Não apenas tiros, mas também um incêndio dentro do local contribuíram para o alto número de vítimas. Os terroristas do ataque teriam iniciado o fogo utilizando gasolina que transportavam em mochilas
O ataque devastador ocorrido em uma casa de concertos em Moscou na última sexta-feira (22/03) resultou em um número chocante de mortos, com pelo menos 143 vítimas até o momento, conforme afirmou Margarita Simonyan, editora de um canal de TV estatal russo.
As vítimas estavam presentes aguardando o início de um espetáculo quando a tragédia ocorreu. Onze indivíduos, incluindo quatro atiradores, foram detidos pelas autoridades. O grupo extremista Estado Islâmico assumiu a responsabilidade pelo atentado.
Simonyan divulgou um vídeo de um dos suspeitos, um jovem barbado, sendo interrogado à beira de uma rodovia. O homem, visivelmente abalado, afirmou ter chegado de avião da Turquia em 4 de março e que recebeu ordens para realizar o ataque através do aplicativo Telegram, em troca de dinheiro.
As imagens mostram o suspeito inicialmente deitado de bruços, com as mãos amarradas às costas e o queixo apoiado no coturno de um homem usando uniforme de camuflagem. Mais tarde, ele foi colocado de joelhos para responder às perguntas dos interrogadores. Outro suspeito, com cortes e hematomas no rosto, estava sendo interrogado com a ajuda de um intérprete, enquanto estava sentado em um banco com as mãos e os pés amarrados.
Não apenas tiros, mas também um incêndio dentro do local contribuíram para o alto número de vítimas. Os terroristas envolvidos no ataque teriam iniciado o fogo utilizando gasolina que transportavam em mochilas.
Testemunhos em vídeo mostram o pânico que se seguiu aos disparos. Segundo o site de notícias Baza, que tem fontes nos serviços de segurança, foram encontrados 28 corpos em um banheiro e 14 nas escadas. “Mães foram encontradas abraçadas a seus filhos”, relatou o site.
Na Rússia, o Serviço Federal de Segurança (FSB) anunciou que os quatro atiradores foram detidos enquanto tentavam fugir em um veículo Renault pela fronteira com a Ucrânia, onde supostamente tinham contatos. O porta-voz da inteligência ucraniana, Andrei Kartapolov, negou essa afirmação, declarando à Reuters que se tratava de mais uma “mentira dos serviços especiais russos”.
Dois dos atiradores foram capturados após uma perseguição de carro na região de Bryansk, a 340 km a sudeste de Moscou, enquanto os outros dois foram pegos enquanto tentavam se esconder em uma floresta. De acordo com o deputado russo, Alexander Khinshtein, os suspeitos estavam em posse de uma pistola, um carregador de munição para rifle e passaportes do Tajiquistão – um detalhe consistente com a reivindicação do Estado Islâmico, já que o país, um ex-membro da União Soviética, tem uma população majoritariamente muçulmana. A organização terrorista afirmou ser a responsável pelo ataque através de sua agência de comunicação, Amaq, no Telegram.
Inteligência americana confirmou a autenticidade da reivindicação do grupo. Um agente não identificado informou à Reuters que os Estados Unidos haviam alertado a Rússia nas últimas duas semanas sobre a possibilidade de um ataque terrorista. Este aviso foi precedido, poucas horas antes, por um ataque frustrado contra uma sinagoga em Moscou pelo FSB.
Os terroristas envolvidos naquele incidente, de acordo com relatos, tinham origens afegãs e também estavam associados ao Estado Islâmico. As tensões entre o grupo extremista e o Kremlin remontam principalmente aos ataques russos contra o Estado Islâmico durante a guerra civil na Síria, em 2015.
A casa de shows, conhecida como Crocus City Hall, tem capacidade para mais de seis mil pessoas e já recebeu grandes nomes da música internacional, como Eric Clapton e a banda A-ha. Localizada na cidade de Krasnogorsk, parte da metrópole de Moscou, a Rússia intensificou a segurança em todos os meios de transporte na capital, que abrange uma área metropolitana com 21 milhões de habitantes.