Ira! enfrenta cancelamentos após excluir bolsonaristas

Polêmica do vocalista Nasi custa shows e divide fãs do rock nacional
A Queda do Ira!: Como o Posicionamento Político Custou Caro à Banda
A banda Ira!, um dos nomes mais icônicos do rock brasileiro, está no centro de uma tempestade política após declarações polêmicas do vocalista Nasi, que resultaram no cancelamento de quatro shows da turnê “Acústico 20 Anos” no Sul do país. As apresentações em Caxias do Sul (RS), Jaraguá do Sul (SC), Blumenau (SC) e Pelotas (RS) foram suspensas após uma enxurrada de pedidos de reembolso, desencadeada pela fala do cantor de que “bolsonaristas não são bem-vindos” em seus shows.
A Polêmica que Explodiu nos Palcos
Tudo começou no dia 29 de março, em Contagem (MG), quando Nasi foi vaiado ao gritar “sem anistia” — uma referência direta aos atos de 8 de janeiro de 2023, quando apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro invadiram sedes dos Três Poderes em Brasília. Em vez de amenizar a situação, o vocalista intensificou o tom, declarando:
“Tem gente que acompanha o Ira!, mas nunca entendeu o Ira! […] Vão embora da nossa vida! Vão embora e não apareçam mais em shows, não comprem nossos discos.”
A fala, vista por alguns como uma defesa de princípios, foi interpretada por muitos como intolerância disfarçada de militância. Nas redes sociais, o debate se acirrou: enquanto parte do público elogiou a “coragem” de Nasi, outra parcela acusou a banda de excluir fãs por divergências políticas.
O Preço do Radicalismo: Cancelamentos e Crise Financeira
O resultado não demorou a aparecer. Nas cidades onde a turnê estava programada, centenas de ingressos foram devolvidos, pressionando produtoras e casas de show a cancelarem as apresentações. A 3LM Entretenimento, responsável pela produção, confirmou a suspensão dos eventos e garantiu reembolsos em até 30 dias.
O Teatro Michelangelo, que receberia um dos shows, emitiu uma nota defendendo um “ambiente de respeito e troca de energia positiva” — uma clara indireta ao clima hostil gerado pelas falas de Nasi.
Liberdade de Expressão ou Intolerância? O Debate que Divide o Rock Nacional
O caso do Ira! reacende uma discussão antiga: até onde vai a liberdade artística, e quando ela vira exclusão?
Historicamente, o rock sempre teve uma ligação com a rebeldia e a crítica social. Bandas como Rage Against the Machine e Dead Kennedys são conhecidas por letras politizadas. No Brasil, Legião Urbana e Cazuza também usaram a música para protestar.
A diferença, porém, está no tom. Enquanto essas bandas questionavam sistemas e ideias, o discurso de Nasi direcionou-se a pessoas específicas — os eleitores de Bolsonaro. E, em um país ainda ferido pela polarização, a estratégia mostrou-se arriscada.
Fãs Divididos: “Ira! Perdeu a Essência”
Nas redes, os comentários são acalorados. Alguns fãs antigos lamentam:
“Sou de esquerda, mas acho um erro a banda expulsar quem pensa diferente. Rock sempre foi sobre união.”
Outros defendem a postura:
“Se não querem ouvir, que não venham. O Ira! nunca foi neutro.”
Já os críticos são mais contundentes:
“Virou clube político. Perderam fãs e agora choram com os cancelamentos.”
O Futuro da Banda: Recomeço ou Fim de Carreira?
O prejuízo financeiro é evidente, mas o dano à imagem pode ser ainda maior. O Ira! agora enfrenta um dilema:
- Recuar e tentar reaproximação com o público alienado?
- Manter o discurso e arriscar mais cancelamentos?
Se a banda optar pela segunda opção, pode acabar relegada a um nicho político, perdendo espaço no mainstream do rock brasileiro.
Conclusão: Quando a Arte e a Política Colidem
O caso do Ira! é um termômetro do momento que vivemos: polarizado, explosivo e cheio de linhas vermelhas. Enquanto alguns artistas conseguem equilibrar posicionamento e inclusão, outros pagam um preço alto por radicalizar.
Se a banda quer sobreviver, precisará decidir se seu legado será o de música engajada ou de divisão ideológica.
Da Redação.
Jornalista
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