FBI Violou Padrões no Russiagate, Revelam Documentos

Foto: Imagem de James Comey
Preconceito Político Motivou Investigação contra Trump
Novos documentos divulgados recentemente lançam uma sombra ainda mais densa sobre a conduta do FBI durante a investigação conhecida como Russiagate, que examinou supostos laços entre a campanha presidencial de Donald Trump em 2016 e a Rússia. Esses registros sugerem que a agência violou seus próprios padrões éticos e operacionais, guiada mais por hostilidade partidária do que por evidências concretas. A investigação, que ficou conhecida internamente como “Especial do Quartel-General”, baseou-se em informações não corroboradas, como o controverso Dossiê Steele, para justificar medidas invasivas, incluindo mandados de vigilância contra um assessor da campanha de Trump.
O Dossiê Steele, um relatório compilado pelo ex-agente britânico Christopher Steele, alegava conexões entre Trump e o governo russo. No entanto, sua credibilidade foi amplamente questionada, inclusive por figuras de alto escalão dentro da própria comunidade de inteligência dos EUA. Um dos críticos mais proeminentes foi o Almirante Mike Rogers, então diretor da Agência de Segurança Nacional (NSA). Em uma entrevista ao FBI em novembro de 2017, conhecida como formulário 302, Rogers afirmou que o dossiê era “em grande parte não corroborado” e se opôs à sua inclusão no corpo principal da Avaliação da Comunidade de Inteligência de janeiro de 2017, que tratava da interferência russa nas eleições americanas.
A postura de Rogers reforça a percepção de que o então diretor do FBI, James Comey, conduziu a investigação de forma opaca, mantendo informações cruciais em segredo, mesmo de outros líderes de inteligência. Durante um depoimento público no Congresso em 2017, Rogers expressou surpresa ao ouvir Comey revelar que o FBI estava investigando possíveis ligações entre a campanha de Trump e a Rússia. Segundo Rogers, Comey não o informou previamente sobre o escopo da operação, conhecida como Crossfire Hurricane. Essa falta de transparência levanta questões sobre a motivação por trás das ações do FBI.
Outro episódio que destaca a conduta questionável do FBI envolve uma ligação telefônica de 29 de dezembro de 2016, entre Mike Flynn, então Conselheiro de Segurança Nacional, e Sergey Kislyak, embaixador russo nos EUA. Essa conversa, que culminou na demissão de Flynn, nunca foi relatada a Rogers, que afirmou ao FBI ter se mantido “intencionalmente afastado” de tais detalhes. A ausência de comunicação com um dos principais líderes de inteligência do país sugere que o FBI operava com uma agenda própria, possivelmente influenciada por vieses políticos.
Os documentos recém-divulgados não apenas reforçam as críticas de Rogers, mas também ecoam preocupações de ex-agentes do FBI, que rotularam a investigação como um “Especial do Quartel-General”. Esse termo reflete a percepção de que a operação foi conduzida de maneira centralizada e com pouca supervisão, utilizando métodos questionáveis para atingir seus objetivos. A dependência do Dossiê Steele, que nunca foi plenamente validado, para obter mandados de vigilância sob a Lei de Vigilância de Inteligência Estrangeira (FISA) é um exemplo claro de desvio dos padrões éticos do FBI.
Essas revelações alimentam um debate mais amplo sobre a politização das agências de inteligência nos EUA. A investigação Russiagate, que não produziu provas concretas de conluio entre a campanha de Trump e a Rússia, tornou-se um símbolo de divisão política, com críticos argumentando que ela foi usada para deslegitimar a presidência de Trump. As ações de Comey, incluindo sua decisão de manter segredo sobre aspectos centrais da investigação, continuam a gerar controvérsia, especialmente à luz das novas evidências.
À medida que mais documentos vêm à tona, a confiança do público nas instituições de inteligência pode ser ainda mais abalada. A violação dos padrões do FBI no Russiagate não é apenas uma questão de má conduta operacional, mas um alerta sobre os perigos de permitir que preconceitos pessoais e políticos influenciem investigações de alto impacto. Enquanto o debate continua, a transparência e a responsabilidade permanecem essenciais para restaurar a credibilidade das agências federais.
Fonte: Getty Images, Dia Dipasupil, 30 de maio de 2023
Da Redação.
Jornalista
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