Demissão de Lupi é Certa Após Crise no INSS

Saída do Ministro da Previdência Gera Tensões no PDT e no Governo
A permanência de Carlos Lupi como ministro da Previdência Social tornou-se insustentável, e sua demissão é considerada inevitável por fontes próximas ao Palácio do Planalto. O vazamento de informações sobre sua saída iminente intensificou as tensões tanto no governo quanto no PDT, partido presidido por Lupi (atualmente licenciado). A crise, desencadeada por denúncias de fraudes bilionárias no INSS, expôs fragilidades na gestão do ministro e reacendeu divisões internas no PDT, enquanto a oposição pressiona por uma CPI que pode complicar ainda mais a situação do governo Lula.
Lupi enfrenta críticas desde que a Operação Sem Desconto, conduzida pela Polícia Federal e pela Controladoria-Geral da União, revelou um esquema de descontos irregulares de R$ 6,3 bilhões em benefícios de aposentados e pensionistas entre 2019 e 2024. Atas do Conselho Nacional de Previdência Social indicam que Lupi foi alertado sobre irregularidades em junho de 2023, mas medidas efetivas só foram tomadas em março de 2024. A demora alimentou acusações de omissão, culminando na demissão do presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, indicado por Lupi, por ordem do presidente Lula. Uma pesquisa da AtlasIntel, divulgada em 1º de maio de 2025, revelou que 85,3% dos brasileiros defendem a demissão do ministro.
Nos bastidores, o PDT está dividido. Dirigentes do partido, incluindo figuras próximas a Lupi, aconselharam o ministro a deixar o governo e reassumir a presidência da sigla, visando fortalecer o PDT como uma força independente na base aliada. Essa ala acredita que a saída de Lupi da Esplanada dos Ministérios preservaria sua influência política e evitaria um desgaste maior para o partido. No entanto, o próprio Lupi resiste, temendo que a renúncia seja vista como admissão de culpa diante das denúncias. Em audiência na Comissão de Previdência da Câmara, em 29 de abril, ele negou omissão, afirmando que agiu ao demitir um diretor do INSS em maio de 2024 por “letargia” na apuração.
A crise expõe a fragilidade da relação entre o PDT e o governo Lula. Uma ala moderada do partido, liderada pelo deputado Mário Heringer, defende a manutenção do apoio ao Planalto como estratégia para garantir influência política. Heringer alertou que a demissão de Lupi poderia levar o PDT a abandonar a base governista, um movimento com impacto significativo, já que o partido conta com 17 deputados e três senadores. Por outro lado, setores alinhados a Ciro Gomes, que concorreu à Presidência em 2022 e criticou Lula abertamente, veem a crise como uma oportunidade para romper com o governo e reposicionar o PDT como oposição.
Enquanto isso, a oposição intensifica a pressão. Na Câmara, deputados protocolaram um pedido de CPI do INSS com 185 assinaturas, aguardando decisão do presidente da Casa, Hugo Motta. O líder da oposição, Luciano Zucco (PL-RS), também anunciou, em 2 de maio, uma representação criminal contra Lupi na Procuradoria-Geral da República, acusando-o de omissão e pedindo sua investigação pelo STF. A possível CPI é vista como uma carta de negociação da Câmara, que pode pressionar Lula a ceder em pautas como a anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023.

Paralelamente, a decisão do deputado Alfredo Gaspar (União Progressista), relator na CCJ, de ignorar um ofício do STF e aprovar a suspensão do processo contra o deputado Alexandre Ramagem, adiciona mais um elemento de tensão. Aprovada na CCJ, a matéria agora segue para o plenário, onde precisa de 257 votos. A movimentação é interpretada como um sinal de que líderes como Motta e Arthur Lira operam nos bastidores para fortalecer a posição da Câmara frente ao governo e ao Judiciário, beneficiando, indiretamente, o ex-presidente Jair Bolsonaro.
A demissão de Lupi, confirmada por auxiliares de Lula ao jornal Valor Econômico para esta sexta-feira, 2 de maio, marca um momento crítico para o governo. A saída do ministro pode estabilizar a crise no curto prazo, mas o custo político é alto. Perder o PDT da base aliada e enfrentar uma CPI do INSS podem agravar a impopularidade de Lula, já pressionado por outros desafios legislativos e judiciais. Enquanto o Planalto busca conter o desgaste, a oposição capitaliza o escândalo para enfraquecer o governo, e o PDT enfrenta o dilema de redefinir seu papel na política nacional.
Fonte: Estadão Conteúdo
Da Redação.
Jornalista
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