Bolsonaro reúne 1,2 milhões em ato na Paulista

Ex-presidente busca a anistia já para os envolvido no 8 de janeiro contra STF
Em discurso durante manifestação realizada neste domingo (29) na Avenida Paulista, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) fez uma declaração controversa ao afirmar que “o objetivo não é prender, é eliminar”, referindo-se aos processos judiciais que enfrenta no Supremo Tribunal Federal (STF). O ato, organizado pelo pastor Silas Malafaia sob o tema “Justiça Já”, reuniu aproximadamente 1,2 milhões de pessoas segundo estimativa da USP.
A manifestação marca a segunda mobilização de grande porte organizada por Bolsonaro na capital paulista em 2025, sendo menor que o ato de abril que reuniu quase 600 mil pessoas. Durante seu discurso, o ex-presidente adotou um tom mais combativo ao abordar as investigações que o envolvem, especialmente o inquérito sobre suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.
“Tenho certeza de que o objetivo final não é apenas me prender — é me eliminar. Logicamente, não quero ser preso nem morrer, mas não posso fugir da minha responsabilidade, da verdade, da minha palavra com vocês. Estaria muito bem se estivesse do outro lado, mas não estou. Estou do lado de Deus, da Pátria, da Família e da Liberdade”, declarou Bolsonaro aos apoiadores.
Estratégia política para 2026
Aproveitando o púlpito, o ex-presidente delineou sua estratégia política para as eleições de 2026, focando na conquista de maioria no Congresso Nacional. Bolsonaro defendeu a união da direita para controlar decisões estratégicas do país, independentemente de quem ocupar a Presidência da República.
“Se vocês me derem, nas eleições do ano que vem, 50% da Câmara e 50% do Senado — com Republicanos, PSD, PP, PL, União Brasil —, o destino do Brasil estará em nossas mãos. Com essa maioria, elegeremos o presidente da Câmara, o presidente do Senado, o presidente do Congresso Nacional e controlaremos as comissões mais importantes da Câmara e do Senado”, afirmou.
A declaração ganha relevância considerando que Bolsonaro está inelegível até 2030, cenário que o leva a concentrar esforços na eleição de aliados para o Legislativo, com vistas a avançar em pautas como pedidos de anistia e até mesmo cassação de ministros do STF.
Presença de governadores e parlamentares aliados
O ato contou com a participação de importantes lideranças políticas alinhadas ao ex-presidente, incluindo os governadores Tarcísio de Freitas (São Paulo), Romeu Zema (Minas Gerais), Jorginho Melo (Santa Catarina) e Cláudio Castro (Rio de Janeiro). A presença de governadores estaduais demonstra a manutenção da base de apoio político de Bolsonaro em importantes estados brasileiros.
Entre os parlamentares presentes estavam a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, os deputados Luciano Zucco (PL-RS), Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), Bia Kicis (PL-DF), Gustavo Gayer (PL-GO), Marco Feliciano (PL-SP), Carol De Torni (PL-SC), Marcel van Hatten (Novo-RS), André Fernandes (PL-CE) e Mário Frias (PL-SP). Os senadores Flávio Bolsonaro (PL-RJ), Magno Malta (PL-ES), Rogério Marinho (PL-RN), Carlos Portinho (PL-RJ) e Jorge Seif (PL-SC) também participaram.
Críticas ao sistema judiciário
Os discursos dos parlamentares presentes seguiram uma linha comum de crítica ao que classificaram como “perseguição política” contra Bolsonaro. O senador Flávio Bolsonaro foi enfático ao defender o pai: “Todos sabemos que Bolsonaro não está sendo submetido a um julgamento, mas sim a uma inquisição, com um juiz que atua como parte”.
A deputada Bia Kicis ampliou as críticas ao sistema judiciário: “Não existe mais justiça no Brasil, não existe mais ordenamento jurídico. O devido processo legal, o direito à defesa… nada disso é respeitado. A prova disso é esse processo ridículo e fantasioso sobre um golpe que nunca existiu”.
O deputado Gustavo Gayer apresentou uma interpretação particular sobre os objetivos dos processos contra Bolsonaro: “A vontade do sistema não é prender ele, é prender a nós. Só que ele é um obstáculo. Ele é a pedra que impede que eles nos alcancem”.
Malafaia acusa Moraes por morte de fiel
Em um dos momentos mais tensos do evento, o pastor Silas Malafaia fez acusações diretas contra o ministro Alexandre de Moraes, responsabilizando-o pela morte de um membro de sua igreja. Malafaia mencionou o caso de “Clezão”, que segundo ele morreu por problemas cardíacos após ser preso em meio aos protestos de 8 de janeiro.
“Aqui tem sangue na mão de Alexandre de Moraes. Ditador, você vai prestar contas a Deus. O sangue desse justo clama diante de Deus. Deus fará justiça”, declarou o pastor, demonstrando o acirramento do discurso contra as instituições judiciárias.
O pastor também criticou as condenações relacionadas aos atos de 8 de janeiro: “Na sexta-feira, condenaram um homem a 18 anos de prisão por ter sentado na cadeira de um ministro. Que injustiça é essa, Brasil?”.
Tarcísio reafirma apoio a Bolsonaro
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, utilizou seu discurso para reafirmar o apoio ao ex-presidente e criticar tentativas de impedir sua candidatura. “Não há democracia quando se tira uma pessoa das urnas. Podem tentar tirá-lo das eleições, mas nunca vão tirá-lo do coração do povo”, declarou.
Tarcísio também associou a prosperidade do país à união do grupo político ligado a Bolsonaro: “A esperança vai voltar. A prosperidade vai voltar. E ela vai voltar porque estamos juntos, porque esse grupo está unido, porque nossos corações estão ligados e queremos o melhor para o Brasil”.
Contexto político atual
A manifestação ocorre em um momento delicado para Bolsonaro, que enfrenta múltiplas investigações no STF, incluindo o inquérito sobre suposta tentativa de golpe de Estado. O ato foi organizado como reação ao julgamento de Bolsonaro no STF, onde o ex-presidente é acusado de envolvimento na tentativa de golpe após as eleições de 2022.
O evento também reflete a estratégia do ex-presidente de manter mobilização popular como forma de exercer pressão política sobre as instituições, ao mesmo tempo em que constrói narrativas de vitimização que podem influenciar a opinião pública e seus apoiadores.
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Fonte: Poder360, Gazeta do Povo.
Da Redação.
Jornalista
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