Trump Ameaça Países do Brics com Tarifas de 10%

Cúpula no Rio de Janeiro é palco de tensões comerciais
Em meio à Cúpula do Brics, realizada no Rio de Janeiro até esta segunda-feira (7), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reacendeu tensões comerciais ao anunciar, em sua rede social Truth Social, a imposição de uma tarifa adicional de 10% sobre produtos de “qualquer país que se alinhe às políticas antiamericanas do Brics”. A declaração, publicada na noite de domingo (6), não especificou quais nações seriam afetadas nem detalhou o que Trump considera como “políticas antiamericanas”. A ameaça ocorre em um momento crucial, enquanto líderes do bloco – que inclui Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, além de novos membros como Arábia Saudita, Irã, Emirados Árabes, Indonésia, Egito e Etiópia – discutem estratégias para fortalecer o multilateralismo e reduzir a dependência do dólar no comércio internacional.
Contexto da Ameaça
A nova declaração de Trump não é a primeira ofensiva contra o Brics. Desde o início de 2025, o presidente americano tem adotado uma postura agressiva em relação ao bloco, especialmente diante das discussões sobre a desdolarização, uma das prioridades do grupo. Em novembro de 2024, Trump ameaçou impor tarifas de até 100% caso o Brics criasse uma moeda alternativa ao dólar, uma medida que, segundo ele, protegeria a economia americana. A proposta de desdolarização, defendida por figuras como a presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), Dilma Rousseff, busca reduzir a influência dos EUA no comércio global, o que é percebido como uma ameaça direta por Washington.
Durante a cúpula no Rio, os líderes do Brics divulgaram uma declaração conjunta criticando medidas protecionistas unilaterais, sem citar diretamente os EUA. O documento destacou “sérias preocupações” com o aumento de tarifas que distorcem o comércio global e reafirmou o compromisso com um sistema multilateral baseado em regras, com a Organização Mundial do Comércio (OMC) como referência. O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, comparou o Brics ao Movimento dos Não-Alinhados da Guerra Fria, enfatizando a busca por autonomia em um cenário de “colapso do multilateralismo”.
Impactos Potenciais das Tarifas
A ameaça de Trump, que entraria em vigor a partir de 1º de agosto, segundo o Secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, pode ter consequências significativas para as economias do Brics, que representam cerca de 40% do PIB global e mais da metade da população mundial. Países como Brasil e Índia, que mantêm relações comerciais robustas com os EUA, podem enfrentar dilemas, já que a tarifa adicional elevaria o custo de suas exportações. A China, por sua vez, reagiu por meio da porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Mao Ning, que afirmou que o Brics não busca confronto com os EUA, mas sim cooperação entre nações emergentes.
A ausência de clareza sobre o que constitui “políticas antiamericanas” gera incerteza. Especialistas apontam que a vagueza da declaração pode ser uma estratégia para pressionar países a negociar acordos comerciais bilaterais com os EUA antes do prazo de 9 de julho. Até o momento, apenas Reino Unido e Vietnã selaram pactos comerciais com Washington, enquanto outros, como a Indonésia, intensificam negociações para evitar as tarifas.
Reações e Tensões Geopolíticas
A cúpula do Rio também abordou questões sensíveis, como os conflitos no Oriente Médio e a guerra na Ucrânia, mas evitou menções diretas a atores como EUA, Israel ou Rússia, sinalizando um esforço para manter uma postura não confrontacional. A condenação genérica de ataques ao Irã e o silêncio sobre a Ucrânia refletem as divergências internas do bloco, especialmente após a recente expansão, que incluiu nações com perspectivas políticas distintas.
A ameaça de Trump intensifica o debate sobre o papel do Brics como contrapeso às potências ocidentais. Para o economista Paulo Nogueira Batista Jr., ex-vice-presidente do NBD, a dominância do dólar no sistema financeiro global é “disfuncional” e usada como arma geopolítica, o que reforça a busca do Brics por alternativas. Contudo, ele alerta que nem todos os membros, como a Índia, estão dispostos a confrontar diretamente os EUA.
O Futuro do Comércio Global
Com o prazo de 9 de julho se aproximando, a pressão de Trump pode forçar os países do Brics a reavaliarem suas estratégias. A China, maior economia do bloco, já sinalizou que guerras comerciais “não têm vencedores”, enquanto o Brasil, que assumirá a presidência do Brics em 2025, busca fortalecer o NBD e promover transações em moedas locais. A escalada protecionista de Trump, no entanto, ameaça desestabilizar cadeias globais de suprimento, especialmente em setores dominados pela China, como veículos elétricos e terras raras.
A cúpula do Rio de Janeiro termina sob o peso das tensões comerciais e geopolíticas. A habilidade do Brics em navegar essas pressões determinará seu papel como força alternativa no cenário global. Enquanto isso, a ameaça de tarifas adicionais de Trump reforça a percepção de um mundo cada vez mais polarizado, onde o multilateralismo enfrenta desafios crescentes.
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Fonte: Jornal Cidade On-line, CNN Brasil, Agência Brasil, VEJA, e BBC News Brasil.
Da Redação.
Jornalista
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