Uma vergonha: Guerra de Números Põe em Xeque Real Dimensão de Ato

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USP e Poder360 apontam mais de 40 mil em ato contra anistia e PEC da Blindagem; redes sociais contestam e especialistas debatem metodologia.

São Paulo – A Avenida Paulista, tradicional palco de manifestações políticas do país, voltou a ser o centro das atenções neste domingo (21). Movimentos sociais, sindicatos, partidos de esquerda e artistas se uniram em um protesto contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que limita decisões monocráticas de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), apelidada de “PEC da Blindagem”, e contra o projeto de lei que busca anistiar os condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023. No entanto, o que deveria ser um debate focado nas pautas políticas transformou-se em uma acirrada batalha de narrativas sobre o número de participantes, com estimativas de dezenas de milhares de pessoas sendo recebidas com ceticismo e questionamentos na internet.

Dois dos levantamentos de maior repercussão foram conduzidos por instituições distintas, mas chegaram a números surpreendentemente próximos. O jornal digital Poder360, utilizando sua própria metodologia de contagem, estimou a presença de 43,4 mil pessoas no pico do evento. Quase em paralelo, o Monitor do Debate Político no Meio Digital, uma iniciativa que congrega pesquisadores da renomada Universidade de São Paulo (USP) em parceria com a organização internacional More in Common, calculou um público de 42,4 mil manifestantes.

A metodologia empregada pelo grupo da USP, que busca trazer um rigor acadêmico para um tema frequentemente politizado, baseou-se na análise de 11 fotografias aéreas capturadas às 16h04, momento identificado como o de maior concentração de pessoas. O cálculo, que utiliza técnicas de análise de imagem para estimar a densidade de pessoas por metro quadrado, considera uma margem de erro de 12%. Isso significa que, segundo os pesquisadores, o número real de participantes estaria no intervalo entre 37,3 mil e 47,5 mil pessoas.

Apesar da aparente precisão técnica e da credibilidade das instituições envolvidas, os números foram recebidos com uma onda de desconfiança nas redes sociais. Internautas e perfis alinhados a espectros políticos distintos rapidamente levantaram dúvidas sobre a veracidade das estimativas. Vídeos e fotos com ângulos que supostamente mostrariam uma avenida menos preenchida foram compartilhados massivamente, acompanhados de críticas e acusações de que os números teriam sido “inflados” para projetar uma força política que, segundo esses críticos, o ato não possuía.

Essa reação evidencia a profunda polarização do debate público brasileiro, onde dados e fatos são frequentemente filtrados pela lente da convicção ideológica. A contagem de manifestantes tornou-se, por si só, um campo de batalha político. Para os organizadores e apoiadores do protesto, números elevados são um trunfo, uma demonstração de força e apoio popular às suas causas. Para os opositores, a contestação desses números é uma forma de minimizar a importância do ato e deslegitimar as pautas defendidas.

Especialistas em análise de dados e opinião pública apontam que a contagem de multidões é uma ciência complexa e inerentemente imprecisa. Fatores como a dispersão das pessoas, a movimentação constante e a topografia do local podem influenciar significativamente o resultado. As metodologias que utilizam fotografias aéreas e softwares de análise são consideradas as mais confiáveis disponíveis, superando em muito as estimativas “a olho” que eram comuns no passado. Contudo, nenhuma metodologia está isenta de margens de erro ou de ser alvo de questionamentos, especialmente em um ambiente tão conflagrado.

O protesto em si carregava pautas de grande peso no cenário político atual. A mobilização contra a anistia aos condenados pelo 8 de janeiro reflete a defesa da manutenção das punições e a responsabilização pelos ataques às sedes dos Três Poderes. Já a oposição à chamada “PEC da Blindagem” é vista pelos manifestantes como uma defesa do papel do STF como guardião da Constituição, temendo que a limitação de decisões monocráticas possa enfraquecer a capacidade da Corte de frear possíveis excessos de outros poderes.

Ao final do dia, a discussão sobre a quantidade de pessoas presentes na Avenida Paulista acabou por ofuscar, em grande parte, o debate sobre o mérito das pautas que motivaram o encontro. A “guerra dos números” revelou, mais uma vez, como a busca pela verdade factual se tornou um desafio em meio a narrativas concorrentes e à desconfiança generalizada nas instituições, sejam elas a imprensa, a academia ou os próprios organizadores de eventos públicos. O domingo na Paulista deixou um saldo de vozes que protestaram e uma interrogação que ecoa nas redes: qual o real tamanho da insatisfação popular? A resposta, ao que parece, depende de quem está contando.

EIS AS IMAGENS DA MANIFESTAÇÃO (VEJA O VÍDEO):


👇 E você, o que acha? Os números refletem a realidade ou a política fala mais alto? Deixe sua opinião nos comentários e participe do debate! 💬🔍

Fonte: Poder360, Monitor do Debate Político (USP/More in Common) e repercussão pública na web.

Da Redação.

Jornalista


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