PF Desmonta Fraude e Separa Renan & Christiano

Esquema de R$ 3,5 bi envolve fake news e atinge dupla sertaneja
A dupla sertaneja Renan & Christiano, de Juiz de Fora (MG), anunciou o fim de sua parceria na sexta-feira (18), em um desdobramento da Operação Teatro Invisível II, deflagrada pela Polícia Federal (PF) na quarta-feira (16). A ação investiga um esquema fraudulento que teria movimentado até R$ 3,5 bilhões por meio de fraudes em licitações, lavagem de dinheiro, obstrução de justiça e uso de caixa dois em campanhas eleitorais de 2024. Christiano Almeida Leite, um dos integrantes da dupla, foi alvo de mandados de busca e apreensão, o que culminou na decisão de encerrar a trajetória conjunta. Renan seguirá carreira solo, mantendo a agenda de shows, enquanto Christiano se afastará dos palcos.
A Operação Teatro Invisível II, conduzida pela PF do Rio de Janeiro, revelou um esquema sofisticado de desinformação que operava durante períodos eleitorais. Segundo as investigações, atores eram contratados para encenar diálogos em locais de grande circulação, como pontos de ônibus e mercados, com o objetivo de manipular a opinião pública e desmoralizar candidatos adversários. Esses “teatros de rua” eram financiados por contratos suspeitos firmados com prefeituras, especialmente em cidades como Cabo Frio, Itaguaí, Mangaratiba e São João de Meriti, no Rio de Janeiro. A PF cumpriu dez mandados de busca e apreensão, incluindo dois em imóveis ligados a Christiano em Juiz de Fora, além de outras ações no Rio de Janeiro. A Justiça determinou o bloqueio de R$ 3,5 bilhões nas contas dos investigados e a suspensão das atividades de oito empresas envolvidas.
A nota oficial da dupla, publicada nas redes sociais, destacou que o projeto Renan & Christiano entra em “uma nova fase”. “Christiano se despede dos palcos, e o cantor Renan seguirá com a agenda de shows e novos projetos, dando continuidade ao trabalho com dedicação e comprometimento”, diz o comunicado, que agradece o apoio dos fãs. A decisão veio dias após a operação da PF, que também teve como alvos figuras políticas, como o prefeito de Cabo Frio, Dr. Serginho (PL), e o deputado estadual Valdecy da Saúde (PL), candidato derrotado em São João de Meriti.
As investigações apontam que o grupo criminoso destruía provas, principalmente em meios digitais, para evitar responsabilização. Além disso, foram identificadas transações ilegais envolvendo contas de passagem, uso de dinheiro em espécie e aquisição de bens de alto valor, o que reforça as acusações de lavagem de dinheiro. A PF também encontrou indícios de recursos não declarados à Justiça Eleitoral, utilizados para favorecer candidatos nas eleições municipais de 2024. Se condenados, os investigados podem enfrentar penas que, somadas, ultrapassam 27 anos de prisão.
A defesa de Christiano, representada pelo advogado João Carlos Torres Quirino, informou que o inquérito tramita sob sigilo, o que impede acesso completo às acusações. “Estamos averiguando diretamente nos autos quais são os fatos imputados”, declarou o advogado, segundo o G1. Christiano optou por não se pronunciar publicamente, e a dupla não detalhou se a separação está diretamente ligada às investigações.
O caso representa uma nova fronteira no combate à desinformação eleitoral no Brasil, segundo especialistas. A fusão de táticas digitais e físicas, como os “teatros de rua”, torna o rastreamento dessas práticas mais complexo. A Operação Teatro Invisível II é um desdobramento de uma ação anterior, deflagrada em setembro de 2024, que prendeu quatro pessoas por propagar fake news em campanhas eleitorais desde 2016, influenciando pelo menos três pleitos municipais em 13 cidades do Rio de Janeiro.
A separação de Renan & Christiano marca o fim de uma das duplas mais tradicionais de Juiz de Fora, deixando fãs surpresos e o meio sertanejo em luto por mais um capítulo encerrado. Enquanto Renan planeja novos projetos, o futuro de Christiano permanece incerto, à espera de desdobramentos judiciais.
Da Redação.
Jornalista
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