Norte de MG desponta como novo destino mundial

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Cidades - Especial - Gruta do Janelão caverna calcária localizada dentro do Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, no município de Januária, Minas Gerais. O Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, foi reconhecido pela UNESCO como Patrimônio Mundial Natural da Humanidade. A Gruta do Janelão, localizada no cânion do Peruaçu, é um dos destaques do parque, com galerias que ultrapassam 100 metros de altura.

Cidades - Especial - Gruta do Janelão caverna calcária localizada dentro do Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, no município de Januária, Minas Gerais. O Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, foi reconhecido pela UNESCO como Patrimônio Mundial Natural da Humanidade. A Gruta do Janelão, localizada no cânion do Peruaçu, é um dos destaques do parque, com galerias que ultrapassam 100 metros de altura.

Cavernas do Peruaçu conquistam título da Unesco e prometem revolução no turismo regional com crescimento de 33%

Após décadas esquecido pelos holofotes do turismo nacional, o Norte de Minas Gerais finalmente encontrou seu momento de glória. Em julho de 2024, o Parque Nacional Cavernas do Peruaçu conquistou o reconhecimento como Patrimônio Mundial Natural da Unesco, tornando-se o primeiro sítio natural mineiro a receber essa prestigiosa distinção.

O título representa muito mais que uma conquista simbólica. Para uma região historicamente marginalizada em relação aos centros econômicos do estado, o reconhecimento internacional abre portas para uma transformação econômica e social sem precedentes. As projeções já indicam um aumento de 33% no número de visitantes para 2025, saltando de 14.600 para 20.000 turistas anuais.

“É como se estivéssemos escondidos e, de repente, os holofotes se voltassem para cá”, resume Dayanne Sirqueira, gestora do parque. A analogia é certeira: durante quase um século, a região que outrora foi porta de entrada do Brasil colonial, conectando o sertão ao litoral através do Rio São Francisco, permaneceu à margem dos grandes circuitos turísticos nacionais.

Cânion do Parque Nacional Cavernas do Peruaçu foi reconhecido como patrimônio mundial natural da Unesco Foto: Alex de Jesus / O TEMPO

Um tesouro escondido no semiárido

Localizado entre os municípios de Januária, Itacarambi e São João das Missões, o parque abrange 56 mil hectares de paisagens únicas. Seu território abriga um impressionante conjunto de cavernas monumentais, paredões rochosos esculpidos pelo tempo, formações calcárias milenares e sítios arqueológicos que guardam pinturas rupestres de até 12 mil anos de idade.

A riqueza geológica e arqueológica do Peruaçu não passou despercebida pela Unesco. O dossiê de candidatura, apresentado em fevereiro de 2024 pelo Ministério do Meio Ambiente e pelo ICMBio, destacou dois critérios fundamentais: a beleza natural excepcional e a importância geológica única da região.

Leonardo Giunco, espeleólogo e membro do Conselho Consultivo do parque, participou ativamente do processo que durou quase uma década. “O parque conseguiria se encaixar em oito de dez critérios da Unesco. São cavernas, florestas e formações que não têm paralelo em nenhuma outra parte do mundo”, explica o especialista.

Cidades – Especial – Gruta do Janelão caverna calcária localizada dentro do Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, no município de Januária, Minas Gerais. O Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, foi reconhecido pela UNESCO como Patrimônio Mundial Natural da Humanidade. A Gruta do Janelão, localizada no cânion do Peruaçu, é um dos destaques do parque, com galerias que ultrapassam 100 metros de altura.

Da marginalização à oportunidade

A trajetória histórica do Norte de Minas ilustra bem as desigualdades regionais brasileiras. Conforme analisa Thiago Neves, professor da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), a região foi sistematicamente marginalizada em relação às áreas mais industrializadas e próximas à capital.

“Historicamente, o Norte de Minas permaneceu associado a uma economia de subsistência, à pecuária extensiva e a condições ambientais adversas. A concentração das políticas públicas nas áreas mais ricas acentuou essa desigualdade”, contextualiza o acadêmico.

O declínio começou com a perda de importância do Rio São Francisco como via de transporte, substituído pelas ferrovias e, posteriormente, pelas rodovias. O que era um corredor de integração nacional transformou-se gradualmente em rota esquecida.

Cidades – Especial – Gruta do Janelão caverna calcária localizada dentro do Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, no município de Januária, Minas Gerais. O Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, foi reconhecido pela UNESCO como Patrimônio Mundial Natural da Humanidade. A Gruta do Janelão, localizada no cânion do Peruaçu, é um dos destaques do parque, com galerias que ultrapassam 100 metros de altura. Na foto: Espeleólogo Leonardo Giunco, membro do Conselho Consultivo do Parque Nacional Cavernas do Peruaçu.

Turismo sustentável como vetor de desenvolvimento

Para Maurício Almeida, prefeito de Januária, o reconhecimento da Unesco representa um “divisor de águas” para o desenvolvimento regional. “Os olhos do mundo se voltam para a região”, celebra o gestor municipal.

A expectativa é justificada pelos números. Atualmente, o parque tem capacidade para receber até 120.000 visitantes anuais, muito acima da demanda atual. Algumas atrações, como a Gruta do Janelão – principal destino do parque – possuem limitações específicas, comportando apenas 60 pessoas por dia.

A estratégia para comportar o crescimento da demanda passa pela abertura responsável de novos atrativos. “A ideia é aumentar a capacidade abrindo novos atrativos, e não superlotando os já existentes. O objetivo é que o impacto seja mínimo”, esclarece Dayanne Sirqueira.

Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, no município de Januária, Minas Gerais. O Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, foi reconhecido pela UNESCO como Patrimônio Mundial Natural da Humanidade. A Gruta do Janelão, localizada no cânion do Peruaçu, é um dos destaques do parque, com galerias que ultrapassam 100 metros de altura. Na foto: O engenheiro Luiz Fernando Guimarães Pereira, de 47 anos, ao lado da esposa, Tatiane Cássia de Souza, 43 anos, e dos filhos Ana Laura, de 11, Lucas, de 9, e Fernando, de 6.

Experiência transformadora para visitantes

O impacto positivo nas famílias que visitam o parque já é perceptível. Tatiane Cássia de Souza, assistente social de 43 anos, viajou de Belo Horizonte com o marido e três filhos para conhecer as cavernas. “Fiquei encantada. A visita é uma forma de entender a importância da preservação e ajudar na formação das crianças”, relata.

O marido, engenheiro Luiz Fernando Guimarães Pereira, complementa destacando o aspecto educativo da experiência: é uma forma “lúdica” de mostrar às crianças a diversidade de biomas brasileiros.

Perspectivas futuras

O reconhecimento atual pode ser apenas o começo de uma trajetória ainda mais ambiciosa. Leonardo Giunco revela que, no futuro, o Peruaçu ainda pode pleitear o reconhecimento cultural, transformando-se em patrimônio misto – categoria que no Brasil apenas Paraty e Ilha Grande possuem.

Com o título da Unesco em mãos e a crescente visibilidade nacional e internacional, o Norte de Minas finalmente tem a oportunidade de resgatar seu protagonismo histórico, desta vez através do turismo sustentável e da valorização de suas riquezas naturais e culturais únicas.


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FONTE: O TEMPO

Da Redação.

Jornalista


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