Novo Ministro da Previdência Sob Suspeita

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Nomeação de Wolney Queiroz gera polêmica e ações judiciais

A nomeação de Wolney Queiroz Maciel (PDT) como novo ministro da Previdência Social, em substituição a Carlos Lupi, desencadeou uma onda de críticas e questionamentos no cenário político brasileiro. Anunciada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2 de maio de 2025, a escolha de Queiroz, ex-secretário-executivo da pasta e aliado próximo de Lupi, ocorre em meio a um escândalo bilionário envolvendo fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). As denúncias apontam desvios de cerca de R$ 6,5 bilhões de aposentadorias e pensões, com descontos indevidos aplicados por entidades sindicais e associações, segundo investigações da Polícia Federal (PF) e da Controladoria-Geral da União (CGU).

Conexão com Lupi e Proximidade com o Escândalo

Wolney Queiroz, filiado ao PDT desde 1992, era o “braço direito” de Carlos Lupi, ex-ministro da Previdência, que pediu demissão após a Operação Sem Desconto, deflagrada pela PF em 23 de abril de 2025. A operação revelou um esquema de descontos não autorizados que afetou milhões de aposentados e pensionistas, com prejuízos estimados em R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024. Como secretário-executivo, Queiroz ocupava o segundo cargo mais importante da pasta e participava ativamente das decisões administrativas. Sua nomeação levanta suspeitas de que a troca no comando do ministério seja uma manobra para manter a influência de Lupi e abafar o caso.

Um dos pontos mais controversos é a reunião de Queiroz com representantes da Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag) em 11 de julho de 2023. Segundo a CGU, a Contag foi a entidade que reteve o maior volume de valores desviados dos aposentados. O encontro ocorreu um mês após Queiroz participar de uma reunião do Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS), em 12 de junho de 2023, na qual a conselheira Tonia Galleti, do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi), alertou sobre o aumento de denúncias de descontos irregulares. Apesar do alerta, nenhuma medida concreta foi tomada, alimentando acusações de omissão.

Ação Judicial e Críticas da Oposição

A nomeação de Queiroz enfrenta resistência judicial. A senadora Damares Alves (Republicanos-DF) protocolou uma ação popular na Justiça Federal de Brasília (APop 1042389-26.2025.4.01.3400) para impedir sua posse. A parlamentar argumenta que Queiroz, como secretário-executivo, tinha ciência das fraudes e não agiu para proteger os segurados do INSS. “A nomeação mantém no comando da Previdência a mesma estrutura que foi condescendente com os descontos ilegais de mais de R$ 6 bilhões”, afirma Damares na petição. A ação também acusa Lula de cometer um ato administrativo nulo, pedindo que o caso seja encaminhado à Câmara dos Deputados para investigar possível crime de responsabilidade do presidente. A senadora solicita ainda uma multa diária de R$ 1 milhão caso a nomeação seja mantida.

A oposição, liderada por figuras como o deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), classifica a troca como “seis por meia dúzia”. Cavalcante protocolou uma representação na Procuradoria-Geral da República (PGR) pedindo a investigação de Queiroz por possível prevaricação e omissão. “Wolney esteve presente em reuniões onde os alertas foram claros. Sua inação é, no mínimo, suspeita”, declarou o deputado. Parlamentares também articulam a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar as responsabilidades no escândalo.

Repercussão e Desafios à Frente do Ministério

Apesar das críticas, Queiroz assumiu o cargo prometendo “honrar a confiança de Lula e dos aposentados”. Em um vídeo publicado nas redes sociais em 3 de maio, ele afirmou estar “animado” para enfrentar a “tarefa árdua” e disse ter iniciado conversas com a Advocacia-Geral da União (AGU) para discutir a devolução dos valores desviados. A AGU, sob o comando de Jorge Messias, trabalha em um plano de ressarcimento excepcional para as vítimas, conforme anunciado após uma reunião com o novo ministro.

No entanto, a proximidade de Queiroz com Lupi e sua presença em momentos-chave do escândalo alimentam desconfianças sobre sua capacidade de liderar a pasta em meio à crise. A Contag, por sua vez, nega irregularidades e afirma ter denunciado práticas abusivas ao INSS. O Ministério da Previdência e a Contag não comentaram oficialmente as acusações até o momento.

Impacto Político e Social

O escândalo do INSS expõe fragilidades na gestão da Previdência Social e gera indignação entre aposentados e pensionistas, que tiveram seus benefícios reduzidos sem consentimento. A crise política intensifica o desgaste do governo Lula, com a oposição explorando o caso para pressionar por investigações mais amplas. A nomeação de Queiroz, vista por muitos como uma continuidade da gestão anterior, pode dificultar a reconstrução da credibilidade do ministério e do INSS.

Enquanto a Justiça avalia a ação de Damares Alves, o futuro de Queiroz no comando da Previdência permanece incerto. O desfecho do caso dependerá das apurações em curso e da capacidade do governo de responder às demandas por transparência e justiça para os milhões de brasileiros afetados pelas fraudes.

Fontes: Estadão, Metrópoles, Poder360.

Da redação.

Jornalista


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