Irã sob Pressão: Limites Nucleares em Foco

Imagem: Encontro entre negociadores em Omã
EUA e Irã negociam enriquecimento e supervisão rigorosa
As negociações nucleares entre os Estados Unidos e o Irã ganharam novo impulso, com o enviado especial dos EUA, Steve Witkoff, delineando uma abordagem centrada em dois pilares: limitar o enriquecimento de urânio a 3,67% – nível permitido pelo Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA) de 2015 – e implementar medidas de verificação rigorosas para impedir que Teerã desenvolva armas nucleares. Em entrevista à Fox News na segunda-feira, Witkoff destacou a mensagem do presidente Trump de “paz através da força”, enfatizando que o Irã “não pode ter uma bomba”.
As discussões, que ocorrem de forma indireta, tiveram uma rodada em Omã no sábado, 11 de abril de 2025, com outra reunião agendada para o próximo fim de semana no mesmo local. Witkoff indicou que o governo americano pode tolerar um programa nuclear civil iraniano, desde que o enriquecimento não exceda 3,67%, contrastando com os recentes avanços do Irã, que alcançou níveis de 20% e até 60%. Essa postura, no entanto, enfrenta forte resistência de Israel, que rejeita qualquer atividade nuclear iraniana, considerando-a uma ameaça existencial.
A ministra israelense Gila Gamliel, em entrevista ao JNS, alertou que o Irã “não esconde sua intenção de destruir Israel” e defendeu um desmantelamento completo do programa nuclear iraniano, semelhante ao modelo de desarmamento da Líbia. “O regime iraniano é hábil em protelar e usar o tempo a seu favor”, disse ela, destacando a necessidade de um acordo que também interrompa o apoio de Teerã ao terrorismo e seu programa de mísseis. Gamliel expressou confiança de que Trump não aceitará menos que garantias robustas.
O presidente Trump, falando ao lado do presidente de El Salvador, Nayib Bukele, na segunda-feira, criticou o ritmo das negociações e reiterou que a opção militar permanece viável. “O Irã está bem perto de ter uma arma nuclear. Se tivermos que fazer algo duro, faremos”, afirmou, reforçando sua decisão de retirar os EUA do JCPOA em 2018. Trump enfatizou que seu objetivo é proteger o mundo de um Irã “radicalizado”, garantindo que Teerã nunca adquira armas nucleares.
Em Israel, a oposição às negociações é unânime entre líderes políticos. O parlamentar Avichay Buaron, do Likud, alertou que os negociadores americanos devem estar atentos às táticas de manipulação do Irã, que busca preservar suas capacidades nucleares. “As linhas vermelhas de Israel são claras: o Irã deve abandonar todas as capacidades nucleares, incluindo as ditas civis, em poucos meses, sob supervisão americana”, disse ele ao JNS. Outro legislador, Ariel Kallner, destacou a importância de negociações com prazos rígidos, alertando que o objetivo final do Irã é obter armas nucleares para “destruir Israel e conquistar o mundo”.
A ausência de menção ao apoio iraniano a grupos terroristas nos comentários de Witkoff gerou críticas, já que esse ponto tem sido central para Israel e para a política americana anterior. Moshe Passal, também do Likud, defendeu que qualquer acordo deve impor restrições que tornem impossível ao Irã retomar um programa nuclear militar no futuro, sugerindo que o colapso do regime iraniano seria um objetivo estratégico tão importante quanto atacar suas instalações nucleares.
As negociações representam o maior engajamento entre Washington e Teerã desde a posse de Trump em 20 de janeiro, quando Witkoff foi nomeado enviado especial. Embora o governo americano busque um equilíbrio que preserve elementos do programa nuclear iraniano sob supervisão reforçada, a resistência de Israel e de setores do Congresso americano permanece um obstáculo significativo. A pressão por resultados rápidos cresce, enquanto Trump mantém a ameaça de ação militar como pano de fundo, sinalizando que a paciência dos EUA tem limites.
Fonte: Vyacheslav Prokofyev / Sputnik / POOL / AFP via Getty Images
Da Redação.
Jornalista
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