Malafaia Desafia Narrativa do Golpe na Manifestação
Pastor Silas apresentou seis ‘Provas’ e criticou à Imprensa em Manifestação no Rio

No último domingo (16), a orla de Copacabana, no Rio de Janeiro, foi palco de uma manifestação que reuniu milhares de pessoas no evento intitulado “Anistia Já”. Entre os oradores, o pastor Silas Malafaia roubou a cena com um discurso contundente, no qual apresentou seis pontos que, segundo ele, desmontam a narrativa de uma tentativa de golpe em 8 de janeiro de 2023. Além disso, ele não poupou críticas à imprensa, acusando uma jornalista da Globo de ser responsável por uma “invenção farsante”.
Malafaia iniciou sua fala relembrando os alertas emitidos pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) nos dias que antecederam os atos de 8 de janeiro. “Entre os dias 6 e 8 de janeiro, Lula já estava no poder. A Abin enviou mais de 30 alertas ao governo, avisando sobre possíveis manifestações violentas. Mas em nenhum momento esses alertas mencionaram uma tentativa de golpe”, afirmou. Para ele, a ausência dessa menção nos relatórios da Abin é a primeira prova de que a narrativa do golpe não se sustenta.
O segundo ponto levantado pelo pastor foi a suposta inação do governo federal diante dos alertas. “Se houvesse realmente uma tentativa de golpe, o então presidente poderia ter decretado uma Garantia da Lei e da Ordem (GLO) e acionado as Forças Armadas para intervir. Por que isso não foi feito?”, questionou. Malafaia sugeriu que a falta de medidas mais enérgicas por parte do governo indica que não havia uma ameaça real ao poder estabelecido.
A conduta do então diretor do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) também foi alvo de críticas. “O Palácio do Planalto estava de portas abertas, recebendo os chamados ‘pseudogolpistas’, e o general oferecendo água para eles. Que golpe é esse, minha gente?”, ironizou. Para Malafaia, a postura do GSI no dia dos atos contradiz a ideia de uma tentativa de tomada do poder.
O terceiro argumento do pastor foi baseado em uma declaração do deputado federal Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde. “Não existe golpe contra prédios. É dano ao patrimônio público. Golpe é contra quem está no poder, e Lula estava livre em Araraquara. Qual arma foi apreendida? Essas mulheres e homens que foram presos não tinham nem pedra na mão. Golpe sem armas não existe!”, afirmou, citando Pazuello. Malafaia reforçou que, sem armas ou uma ameaça direta ao presidente, a tese do golpe não se sustenta.
O quarto ponto levantado por Malafaia foi a ausência de imagens das câmeras de segurança de Brasília no dia dos atos. “Senhor Flávio Dino, cadê as imagens? Ou ele apagou, ou escondeu”, questionou, referindo-se ao então ministro da Justiça. Para o pastor, a falta de registros visuais é mais uma evidência de que a narrativa do golpe carece de fundamentação.
O quinto argumento abordou a inclusão do ex-presidente Jair Bolsonaro no inquérito que investiga a suposta tentativa de golpe. “Bolsonaro estava nos Estados Unidos. Pato Donald? Mickey? Tio Patinhas? Eu pergunto à Polícia Federal e a Alexandre de Moraes: cadê as conexões? Onde estão as provas de que Bolsonaro comandou algo da América?”, desafiou. Malafaia questionou a lógica de responsabilizar Bolsonaro por eventos ocorridos no Brasil enquanto ele estava fora do país.
Por fim, o pastor citou o depoimento do ex-comandante do Exército, Freire Gomes, à Polícia Federal. “Ele afirmou que Bolsonaro mencionou hipóteses de GLO, estado de sítio e estado de defesa, mas tudo dentro da Constituição. Estado de defesa e estado de sítio só podem ser decretados com aprovação do Congresso. Que golpe é esse com a Constituição?”, concluiu. Para Malafaia, a menção de medidas constitucionais não configura uma tentativa de golpe.
Ao encerrar seu discurso, o pastor atribuiu a chamada “minuta do golpe” à imprensa. “Quem inventou essa farsa foi uma jornalista inescrupulosa da Globo”, afirmou, sem citar nomes. A declaração gerou reações imediatas nas redes sociais, com apoiadores e críticos debatendo a veracidade das afirmações de Malafaia.
A manifestação “Anistia Já” foi marcada por discursos inflamados e reivindicações de anistia para os presos em decorrência dos atos de 8 de janeiro. O evento também serviu como palco para críticas ao governo federal e ao Supremo Tribunal Federal (STF), com muitos oradores defendendo a tese de que os atos foram uma resposta legítima a supostas irregularidades nas eleições de 2022.
Enquanto isso, a polarização política no país segue acirrada, com cada lado apresentando suas versões dos fatos. O discurso de Malafaia, repleto de questionamentos e acusações, certamente alimentará ainda mais o debate público sobre os eventos de 8 de janeiro e suas consequências.
Da Redação.
Jornalista
Descubra mais sobre GRNOTICIAS
Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.