Índia e Paquistão à Beira de um Conflito Nuclear

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Crise na Caxemira eleva tensões entre potências nucleares

A região da Caxemira, palco de disputas históricas entre Índia e Paquistão, voltou a ser o epicentro de uma crise que ameaça escalar para um conflito de proporções catastróficas. Desde o ataque terrorista de 22 de abril de 2025, em Pahalgam, que matou 26 turistas, as tensões entre as duas potências nucleares atingiram níveis críticos. A Índia, sob o comando do primeiro-ministro Narendra Modi, acusou o Paquistão de apoiar o grupo insurgente Frente de Resistência (TRF), ligado ao Lashkar-e-Taiba, enquanto Islamabad nega veementemente qualquer envolvimento e exige uma investigação neutra. Ambos os países intensificaram a mobilização militar ao longo da Linha de Controle (LoC), reacendendo temores de uma guerra que poderia envolver armas nucleares.

Modernização Militar e Riscos de Escalada

Desde o último confronto direto em 2019, Índia e Paquistão investiram pesadamente na modernização de suas forças armadas. A Índia adquiriu 26 caças Rafale da França por US$ 7,4 bilhões e reforçou sua defesa com o sistema russo S-400. O Paquistão, por sua vez, incorporou 20 caças J-10 chineses armados com mísseis PL-15 e o sistema de defesa antiaérea HQ-9. Esses avanços, segundo especialistas, aumentam o risco de escalada mesmo em conflitos limitados. “Os tomadores de decisão em ambos os lados têm maior apetite por risco desde 2019”, alerta Frank O’Donnell, do Stimson Center. Um confronto inicial com drones, mísseis ou aeronaves poderia rapidamente evoluir, especialmente considerando a disparidade de recursos: a Índia possui um orçamento militar significativamente maior, mas o Paquistão compensa com apoio estratégico da China.

A Crise Diplomática e o Papel da Caxemira

O ataque em Pahalgam desencadeou uma série de medidas retaliatórias. A Índia suspendeu o Tratado das Águas do Indo, fechou a passagem terrestre Attari-Wagah e expulsou diplomatas paquistaneses. O Paquistão respondeu com a proibição de voos indianos em seu espaço aéreo, suspensão do comércio bilateral e mobilização de tanques e artilharia para a fronteira. A Caxemira, dividida desde 1947, permanece o cerne do conflito. A Índia controla 55% da região, incluindo Jammu e o glaciar de Siachen, enquanto o Paquistão administra 30%, e a China ocupa 15%. A revogação da autonomia de Jammu e Caxemira pela Índia em 2019 intensificou a insurgência local, alimentando a narrativa de grupos separatistas.

O Espectro das Armas Nucleares

Embora especialistas acreditem que nem Índia nem Paquistão recorreriam a armas nucleares a menos que enfrentassem uma ameaça existencial, a possibilidade de um erro de cálculo é alarmante. O Paquistão, em desvantagem convencional, poderia considerar o uso tático de mísseis nucleares em caso de derrota iminente. A Índia, por sua vez, mantém uma política de “retaliação massiva” em resposta a qualquer ataque nuclear. “Se o Paquistão usar armas nucleares, será para causar o máximo de destruição, sabendo que também será destruído”, observa um ex-oficial militar paquistanês. A comunidade internacional, incluindo ONU, EUA e China, pediu moderação, mas a distração global com outras crises limita a capacidade de mediação.

Perspectivas de Contenção

Apesar da retórica beligerante, há sinais de cautela. Anil Golani, ex-vice-marechal da Força Aérea Indiana, sugere que ambos os lados preferem evitar um conflito total. A Índia, ciente da vigilância chinesa, pode optar por uma resposta cirúrgica, como ataques aéreos limitados, para aplacar a opinião pública sem provocar uma guerra em larga escala. O Paquistão, por sua vez, mantém suas forças em alerta máximo, mas enfatiza que só usará armas nucleares em última instância. A história de conflitos anteriores, como a crise de Kargil em 1999, mostra que a pressão diplomática pode conter escaladas. No entanto, com arsenais mais sofisticados e tensões políticas em alta, qualquer incidente na Linha de Controle pode ter consequências imprevisíveis.

A comunidade global observa com apreensão enquanto Índia e Paquistão dançam à beira de um conflito que poderia redesenhar o equilíbrio de poder no sul da Ásia. A resolução da crise dependerá da capacidade de ambos os lados de priorizarem a diplomacia sobre a retaliação, mas, por enquanto, a Caxemira permanece um barril de pólvora prestes a explodir.

Fonte: Reuters.

Da Redação.

Jornalista


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