MST Ataca Agronegócio com Apoio de Ministros na Feira da Reforma

Subtítulo: Evento em SP une governo Lula e MST contra setor rural
A 5ª Feira Nacional da Reforma Agrária, realizada entre 8 e 11 de maio de 2025 no Parque da Água Branca, em São Paulo, organizada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), tornou-se palco de intensos ataques ao agronegócio brasileiro. Com a presença de figuras de destaque do governo federal, incluindo o vice-presidente Geraldo Alckmin e cinco ministros, o evento destacou uma narrativa crítica ao setor rural, acusado de “fome, envenenamento, guerra e golpe de Estado” em materiais promocionais do movimento.
A feira, que atraiu milhares de visitantes, exibiu faixas e cartazes que parodiavam a campanha “Agro é Pop”, da TV Globo, em uma tentativa de desconstruir a imagem positiva do agronegócio, responsável por cerca de 25% do PIB nacional. Um dos materiais, amplamente divulgado pelo jornalista Nacho Lemus, da Telesur, descrevia o evento como uma oportunidade para o MST “denunciar a responsabilidade do agronegócio na crise ambiental, na fome e na tentativa de golpe de Estado”. A retórica inflamada marcou o tom político do evento, que, embora voltado à promoção da reforma agrária e da agricultura familiar, serviu como plataforma de mobilização ideológica.
Presença de Autoridades e Apoio Governamental
O evento contou com a participação de autoridades de alto escalão do governo Lula, reforçando o alinhamento entre o MST e a administração federal. Além de Alckmin, que elogiou o movimento como “crucial para a agroecologia e agricultura familiar”, estiveram presentes os ministros Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais), Luiz Marinho (Trabalho), Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário), Márcia Lopes (Mulheres) e Márcio Macêdo (Secretaria-Geral da Presidência). Hoffmann destacou a feira como “uma grande propaganda sobre a produção saudável e livre de agrotóxicos”, enquanto Teixeira anunciou parcerias institucionais com o MST, incluindo acordos com o Instituto Federal de São Paulo (IFSP), os Correios e a Fundação Banco do Brasil.
Essas parcerias preveem apoio logístico, técnico e financeiro para iniciativas do movimento, incluindo projetos associados a ocupações de terras. O Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), sob comando de Teixeira, formalizou o suporte institucional, o que gerou controvérsias entre representantes do setor produtivo rural.
Reações do Agronegócio
A retórica agressiva do MST e o apoio explícito do governo provocaram reações contundentes de lideranças do agronegócio. A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) criticou o uso de recursos públicos e estatais para promover um movimento que, segundo eles, “criminaliza o setor responsável por sustentar a economia nacional”. O presidente da FPA, deputado Pedro Lupion, afirmou que “o apoio a um movimento que promove invasões de terras e ataca o agronegócio é um descolamento da realidade econômica do país”.
O agronegócio, que engloba desde grandes produtores até cooperativas, é um dos pilares da economia brasileira, com exportações que ultrapassaram US$ 150 bilhões em 2024, segundo dados da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). As críticas do MST, que associam o setor a problemas ambientais e sociais, contrastam com os avanços em sustentabilidade e tecnologia agrícola, como o uso de bioinsumos e práticas de agricultura de baixo carbono, defendidos pelo setor.
Contexto e Implicações
A 5ª Feira Nacional da Reforma Agrária ocorre em um momento de polarização política no Brasil, com o governo Lula buscando fortalecer laços com movimentos sociais enquanto enfrenta pressões de setores econômicos. O MST, que historicamente defende a reforma agrária e a agricultura familiar, intensificou suas críticas ao agronegócio, apontando o uso excessivo de agrotóxicos e a concentração fundiária como problemas centrais. Contudo, as acusações de envolvimento do setor em tentativas de golpe de Estado, em referência aos eventos de 8 de janeiro de 2023, foram vistas como exageradas por analistas.
A participação de membros do governo no evento reforça a percepção de alinhamento político, mas também levanta questionamentos sobre a imparcialidade do poder público em um debate que envolve interesses econômicos e sociais tão diversos. Enquanto o MST defende a agroecologia e a produção de alimentos orgânicos, o agronegócio argumenta que suas práticas são essenciais para a segurança alimentar e o crescimento econômico do país.
Perspectivas Futuras
A feira expôs a tensão entre dois modelos de agricultura: o da reforma agrária, defendido pelo MST, e o do agronegócio, que domina a produção e exportação. A presença de autoridades federais e o apoio institucional ao MST sugerem que o governo Lula está disposto a priorizar pautas de movimentos sociais, mas o impacto disso nas relações com o setor produtivo rural ainda é incerto. Para analistas, o diálogo entre esses atores será essencial para evitar conflitos e promover uma agenda agrícola inclusiva e sustentável.
A 5ª Feira Nacional da Reforma Agrária, portanto, foi mais do que um espaço de comercialização de produtos orgânicos: foi um palco de disputa política e ideológica, com reflexos que podem influenciar o debate sobre o futuro do campo brasileiro.
Fonte: HoraBrasilia.
Da Redação.
Jornalista
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