BB tenta se blindar contra sanções americanas

Banco estuda transferir operações em dólar após Lei Magnitsky atingir ministro do STF
Instituição estuda medidas para proteger operações internacionais da Lei Magnitsky após sanções aos ministros do STF
O Banco do Brasil, maior instituição financeira da América Latina, movimentou-se estrategicamente nos últimos dias para proteger suas operações internacionais dos possíveis efeitos da Lei Magnitsky americana. A medida preventiva surge em resposta às crescentes tensões diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos, especialmente após as sanções impostas ao ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes em julho de 2025.
A ESTRATÉGIA DEFENSIVA DO BB
Entre as medidas discutidas pelos executivos do banco está a transferência de parte das transações em dólar para filiais fora dos EUA, onde cerca de 50 mil clientes são atendidos em escritórios de Nova York e de Miami. A estratégia demonstra a preocupação da instituição com potenciais bloqueios que poderiam afetar suas operações no mercado americano.
O Banco do Brasil mantém uma presença significativa nos Estados Unidos há mais de oito décadas, atendendo principalmente brasileiros residentes no país e empresas que operam no comércio bilateral. Essa base de clientes representa uma parcela importante dos negócios internacionais da instituição, tornando qualquer restrição operacional um risco considerável.
Segundo informações obtidas pela reportagem, mesmo com eventual transferência das transações para outras jurisdições, as operações ainda precisariam ser informadas ao Federal Reserve — Banco Central norte-americano. Esta exigência demonstra a complexidade das operações bancárias internacionais e os desafios enfrentados pelas instituições financeiras em cenários de tensão geopolítica.
O CONTEXTO DAS SANÇÕES MAGNITSKY
Aprovada durante o governo de Barack Obama, em 2012, a lei prevê sanções como o bloqueio de contas bancárias e de bens em solo norte-americano, além da proibição de entrada no país. Originalmente criada para punir autoridades russas envolvidas na morte do advogado Sergei Magnitsky, desde 2016 passou a ter alcance global.
A medida impõe sanções econômicas, com base em alegações de “prisões arbitrárias” e “restrições à liberdade de expressão”, segundo justificativas do governo americano. No caso do ministro Moraes, a ação ocorreu após o Departamento de Estado dos EUA revogar o visto de Moraes e de seus familiares próximos em 18 de julho de 2025, por sua cumplicidade em auxiliar e incentivar a campanha ilegal de censura.
IMPACTOS NO SISTEMA FINANCEIRO
O setor bancário brasileiro tem demonstrado nervosismo crescente diante do cenário. Cinco dos principais bancos do Brasil totalizaram perdas de R$ 41,98 bilhões em valor de mercado no pregão de ontem (19), impactados pelos receios de punições caso cumpram a Lei Magnitsky.
A situação se torna ainda mais delicada considerando que o Banco do Brasil possui vínculos diretos com o Poder Judiciário. O BB lida com a folha de pagamento do tribunal superior e da maioria dos funcionários do setor público, criando um dilema operacional caso as sanções se expandam.
RESPOSTA INSTITUCIONAL
Oficialmente, o Banco do Brasil mantém postura diplomática diante das especulações. A instituição declarou que trabalha “em conformidade total com a legislação brasileira, e também conforme a legislação de todos os 89 países onde atua por meio de rede própria e correspondentes”.
A instituição reforçou seu compromisso com a transparência e o cumprimento das normas legais, destacando seus mais de 80 anos de operação internacional. Esta posição busca tranquilizar tanto clientes quanto investidores sobre a solidez e confiabilidade das operações bancárias.
PRECEDENTE PREOCUPANTE
A Lei Magnitsky se destina a sancionar pessoas que tenham cometido graves violações de direitos humanos ou atos de corrupção. No entanto, especialistas apontam que o caso Moraes estabelece um precedente preocupante, sendo a primeira vez que sanções são aplicadas a um magistrado ainda em exercício de suas funções judiciais.
Desde que foi criada, foram aplicadas 672 sanções com base na lei Magnitsky: 356 no primeiro governo Trump e 316 durante o governo Biden, demonstrando que o instrumento tem sido utilizado com frequência crescente pela diplomacia americana.
DILEMA BANCÁRIO
A situação coloca as instituições financeiras brasileiras em uma posição delicada. De um lado, enfrentam a pressão para cumprir as sanções americanas, sob risco de serem excluídas do sistema financeiro internacional. De outro, devem respeitar as decisões do Supremo Tribunal Federal e a soberania nacional.
A decisão do ministro do STF Flávio Dino colocou bancos em alerta – especialmente o Banco do Brasil, que por sua natureza de empresa pública está mais exposta a conflitos entre jurisdições diferentes.
ESTRATÉGIAS ALTERNATIVAS
Executivos do setor bancário discutem internamente diferentes cenários e estratégias de mitigação de riscos. Entre as alternativas consideradas está a transferência de contas sensíveis para instituições financeiras menores, como o Banco da Amazônia (Basa) ou o Banco do Nordeste (BNB), que possuem menor exposição internacional.
Esta estratégia, embora possa reduzir riscos de sanções diretas, não elimina completamente os desafios operacionais, uma vez que o sistema bancário brasileiro é interconectado e qualquer restrição significativa pode gerar efeitos em cascata.

IMPACTOS MACROECONÔMICOS
A tensão envolvendo a Lei Magnitsky transcende questões meramente operacionais dos bancos. O mercado reagiu à polêmica. O IBOVESPA fechou em forte queda, puxado principalmente por ações do setor bancário, demonstrando que investidores estão atentos aos desdobramentos da situação.
A volatilidade no mercado financeiro reflete incertezas sobre os rumos das relações bilaterais e seus impactos na economia brasileira. Analistas alertam que escaladas adicionais no conflito diplomático podem afetar fluxos de investimento e operações comerciais entre os dois países.
CENÁRIO FUTURO
O governo brasileiro, na condição de acionista majoritário do Banco do Brasil, tem buscado orientações jurídicas especializadas nos Estados Unidos para compreender melhor os critérios adotados pela administração Trump. Esta movimentação indica que as autoridades brasileiras reconhecem a seriedade da situação e buscam soluções diplomáticas.
Executivos preveem que, se Bolsonaro for condenado, os EUA expandirão as sanções para outros juízes e possivelmente para o Banco do Brasil, o que ampliaria significativamente o escopo do conflito e seus impactos econômicos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A situação envolvendo o Banco do Brasil e a Lei Magnitsky representa um teste importante para a capacidade das instituições financeiras brasileiras navegarem em cenários de crescente complexidade geopolítica. As medidas preventivas adotadas demonstram maturidade institucional e capacidade de antecipação de riscos.
No entanto, a questão levanta questões mais amplas sobre soberania nacional, independência do Poder Judiciário e os limites da jurisdição extraterritorial. O desfecho deste episódio pode estabelecer precedentes importantes para futuras crises diplomáticas envolvendo o sistema financeiro.
A comunidade internacional observa atentamente os desdobramentos, que podem influenciar não apenas as relações Brasil-Estados Unidos, mas também servir como referência para situações similares envolvendo outros países e suas instituições financeiras.
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Fonte: Baseado em informações do jornal O Globo, Revista Oeste, InfoMoney, CNN Brasil, Agência Brasil e outras fontes jornalísticas.
Da Redação.
Jornalista
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