados à Selic, que passam a oferecer retornos mais atraentes.

No cenário macroeconômico, o objetivo principal do Banco Central é conter a inflação, que tem sido pressionada por fatores como a alta dos combustíveis, alimentos e a depreciação do real frente ao dólar. Dados recentes do IBGE mostram que o IPCA, índice oficial de inflação, acumula alta próxima de 10% em 12 meses, bem acima da meta de 3,5% estipulada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). A elevação da Selic busca ancorar as expectativas inflacionárias, mas também aumenta o risco de desaceleração econômica, especialmente em setores sensíveis aos juros, como construção civil e varejo.

Perspectivas futuras

O Copom não forneceu sinais claros sobre os próximos passos, mas analistas esperam que o ciclo de alta possa se aproximar do fim, caso a inflação mostre sinais de arrefecimento. A ata da reunião, que será publicada na próxima semana, será crucial para entender as projeções do Banco Central e eventuais mudanças no forward guidance. Economistas consultados pelo relatório Focus, do BC, projetam que a Selic pode atingir 15% até o fim de 2025, com possibilidade de estabilização caso o cenário global e doméstico permita.

No contexto internacional, o aperto monetário não é exclusividade do Brasil. Bancos centrais de economias desenvolvidas, como o Federal Reserve (EUA) e o Banco Central Europeu, também têm elevado juros para combater a inflação, o que pressiona moedas de países emergentes como o real. Esse cenário reforça a cautela do Copom, que busca evitar a fuga de capitais e manter a atratividade do Brasil para investidores estrangeiros.

Histórico e comparação

A Selic em 14,75% remete a um período de alta volatilidade econômica no início dos anos 2000. Em 2005, os juros chegaram a 19,75% em resposta a pressões inflacionárias e instabilidade cambial. Desde então, o Brasil passou por ciclos de altas e quedas, com a Selic atingindo mínimas históricas de 2% em 2020, durante a pandemia. O atual patamar reflete um retorno a políticas mais restritivas, em um contexto de recuperação econômica e desafios globais.

A decisão do Copom reforça o compromisso do Banco Central com a estabilidade de preços, mas também acende o debate sobre os custos sociais de juros elevados. Enquanto o controle da inflação é prioridade, o impacto no crescimento econômico e no desemprego será monitorado de perto nos próximos meses.

Fonte: Estadão Conteúdo.

Da Redação.

Jornalista


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