A missão da ONU, que investiga crimes do regime iraniano para conter protestos de mulhes em 2023, alertou que dezenas de pessoas ainda permanecem presas e em risco de execução sumária no Irã.
Uma missão internacional de investigação, estabelecida pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU, concluiu que o regime iraniano cometeu crimes contra a humanidade durante a repressão aos protestos que eclodiram em setembro de 2022. Os protestos foram desencadeados pela morte de Mahsa Amini, uma jovem que estava presa por ser acusada de usar o véu islâmico de forma incorreta.
Segundo dados confiáveis citados pela equipe de investigação, até 551 manifestantes perderam a vida nas mãos das forças de segurança, sendo 49 mulheres e 68 menores entre eles, a maioria vítima de disparos.
No primeiro relatório apresentado à ONU no dia de ontem (08/03), a missão documentou execuções extrajudiciais, desaparecimentos forçados, violações, tortura e um uso desproporcional da força por parte de autoridades iranianas.
A morte de Mahsa Amini, de 22 anos e de origem curdo-iraniana, desencadeou uma onda de protestos e indignação, levando mulheres às ruas em todo o país em uma demonstração sem precedentes pela ampliação de seus direitos.
A Missão descobriu que a perseguição por motivos de gênero se entrelaçou com a discriminação étnica e religiosa, com o regime empregando todo o aparato estatal para reprimir os protestos.
Sobre o caso de Amini, os peritos concluíram que sua morte resultou da violência sofrida sob custódia, com o regime tentando encobrir os fatos negando acesso à justiça para a vítima e seus familiares.
Quanto à violência durante os protestos, o relatório indica que as forças de segurança causaram ferimentos graves aos manifestantes, incluindo cegueira, e praticaram atos bárbaros, como estupros coletivos e tortura.
A missão da ONU também constatou a execução arbitrária de pelo menos nove jovens entre dezembro de 2022 e janeiro de 2024, após julgamentos sumários baseados em confissões obtidas sob tortura.
As investigações revelaram que autoridades de alto escalão encorajaram e justificaram as violações dos direitos humanos para reprimir os protestos, apresentando os manifestantes como separatistas ou agentes estrangeiros.
A missão alertou que dezenas de pessoas permanecem em risco de execução em conexão com os protestos e pede que as autoridades iranianas a suspenderem as sentenças e libertarem os manifestantes e seus apoiadores.
Diante da impunidade evidente no Irã, a missão da ONU clama a comunidade internacional a aplicar a jurisdição universal de todos os crimes contra a humanidade em questão e a oferecer proteção aos iranianos perseguidos pelo regime, por meio de status de refugiado ou vistos humanitários.