Netanyahu x Macron: Tensões crescem no conflito de Gaza

Crise diplomática abala laços entre Israel e França
As relações entre Israel e França, historicamente marcadas por altos e baixos, enfrentam um novo capítulo de tensão em meio ao conflito em Gaza. Em 14 de maio de 2025, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, respondeu duramente às declarações do presidente francês, Emmanuel Macron, acusando-o de apoiar uma “organização terrorista islâmica assassina” e de ecoar “propaganda falsa” contra Israel. A troca de farpas reflete não apenas divergências sobre a guerra em Gaza, mas também uma crise diplomática que pode ter implicações globais. Abaixo, exploramos os principais pontos dessa controvérsia.
Contexto do Conflito em Gaza
O conflito entre Israel e o Hamas, intensificado após o ataque de 7 de outubro de 2023, continua sendo um dos mais devastadores do século. O ataque surpresa do Hamas resultou na morte de 1.205 pessoas, majoritariamente civis, e no sequestro de 251 reféns, incluindo cidadãos franceses. Em retaliação, Israel lançou uma ofensiva militar em Gaza, que, segundo o Ministério da Saúde local, já matou mais de 41.825 pessoas, a maioria civis. A operação também causou deslocamentos massivos e uma crise humanitária, com famílias vivendo em tendas sob condições precárias, conforme relatado pela ONU.
Netanyahu afirmou que Israel luta pela sua existência, com o objetivo de libertar reféns, derrotar o Hamas militarmente e garantir que Gaza não represente mais uma ameaça. No entanto, as táticas militares de Israel, incluindo bombardeios intensos, têm gerado críticas internacionais, especialmente de Macron, que pediu um cessar-fogo e o fim do envio de armas para o conflito.
As Críticas de Macron e a Resposta de Netanyahu
Em recentes declarações, Macron condenou as ações de Israel em Gaza, descrevendo-as como desproporcionais e contrárias ao direito internacional. Ele chegou a afirmar que Israel “semeia a barbárie” e pediu um embargo de armas para evitar a escalada do conflito. Essas palavras geraram forte reação em Israel, com Netanyahu acusando Macron de alinhar-se ao Hamas e de minar a luta de Israel contra o terrorismo. Em comunicado, Netanyahu destacou que entre as vítimas do ataque de 7 de outubro estavam cidadãos franceses, sugerindo que Macron deveria apoiar Israel, um “campo democrático ocidental”, em vez de criticá-lo.
A retórica de Netanyahu reflete uma visão de que qualquer crítica às ações de Israel equivale a apoiar o Hamas, classificado como organização terrorista por Israel, Estados Unidos e União Europeia. Ele também rejeitou apelos por um cessar-fogo, insistindo que Israel não se renderá até alcançar seus objetivos.
Histórico de Tensões entre Macron e Netanyahu
Essa não é a primeira vez que Macron e Netanyahu entram em conflito. Em 2023, Macron criticou os bombardeios israelenses em Gaza, pedindo que Israel respeitasse os civis. Netanyahu respondeu na época que Macron cometeu um “erro factual e moral”. Mais recentemente, a proposta de Macron para um embargo de armas e sua menção à criação de Israel por uma resolução da ONU em 1947 intensificaram as tensões. Netanyahu rebateu, afirmando que a independência de Israel foi conquistada na guerra de 1948-49, e acusou Macron de desrespeitar a história do país.
A comunidade judaica na França, a maior da Europa, também expressou descontentamento com Macron, comparando suas críticas às de Charles de Gaulle durante a Guerra dos Seis Dias, em 1967. A escolha de palavras de Macron, como “barbárie”, foi vista como especialmente ofensiva, aumentando o mal-estar entre Paris e a comunidade judaica local.
Implicações Diplomáticas e Regionais
A crise entre Israel e França ocorre em um momento delicado, com Israel enfrentando múltiplas frentes de conflito, incluindo o Hamas em Gaza, o Hezbollah no Líbano e tensões com o Irã. A postura de Macron, que busca equilibrar o apoio à segurança de Israel com a defesa de uma solução política, reflete a complexidade da posição francesa, que abriga grandes comunidades judaica e muçulmana.
Além disso, a proposta de Macron para um cessar-fogo no Líbano e sua condenação aos ataques israelenses a posições da ONU no sul do país adicionaram lenha à fogueira. Israel, por sua vez, intensificou operações no Líbano, visando neutralizar o Hezbollah, o que resultou em mais de 2.309 mortes no último ano, segundo o governo libanês.
Perspectivas para o Futuro
A troca de acusações entre Macron e Netanyahu revela uma fratura profunda nas relações bilaterais, com implicações para a diplomacia internacional. Enquanto Macron defende uma abordagem multilateral, com foco em negociações e ajuda humanitária, Netanyahu mantém uma postura inflexível, priorizando a vitória militar. A comunidade internacional, incluindo países como o Brasil, que condenou ataques a missões da ONU, continua pressionando por um cessar-fogo, mas as negociações permanecem estagnadas.
O futuro do conflito dependerá de fatores como a pressão dos Estados Unidos, principal aliado de Israel, e a capacidade de mediadores como o Qatar e o Egito de avançarem nas negociações de paz. Por enquanto, a retórica inflamada entre Israel e França apenas intensifica o clima de desconfiança, dificultando a busca por uma solução.
Fonte: Reuters.
Da Redação.
Jornalista
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