Brasil à Beira de Perder Todos os Jumentos até 2030

Demanda chinesa por colágeno ameaça espécie secular
O Brasil enfrenta uma crise silenciosa que pode resultar no desaparecimento completo de uma espécie que há séculos faz parte da identidade nacional: o jumento. A população desses animais despencou de 1,3 milhão em 1996 para apenas 78 mil em 2025, representando uma queda alarmante de 94% em menos de três décadas.
Os dados foram apresentados durante o 3º Workshop Jumentos do Brasil, realizado em Maceió na semana passada, e revelam uma realidade preocupante: mantido o ritmo atual de abates, a espécie “não chegaria a 2030” no Brasil, segundo alertas de pesquisadores da Universidade Federal de Alagoas (UFAL).
A Raiz do Problema: Medicina Tradicional Chinesa
A principal causa é a crescente demanda da China pela gelatina eijao, colágeno extraído da pele desses animais e utilizado na medicina tradicional chinesa. Este produto, valorizado por seus supostos efeitos terapêuticos – embora sem comprovação científica consolidada – tem gerado uma pressão comercial sem precedentes sobre os rebanhos mundiais de jumentos.
A organização internacional The Donkey Sanctuary documentou que a demanda global por eijao cresceu 160% entre 2016 e 2021. Os números são impressionantes: em 2021, foram abatidos 5,6 milhões de jumentos no mundo, e a estimativa é que, em 2027, serão abatidos 6,8 milhões de jumentos.
Um Modelo Insustentável de Exploração
De acordo com a Frente Nacional de Defesa dos Jumentos, o país não possui fazendas de reprodução desses animais, o que torna a atividade de abate essencialmente extrativista. Esta característica define o cerne do problema: os jumentos são capturados, muitas vezes de forma irregular, e levados a abatedouros.
Dados do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) indicam que, entre 2018 e 2024, aproximadamente 248 mil jumentos foram abatidos, com maior concentração na Bahia, onde operam os três frigoríficos autorizados pelo Serviço de Inspeção Federal (SIF) para esse tipo de abate.
Características Biológicas Agravantes
A situação se torna ainda mais crítica quando consideramos as características reprodutivas dos jumentos. Segundo a médica-veterinária Patrícia Tatemoto, que coordena a campanha da The Donkey Sanctuary no Brasil, a gestação desses animais dura 12 meses e o tempo de maturação para o abate gira em torno de 3 anos, fatores que elevam significativamente os custos para criação em fazendas comerciais.
O jumento nordestino possui um perfil genético único, adaptado ao semiárido brasileiro, o que torna sua perda ainda mais irreversível. Com uma população tão reduzida, os especialistas alertam que os programas de reprodução precisariam ser implementados imediatamente para evitar a extinção.
Impactos Sociais e Econômicos
A extinção dos jumentos no Brasil não representará apenas uma perda ambiental, mas também social e econômica. Esses animais desempenham papel fundamental na agricultura familiar, especialmente no Nordeste, atuando em locais de difícil acesso, como lavouras de cacau em pequenas propriedades.
“São animais que atuam em locais de difícil acesso, como lavouras de cacau em pequenas propriedades, mas além de sua função econômica, têm ainda outros potenciais. São, ainda, excelentes animais de criação para companhia, pois, embora sejam grandes, são muito dóceis e inteligentes”, destaca Patrícia Tatemoto.
Além disso, o jumento é essencial para o transporte de água em localidades mais pobres da região Nordeste, onde a infraestrutura ainda é limitada. Sua ausência impactaria diretamente a qualidade de vida dessas comunidades.
Perda Cultural Incalculável
A extinção dos jumentos também representa uma perda cultural profunda. Esses animais são parte integrante do imaginário nordestino, associados ao trabalho no campo e à religiosidade popular. Sua presença é marcante em festas, músicas e tradições do sertão, constituindo um elemento identitário das comunidades rurais.
O folclore brasileiro, a literatura de cordel e as manifestações culturais regionais perderiam um de seus símbolos mais representativos, empobrecendo o patrimônio cultural nacional de forma irreversível.
Perspectivas e Soluções
Pierre Barnabé Escodro, professor de Medicina Veterinária, Inovação e Empreendedorismo da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), faz parte da rede de pesquisadores que têm alertado sobre o risco e busca soluções para reverter este cenário alarmante.
Os especialistas reunidos em Maceió discutem a necessidade urgente de políticas públicas que incentivem a criação responsável de jumentos, regulamentem o comércio e combatam práticas irregulares de captura. A implementação de fazendas de reprodução e programas de conservação genética são apontados como medidas essenciais.
A situação dos jumentos brasileiros serve como um alerta sobre os impactos da demanda internacional desregulada sobre espécies locais. Sem ação imediata, o Brasil perderá não apenas uma espécie animal, mas também parte de sua história, cultura e identidade rural.
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Fonte: Matéria desenvolvida com base em informações do 3º Workshop Jumentos do Brasil (Maceió, 2025), dados do Ministério da Agricultura e Pecuária, The Donkey Sanctuary, FAO, IBGE e Frente Nacional de Defesa dos Jumentos.
Da Redação.
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