Faculdades sob Escrutínio por Antissemitismo

O deputado Tim Walberg (R-Michigan), presidente do Comitê de Educação e Força de Trabalho da Câmara, em uma audiência sobre o ódio aos judeus com os presidentes do Haverford College, da DePaul University e da California Polytechnic State University, em 7 de maio de 2025. Crédito: Cortesia do Comitê de Educação e Força de Trabalho da Câmara.
Audiência na Câmara questiona líderes de Haverford, DePaul e Cal Poly
Os presidentes do Haverford College, da DePaul University e da California Polytechnic State University (Cal Poly) enfrentaram um intenso interrogatório na audiência do Comitê de Educação e Força de Trabalho da Câmara dos EUA, intitulada “Além da Ivy League: Combatendo a Disseminação do Antissemitismo nos Campi Americanos”. Presidida pelo deputado Tim Walberg (R-Michigan), a sessão de mais de três horas destacou preocupações crescentes sobre o aumento do antissemitismo em instituições de ensino superior, com republicanos acusando as faculdades de falharem na proteção de estudantes judeus, enquanto democratas criticaram a audiência como uma manobra política.
Contexto da Audiência
A audiência reflete uma onda de escrutínio sobre como as universidades lidam com protestos pró-palestinos e incidentes de antissemitismo desde os ataques do Hamas em Israel, em 7 de outubro de 2023. Diferentemente de audiências anteriores, que focaram em instituições de elite como Harvard e Columbia, esta voltou-se para faculdades menos proeminentes, mas ainda significativas, como Haverford, DePaul e Cal Poly. Cartas enviadas pelo comitê às universidades citaram incidentes específicos, como protestos disruptivos e ataques físicos, além de notas baixas no “Campus Antisemitism Report Card” da Anti-Defamation League (ADL), com DePaul e Haverford recebendo “F” e Cal Poly, um “D”.
Interrogatório dos Presidentes
O deputado Walberg abriu a sessão perguntando quantos estudantes foram suspensos ou expulsos por atos antissemitas desde outubro de 2023. Wendy Raymond, presidente do Haverford College, respondeu que a instituição não divulga esses números, levando Walberg a presumir que nenhuma ação disciplinar foi tomada. Robert Manuel, da DePaul University, informou que oito grupos estudantis foram investigados, com dois suspensos e dois indivíduos presos, incluindo um estudante. Jeffrey Armstrong, da Cal Poly, relatou que seis alunos foram disciplinados, com punições variando de suspensões a liberdade condicional.
A deputada Elise Stefanik (R-N.Y.) pressionou Raymond sobre se declarações incitando a violência contra judeus seriam protegidas pela política de liberdade de expressão do Haverford. Raymond afirmou que tais declarações não seriam defendidas e que ações disciplinares foram tomadas, mas sua relutância em detalhar as medidas gerou críticas. Stefanik destacou a “falta de responsabilidade” das lideranças universitárias, afirmando que “os presidentes ainda não entendem” a gravidade do problema.
Divergências Políticas
Enquanto republicanos, como Virginia Foxx (R-N.C.), questionavam se o antissionismo era uma forma velada de antissemitismo, democratas argumentaram que a audiência deveria abordar todas as formas de ódio, incluindo islamofobia, e acusaram o governo Trump de usar o tema para desviar atenções. Foxx desafiou Raymond sobre a aceitabilidade de visões antissionistas que negam a existência de Israel, ao que a presidente respondeu que críticas a governos são permitidas, mas o antissemitismo não.
O deputado Randy Fine (R-Florida), que usou um yarmulke em solidariedade aos estudantes judeus, acusou Raymond de evasivas, chamando suas respostas de “discurso vazio”. Já o deputado Kevin Kiley (R-Califórnia) buscou garantias de que estudantes judeus se sentiriam seguros em Haverford, recebendo uma afirmação hesitante de Raymond.
Incidentes Específicos
O comitê citou incidentes notáveis em cada instituição. Na DePaul, um acampamento pró-palestino de 17 dias em maio de 2024 resultou em danos de US$180 mil e a descoberta de armas, como facas e uma arma de chumbinho. Dois estudantes judeus foram atacados em um caso de crime de ódio, levando a uma ação judicial contra a universidade por negligência. Em Haverford, um evento da ADL foi interrompido por manifestantes, e folhetos do Chabad foram removidos, supostamente por violarem políticas de postagem. Na Cal Poly, dois incidentes verbais de antissemitismo foram relatados, mas a universidade não enfrenta ações judiciais.

Impacto e Reações
A audiência sublinhou a tensão entre liberdade de expressão e a necessidade de coibir o discurso de ódio nos campi. A ADL elogiou a sessão, esperando que marque um “ponto de virada” para as universidades, oferecendo apoio para revisar políticas internas. No entanto, acadêmicos como Timothy R. Cain, da Universidade da Geórgia, criticaram as audiências como “manobras publicitárias” que não permitem o diálogo nuançado necessário para abordar questões complexas.
Os presidentes expressaram compromisso em combater o antissemitismo. Raymond destacou mudanças nas políticas de Haverford e parcerias com grupos judaicos, enquanto Manuel e Armstrong detalharam ações disciplinares. Contudo, a falta de transparência de Raymond e as respostas vagas de alguns líderes alimentaram críticas de que as universidades não estão fazendo o suficiente.
Perspectivas Futuras
A audiência sinaliza uma expansão do foco republicano para além das universidades de elite, com possíveis implicações para o financiamento federal de instituições sob a administração Trump. Walberg mencionou “opções legislativas” para garantir conformidade com o Título VI da Lei dos Direitos Civis de 1964, que proíbe discriminação em programas financiados pelo governo. Enquanto isso, a polarização política em torno do tema sugere que o debate sobre antissemitismo e liberdade de expressão nos campi continuará a ser um ponto de contenção.
Fonte: JNS
Da Redação.
Jornalista
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