photo_2025-05-13_11-54-31

Crises revelam falhas sistêmicas no Brasil

O senador Eduardo Girão (Novo-CE) classificou os recentes escândalos envolvendo o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) como um “retrato do Brasil de hoje”. Em pronunciamento no Plenário do Senado em 6 de maio de 2025, Girão cobrou a instalação de Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) para investigar irregularidades que, segundo ele, evidenciam problemas estruturais de corrupção e má gestão no país. As denúncias, que envolvem bilhões de reais desviados de aposentados e suspeitas de influência indevida no futebol, intensificam a crise de confiança nas instituições brasileiras.

Fraudes no INSS: Um Golpe Contra Aposentados

O escândalo no INSS veio à tona com a Operação Sem Desconto, deflagrada em 23 de abril de 2025 pela Polícia Federal (PF) e pela Controladoria-Geral da União (CGU). A investigação revelou um esquema de descontos não autorizados em aposentadorias e pensões, promovidos por sindicatos e associações. Estima-se que cerca de 4 milhões de aposentados foram lesados, com prejuízos iniciais de R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024, podendo alcançar R$ 90 bilhões se considerados empréstimos consignados fraudulentos.

As fraudes, que começaram em 2019 durante o governo de Jair Bolsonaro, envolviam mensalidades associativas descontadas sem consentimento, muitas vezes com falsificação de documentos. Em 1,3 mil entrevistas conduzidas pela CGU, 97% dos beneficiários confirmaram nunca terem autorizado os descontos. Em alguns municípios, até 60% dos aposentados sofreram cobranças irregulares. A operação resultou na exoneração do então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, e no afastamento de cinco servidores, além de 207 inquéritos policiais e 701 mandados de busca e apreensão.

Waldemir Barreto/Agência Senado

O senador Girão acusou o ex-ministro da Previdência, Carlos Lupi, de omissão, alegando que ele sabia das irregularidades desde 2023. Lupi, que deixou o cargo em 2 de maio de 2025 após pressão do Planalto, negou envolvimento e afirmou que as investigações foram apoiadas por sua gestão. O novo ministro, Wolney Queiroz, também foi implicado por Girão devido a reuniões com entidades suspeitas, levantando questões sobre tráfico de influência. A oposição, liderada por deputados como Coronel Chrisóstomo (PL-RO), protocolou um pedido de CPI na Câmara com 185 assinaturas, e uma CPMI foi proposta em 12 de maio por Damares Alves (Republicanos-DF) e Coronel Fernanda (PL-MT).

CBF: Suspeitas de Influência e Contratos Questionáveis

Paralelamente, Girão pediu a instalação de uma CPI para investigar a CBF, apontando irregularidades em contratos com o Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP), fundado pelo ministro do STF Gilmar Mendes. O senador destacou denúncias de favorecimento na recondução de Ednaldo Rodrigues à presidência da CBF, além de um contrato de R$ 6,5 milhões com o advogado Pedro Trengrouse, questionado por notas fiscais emitidas após o fim de sua atuação. Mais grave, segundo Girão, é a suspeita de que duas vice-presidências da CBF, com salários de R$ 200 mil, estariam sendo oferecidas para indicações de ministros do STF, sugerindo uma confusão entre interesses públicos e privados.

A crise na CBF ganhou destaque com a suspensão de seis jornalistas da ESPN em 9 de abril de 2025, após críticas à gestão de Rodrigues no programa “Linha de Passe”. Uma audiência pública com o presidente da CBF foi aprovada pelo Senado em 7 de maio, a pedido de Girão, para esclarecer as denúncias. O senador enfatizou que o futebol, um “patrimônio do povo brasileiro”, não pode ser refém de práticas questionáveis.

Um Reflexo do Brasil Atual

Os escândalos no INSS e na CBF, segundo Girão, exemplificam a fragilidade da governança no Brasil. A oposição usa as denúncias para pressionar o governo Lula, enquanto aliados do presidente destacam que as fraudes no INSS começaram na gestão anterior e foram desmanteladas pela atual administração. Especialistas apontam que a falta de comunicação clara do governo sobre as medidas tomadas agrava a crise de confiança.

A pressão por CPIs reflete o clamor por transparência, mas a instalação depende de decisões políticas, como a do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). Enquanto isso, o governo promete ressarcir os aposentados lesados, embora sem prazo definido. No caso da CBF, a investigação pode expor conexões entre poder judiciário e entidades privadas, desafiando a credibilidade do futebol brasileiro.

Conclusão

Os escândalos no INSS e na CBF, como descrito por Girão, são mais do que crises isoladas: são sintomas de problemas estruturais que exigem investigação rigorosa. A criação das CPIs, se concretizada, pode trazer luz a esses casos, garantindo justiça para os aposentados e transparência no futebol. Enquanto o Brasil aguarda respostas, a frase de Girão ecoa: esses casos são, de fato, um “retrato do Brasil de hoje”.

Fonte: Agência do Senado.

Da Redação.

Jornalista


Descubra mais sobre GRNOTICIAS

Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.

Queremos ouvir você, deixe seu comentário, será um prazer respondê-lo.

Descubra mais sobre GRNOTICIAS

Assine agora mesmo para continuar lendo e ter acesso ao arquivo completo.

Continue reading