“Batimentos” da Terra Podem Criar Novo Oceano na África

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A lava do vulcão Erta Ale, na Etiópia, tem uma composição química sutilmente diferente da lava de milhões de anos atrás, como resultado de pulsos nas profundezas do manto. Crédito: Derek Keir/Universidade de Southampton/Universidade de Florença

Pulsos subterrâneos revelam segredos da formação do planeta

Um Fenômeno Subterrâneo que Pode Redesenhar a África

Geólogos de todo o mundo estão fascinados com uma descoberta recente na região de Afar, na Etiópia: a Terra parece ter um “batimento cardíaco”. Um estudo publicado em 25 de junho de 2025 na revista Nature Geoscience revelou que pulsos rítmicos provenientes de uma pluma do manto, uma colossal coluna de rocha quente que emerge das profundezas do planeta, estão gradualmente fragmentando o continente africano. Esse processo, que ocorre ao longo de milhões de anos, pode culminar na formação de um novo oceano, transformando a geografia do planeta.

A pesquisa, liderada pela geóloga Emma Watts, da Universidade de Southampton, na Inglaterra, analisou a composição química de 130 amostras de rochas vulcânicas formadas nos últimos 2,6 milhões de anos na região de Afar. Comparando essas rochas com amostras mais antigas, os cientistas identificaram variações químicas que sugerem um comportamento rítmico no manto terrestre. “O manto sob Afar não é uniforme. Ele pulsa, trazendo materiais com assinaturas químicas distintas ao longo do tempo”, explica Watts. Esse movimento pulsante, comparado por pesquisadores a um “batimento cardíaco”, é responsável por canalizar magma através de fendas tectônicas, influenciando vulcões, terremotos e a separação gradual do continente.

Imagem microscópica de uma fina lasca de uma das rochas vulcânicas de Afar, Etiópia. Crédito: Emma Watts/Universidade de Southampton/Universidade de Swansea

O que é a Pluma do Manto?

As plumas do manto são fluxos de material extremamente quente que sobem de profundidades próximas à fronteira entre o manto e o núcleo da Terra, a cerca de 2.900 km abaixo da superfície. Quando alcançam a crosta terrestre, essas plumas podem desencadear intensa atividade vulcânica. Embora esse fenômeno seja comum em regiões oceânicas, como no Havaí, a pluma de Afar é única por atravessar a crosta continental, que é significativamente mais espessa. Essa característica torna a região de Afar um laboratório natural para estudar a interação entre o interior da Terra e sua superfície.

Na região de Afar, três grandes fendas tectônicas convergem, formando um ponto de intensa atividade geológica. Essas fendas são rachaduras na crosta terrestre causadas pelo afastamento das placas tectônicas, um processo conhecido como rifteamento. O estudo revelou que os pulsos do manto canalizam magma para essas fendas, alimentando vulcões e contribuindo para a separação do continente africano. “É como se a Terra estivesse respirando, e cada pulso trouxesse um novo fluxo de material que molda a superfície”, compara o professor Tom Gernon, coautor do estudo.

Fluxos de lava basáltica fresca na região de Afar, na Etiópia. Crédito: Derek Keir/Universidade de Southampton/Universidade de Florença

Um “Batimento Cardíaco” Único

A singularidade do fenômeno em Afar está na sua natureza rítmica. Ao contrário de outras regiões, como o Havaí, onde as variações químicas nas rochas vulcânicas ocorrem mais espacialmente, em Afar elas se manifestam ao longo do tempo. Isso sugere que o manto sob a região é heterogêneo, com diferentes composições químicas que se alternam em ciclos. Essas variações são resultado de processos antigos, como a reciclagem de material pela tectônica de placas e a preservação de áreas intocadas desde a formação ADEO formação da Terra.

O fluxo do manto em Afar também se move lateralmente sob as placas tectônicas, concentrando a atividade vulcânica onde a crosta é mais fina, como no Mar Vermelho. “Onde as placas se afastam mais rápido, os pulsos do manto fluem com mais regularidade, como um batimento cardíaco aceler accelerated”, explica Gernon. Essa dinâmica intensifica a atividade geológica na região, incluindo terremotos e erupções vulcânicas.

Impactos Globais e Futuras Descobertas

Embora o fenômeno seja particularmente pronunciado em Afar, pulsos semelhantes já foram observados em outras partes do mundo, como nas Ilhas Canárias. No entanto, a escala e a regularidade dos pulsos em Afar são únicas, tornando a região um ponto focal para os geólogos. Derek Keir, outro pesquisador da equipe, destaca que esses pulsos influenciam diretamente a formação de novos continentes e oceanos. “O que estamos vendo em Afar pode ser um vislumbre do futuro geológico da Terra”, afirma Keir.

Professor Tom Gernon coletando amostras de depósitos vulcânicos no vulcão Boset, no Rift Etíope Principal. Crédito: Thomas Gernon/Universidade de Southampton

Os próximos passos da pesquisa incluem investigar a velocidade desses fluxos de manto e seus impactos a longo prazo. Os cientistas esperam compreender melhor como esses pulsos afetarão a formação de novas bacias oceânicas e como eles interagem com a superfície em outras regiões do planeta. A descoberta reforça a ideia de que a Terra é um sistema dinâmico, em constante transformação, impulsionado por forças profundas e invisíveis.

Um Futuro Oceano na África?

O processo de rifteamento em Afar é tão significativo que, em milhões de anos, pode dividir o continente africano, permitindo que o mar invada a região e forme um novo oceano. Embora esse cenário esteja distante no tempo geológico, ele destaca a força transformadora dos “batimentos cardíacos” da Terra. A pesquisa não apenas amplia nosso entendimento sobre a geologia do planeta, mas também nos lembra da natureza viva e pulsante do nosso mundo.


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Fonte: Olhar Digital e estudo publicado na Nature Geoscience.

Da Redação.

Jornalista


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