Sétimo “Preso Político” do 8/1 Morre em Cuiabá

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Leucemia vitima Marco Aurélio Gonçalves Pedroso, aos 60 anos

No último dia 20 de abril de 2025, faleceu em Cuiabá (MT) Marco Aurélio Gonçalves Pedroso, de 60 anos, vítima de leucemia. Ele é apontado como o sétimo “preso político” relacionado aos eventos de 8 de janeiro de 2023, quando manifestantes invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes em Brasília. Pedroso respondia à Ação Penal 1538 no Supremo Tribunal Federal (STF) e havia firmado um Acordo de Não Persecução Penal (ANPP) em agosto de 2024, o que permitiu que respondesse ao processo em liberdade, com medidas cautelares.

A morte de Pedroso engrossa a lista de sete indivíduos que participaram da manifestação e faleceram desde então: Antônio Marques da Silva, Clériston Pereira da Cunha, Giovanni Carlos dos Santos, Eder Aparecido Jacinto, Kleber Freitas, Jony Figueiredo da Silva e agora Marco Aurélio. Esses nomes têm sido associados por apoiadores à narrativa de “perseguição política” contra os manifestantes, que, segundo eles, lutavam por ideais patrióticos. No entanto, as circunstâncias de suas mortes variam, e a relação direta com a prisão ou os processos judiciais nem sempre é clara.

Os eventos de 8 de janeiro resultaram na prisão de mais de duas mil pessoas, acusadas de crimes como abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, associação criminosa armada, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado. A condução dos processos, liderada pelo ministro Alexandre de Moraes, tem sido alvo de críticas por parte de parlamentares e setores da sociedade, que alegam excessos, como prisões preventivas prolongadas e falta de individualização das condutas. Um ofício assinado por quase 70 parlamentares, majoritariamente do PL, questionou a manutenção de prisões mesmo com pareceres favoráveis do Ministério Público Federal à soltura de alguns réus.

Marco Aurélio, assim como outros, foi acusado de participar dos atos que culminaram na invasão do Congresso, do Palácio do Planalto e do STF. Segundo a denúncia do Ministério Público Federal, os manifestantes buscavam “implantar um governo militar” e “depor o governo legitimamente constituído”. Contudo, a defesa de muitos réus, incluindo a de Pedroso, argumentou que as manifestações eram inicialmente pacíficas e que os envolvidos não tinham intenção de atos violentos, mas foram surpreendidos pela escalada dos eventos.

A morte de Clériston Pereira da Cunha, em novembro de 2023, na Penitenciária da Papuda, é frequentemente citada como exemplo de suposto descaso judicial. Cunha, que sofria de diabetes, hipertensão e vasculite, faleceu após um mal súbito, apesar de laudos médicos apontarem seu estado de saúde fragilizado e de um parecer da Procuradoria-Geral da República (PGR) favorável à sua liberdade. A família de Cunha e a Associação dos Familiares e Vítimas do 8 de Janeiro (Asfav) acusaram o STF de negligência, intensificando o discurso de “mártir” entre bolsonaristas.

No caso de Pedroso, sua leucemia foi um fator determinante para o desfecho, mas apoiadores nas redes sociais têm vinculado sua morte ao estresse e às condições enfrentadas durante o processo judicial. A narrativa de “presos políticos” ganhou força em atos organizados por lideranças como o ex-presidente Jair Bolsonaro, que, em eventos como o de 16 de março de 2025 no Rio de Janeiro, pediu anistia aos condenados. Um projeto de lei nesse sentido tramita na Câmara, mas enfrenta resistências.

A polarização em torno do 8 de janeiro continua a dividir o Brasil. De um lado, defensores da punição rigorosa argumentam que os atos representaram um ataque à democracia, exigindo respostas firmes do Judiciário. De outro, críticos do STF alegam que as prisões e condenações violam direitos fundamentais, como a presunção de inocência e o direito à liberdade, especialmente para réus com saúde fragilizada. Enquanto isso, as famílias dos falecidos, como a de Marco Aurélio, clamam por justiça e lamentam a perda de entes queridos em meio a um processo judicial inconcluso.

A morte de Pedroso reacende o debate sobre o equilíbrio entre justiça e humanidade no trato dos réus do 8 de janeiro. Resta saber se o STF revisará sua abordagem ou se a narrativa de “perseguição” continuará a mobilizar setores da sociedade brasileira.

Fontes: Agência Brasil

Da Redação.

Jornalista


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