PF Desmantela Quadrilha de Fraude no INSS em MG

PF Desmantela Quadrilha de Fraude no INSS em MG
Operação Egrégora Expõe Esquema Bilionário
A Polícia Federal (PF) deflagrou, nesta terça-feira (6/5), a Operação Egrégora, em Minas Gerais, para desarticular uma quadrilha especializada em fraudes contra o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A ação, que mobilizou agentes em Belo Horizonte, Contagem e Betim, resultou no cumprimento de três mandados de prisão preventiva e oito de busca e apreensão, expedidos pela 3ª Vara Criminal da Justiça Federal de Belo Horizonte. Com apoio da Coordenação-Geral de Inteligência da Previdência Social (CGINP), a operação revelou um esquema sofisticado que operava há quase duas décadas, causando prejuízos superiores a R$ 11,5 milhões aos cofres públicos.
Modus Operandi da Quadrilha
As investigações apontam que o grupo criminoso utilizava uma rede complexa de falsificação documental para criar identidades fictícias. Certidões de nascimento falsas, carteiras de identidade forjadas e comprovantes de residência fabricados eram usados para registrar pessoas inexistentes como beneficiárias do INSS. O principal alvo das fraudes eram benefícios assistenciais destinados a idosos de baixa renda. A quadrilha usava dez idosos reais como fachada para criar pelo menos 40 identidades falsas, permitindo o recebimento indevido de benefícios. A PF estima que a operação evitou um prejuízo adicional de R$ 5,2 milhões.
Os investigados podem responder por estelionato qualificado e associação criminosa, com penas que, somadas, podem ultrapassar sete anos de prisão. A desarticulação do grupo é um marco no combate a fraudes previdenciárias, que comprometem a sustentabilidade do sistema e prejudicam milhões de beneficiários legítimos.
Flexibilização da Fiscalização e Polêmica Ministerial
A Operação Egrégora ocorre em meio a uma crise política envolvendo o novo ministro da Previdência Social, Wolney Queiroz. Durante seu mandato como deputado federal, Queiroz apoiou uma emenda que reduziu a fiscalização sobre descontos em benefícios do INSS, facilitando fraudes bilionárias. A proposta, aprovada discretamente pelo Congresso, prorrogou o prazo para revalidação anual de descontos em folha, flexibilizando controles instituídos em 2019 pelo governo Bolsonaro. Esses controles exigiam que aposentados e pensionistas renovassem anualmente autorizações para descontos sindicais ou associativos, dificultando a atuação de entidades fraudulentas.
A emenda, endossada por Queiroz e outros parlamentares, foi articulada após lobby de entidades como a Confederação Brasileira de Aposentados e Pensionistas e a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura, hoje sob investigação. O texto justificava a medida com base nas dificuldades impostas pela pandemia de Covid-19, argumentando que o contexto exigia “dilação de prazos”. A flexibilização, no entanto, abriu brechas para cobranças indevidas, movimentando milhões de reais em propina e lavagem de dinheiro.
Contexto Político e Pressão sobre o Governo
Queiroz, que assumiu o Ministério da Previdência em abril de 2025 após a demissão de Carlos Lupi, já integrava a cúpula da pasta como secretário-executivo. Em junho de 2023, ele participou de uma reunião na qual Lupi foi alertado sobre descontos irregulares no INSS. Apesar disso, não há registros de manifestações públicas do ministro sobre as denúncias ou sua participação na emenda que facilitou as fraudes.
O escândalo aumenta a pressão sobre o governo Lula para rever os mecanismos de controle do INSS e punir os responsáveis por irregularidades que afetam aposentados e pensionistas. A falta de transparência na aprovação da emenda e a proximidade de Queiroz com o PDT, partido que também abrange Lupi, intensificam as críticas. Parlamentares e entidades da sociedade civil cobram medidas urgentes para fortalecer a fiscalização e proteger os recursos previdenciários.
Impacto e Próximos Passos
A Operação Egrégora destaca a necessidade de maior rigor no monitoramento de benefícios previdenciários. A PF continua analisando os materiais apreendidos para identificar outros envolvidos no esquema. Enquanto isso, o governo enfrenta o desafio de restaurar a confiança no sistema previdenciário, essencial para milhões de brasileiros. A revisão das regras de fiscalização e a punição exemplar dos responsáveis serão passos cruciais para evitar novos prejuízos e garantir a integridade do INSS.
Da Redação.
Jornalista
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