13 de dezembro de 2024 14:57
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Cresce o temor do mercado com novas altas de juros nos EUA. E só as big techs escaparam do mau humor causado pela alta nos rendimentos dos títulos americanos nesta segunda-feira.

Cresce o temor do mercado com novas altas de juros nos EUA. E só as big techs escaparam do mau humor causado pela alta nos rendimentos dos títulos americanos nesta segunda-feira.

O mercado financeiro vive de acompanhar os mínimos sinais. Mas também é mestre em ignorá-los. Nesta terça-feira, investidores entraram em pânico com a notícia de que o mercado de trabalho americano abriu mais vagas do que o estimado pelos economistas. As bolsas americanas fecharam em queda de 1,37%, e o Ibovespa acompanhou, caindo 1,42%, a 113.419 pontos. O dólar disparou a R$ 5,15.

O relatório Jolts mostrou que o número de postos de trabalho abertos estava em 9,6 milhões em agosto, acima dos 8,8 milhões esperados. Não há dúvida de que o dado mostra a resiliência da economia americana ao aumento das taxas de juros pelo Fed.

No fundo, investidores entenderam hoje que há uma chance não desprezível de a “Selic” americana subir mais do que vinha sendo antecipado, pois juros altos deixam o banco central americano mais livre para subir os juros sem que isso cause uma recessão. E, para a renda variável, juros em alta são algo tão ruim quanto uma recessão. Atualmente, a taxa está em 5,5%.

Desde a última reunião, em meados de setembro, o Fed deixou claro que o cenário mais provável é de que o juro suba só mais uma vez. Mas indicou que ele ficará acima de 5% ao ano em 2024 antes de se mover a um patamar mais normal para os padrões americanos, entre 2% e 3%. O pânico do mercado financeiro começou ali.

Só que há um abismo entre aquela sinalização do Fed e os solavancos do mercado desde então. É que a sinalização de juros altos por mais tempo fez mover toda a curva americana. Agora, o rendimento dos títulos públicos de 10 anos subiu a intragáveis 4,70%, porque no fundo o que uma taxa média dessas por uma década indica é que a queda não acontecerá. O juro dos títulos de 30 anos foi a 4,93%. São patamares que não eram vistos desde 2006, o período que antecedeu a bolha imobiliária americana.

Pior: agora 30% dos investidores apostam que o novo aumento de juros pelo Fed será já na reunião da primeira semana de novembro, e não em dezembro – contrariando o que o próprio Fed indicou. Vale dizer que a maioria ainda está com o Fed, apostando numa alta só em dezembro.

Durante a tarde, o presidente do Fed de Atlanta, Raphel Bostic, tentou acalmar os ânimos. Ele afirmou que é preciso ser paciente e que não se deve reagir “em excesso” a dados individuais. Um claro recado ao surto coletivo desencadeado pelo Jolts.

O Jolts, por sinal, sai com defasagem – são dados de agosto – e nem é o dado de emprego mais relevante nos Estados Unidos. O que manda mesmo é o payroll, que sai na próxima sexta. O faniquito ante um relatório “menor” mostra quão exaltados estão os investidores.

Tem dias em que a racionalidade não funciona, mesmo. O S&P 500 caiu 1,37%, enquanto o Nasdaq recuou 1,87%. E o Ibovespa foi de arrasto: -1,42%.

As maiores quedas por aqui ficaram pelo setor de varejo, diretamente impactado por taxas de juros. O maior tombo foi da Casas Bahia, hoje uma penny stock, seguida pela Magazine Luiza.

A ansiedade americana com juros não tem impacto direto na política monetária brasileira: por aqui, a Selic tem tudo para continuar recuando até o fim do ano. São mais duas reuniões que levarão a taxa a 11,75%.

Acontece que juros mais altos nos Estados Unidos, como investidores estão aventando, significam uma movimentação de dólares daqui para lá – encarecendo a moeda americana por aqui, já que ela rareia no mercado. E isso causa inflação, já que os importados ficam mais caros. Para trazer mais moeda americana em solo nacional, evitando uma desvalorização, é preciso manter juros altos. Resultado: a Selic não muda, mas os juros de longo prazo começam a se mover.

É essa equação que começa a entrar no radar de investidores. Não à toa, o dólar deu um solavanco: subiu 1,73%, a R$ 5,1543. A notícia boa é que isso ajuda nossas exportadoras (confira nas maiores altas). São tempos estranhos em Wall Street e na Faria Lima. Convém tomar cuidado.

MAIORES ALTAS

Natura (NTCO3): 2,97%
Fleury (FLRY3): 2,17%
Suzano (SUZB3): 1,96%
JBS (JBSS3): 0,67%
Klabin (KLBN11): 0,59%

MAIORES BAIXAS
Magazine Luiza (MGLU3): -8,46%
Casas Bahia (BHIA3): -7,94%
Petz (PETZ3): -6,52%
Hapvida (HAPV3): -5,47%
Azul (AZUL4): -5,45%

Ibovespa: -1,42%, a 113.419 pontos

Em Nova York
Dow Jones: -1,29%, a 33.003 pontos
S&P 500: -1,37%, a 4.229 pontos
Nasdaq: -1,87%, a 13.059 pontos

Dólar: 1,73%, a R$ 5,1543

Petróleo:
Brent: 0,23%, a US$ 90,92
WTI: 0,46%, a US$ 89,23
Minério de ferro:
-1,08%, a US$ 119,10 por tonelada em Singapura

Fonte: Por Tássia Kastner

Redator

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