20 de dezembro de 2024 11:05
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Em abril deste ano, o jornal oficial do regime chinês, PLA Daily, acusou os Estados Unidos de "militarizar o espaço"

Em abril deste ano, o jornal oficial do regime chinês, PLA Daily, acusou os Estados Unidos de “militarizar o espaço” e porr isso o Partido Comunista Chinês (PCCh) não ficou alheio aos avanços dos americanos.

A China deu um passo significativo em sua corrida espacial ao lançar um conjunto de satélites de órbita baixa, em uma tentativa clara de desafiar a hegemonia dos Estados Unidos no espaço, especificamente o sistema Starlink da SpaceX.

O lançamento, ocorrido no dia 6 de agosto, envolveu o envio de 18 satélites ao espaço pela Shanghai Yuxin Satellite Technology Company, estatal chinesa. Esses satélites são parte de uma constelação batizada de “Qianfan”, que significa “mil velas”. A previsão é de que essa constelação alcance um total de 14.000 satélites, fornecendo uma gama de serviços, incluindo conectividade direta aos dispositivos. Metade dessa frota deve ser lançada até o fim de 2025, com o restante programado para 2027.

A Starlink, que pertence à SpaceX de Elon Musk, já se estabeleceu como a maior rede de satélites de órbita baixa do mundo, com cerca de 7.000 satélites em operação, sendo um elemento crucial no apoio à Ucrânia em sua guerra contra a Rússia. O Departamento de Defesa dos EUA, reconhecendo a importância estratégica dessa infraestrutura, firmou um contrato com a SpaceX em 2021 para o desenvolvimento do Starshield, uma rede dedicada às agências de defesa e inteligência americanas.

O Partido Comunista Chinês (PCCh) não ficou alheio ao avanço americano. Em abril deste ano, o jornal oficial do Exército de Libertação Popular (PLA), o PLA Daily, acusou os Estados Unidos de “militarizar o espaço”. Pesquisadores militares chineses já haviam alertado em 2022 sobre os potenciais perigos que a rede Starlink representa para a China, sugerindo a necessidade de desenvolver contramedidas, como a capacidade de desativar satélites específicos do Starlink e interferir em sua operação.

Em 2022, cientistas da Universidade de Engenharia Aeroespacial, ligada ao PLA, propuseram métodos para neutralizar as comunicações do Starlink e do Starshield, incluindo o uso de interferência eletromagnética e tecnologia de microondas ou lasers de alta potência para danificar ou destruir satélites específicos.

Publicações chinesas também têm analisado o uso das tecnologias americanas, como o Starlink, em conflitos futuros, como uma eventual guerra contra Taiwan, conforme reportado pela Reuters em 2023. O general Stephen N. Whiting, do Comando Espacial dos EUA, afirmou em abril que os avanços da China no espaço têm sido “impressionantemente rápidos”.

O projeto Qianfan não é a primeira tentativa do PCCh de construir uma constelação de satélites. Em 2019, a China se viu ameaçada pela introdução do Starlink, que poderia contornar as rígidas censuras de internet do país. Elon Musk chegou a declarar que o governo chinês havia solicitado que ele não comercializasse o Starlink na China.

Em resposta, o Partido Comunista Chinês (PCCh) apresentou o plano “GW” (Guo Wang), que visa lançar cerca de 13.000 satélites em órbita baixa. No entanto, o progresso desse projeto foi lento, e a constelação Qianfan surgiu como uma alternativa para preencher essa lacuna.

O uso da Órbita Terrestre Baixa (LEO) e das frequências atribuídas pela União Internacional de Telecomunicações (UIT) torna a constelação Qianfan uma ferramenta estratégica para a China, devido às vantagens em termos de imagem, comunicações e compartilhamento de informações em tempo real, especialmente em cenários de combate.

Si-Fu Ou, pesquisador sênior do Instituto de Defesa Nacional e Pesquisa de Segurança de Taiwan, afirmou que o desenvolvimento da constelação Qianfan é claramente motivado por fins militares, mas ressaltou que, apesar dos avanços, é improvável que a China consiga igualar a superioridade tecnológica e militar dos Estados Unidos no curto prazo.

Tsungnan Lin, professor de engenharia elétrica na Universidade Nacional de Taiwan, comentou que os investimentos chineses no projeto Qianfan refletem as ambições do regime de desenvolver seu próprio “Starlink chinês”, mesmo diante da atual crise econômica no país, marcada por deflação, queda nas exportações e altos níveis de endividamento no setor imobiliário e em governos locais.

Com Informaçõesda Revista Exilio.

Da Redação.

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