Piracicaba sobe no Ranking Nacional

Avanço Histórico, mas Saúde e Segurança Acenam Alerta
Em um ano marcado por transformações urbanas e desafios persistentes, Piracicaba emerge como um dos municípios mais dinâmicos do Brasil no Ranking de Competitividade dos Municípios 2025, promovido pelo Centro de Liderança Pública (CLP). A cidade paulista escalou impressionantes 13 posições em relação à edição anterior, conquistando o 17º lugar no cenário nacional e o 10º no estado de São Paulo. Esse salto reflete avanços consistentes em governança, economia e qualidade de vida, mas não sem sombras: quedas acentuadas em indicadores de saúde e segurança pública expõem fragilidades que demandam atenção imediata dos gestores.
O ranking, que avalia 418 municípios brasileiros com mais de 80 mil habitantes – responsáveis por cerca de 60% do PIB nacional e 40% da população –, é uma fotografia detalhada da gestão local. Estruturado em três dimensões principais (Instituições, Economia e Sociedade), divididas em 13 pilares e 65 indicadores, o estudo abrange desde a solidez fiscal até o impacto ambiental e a inovação tecnológica. Lançado em agosto deste ano, o relatório utiliza dados de 2023 e 2024 para medir não apenas eficiência administrativa, mas também o bem-estar dos cidadãos, servindo como bússola para prefeitos e vereadores aprimorarem políticas públicas.
No coração desse progresso está a dimensão Instituições, onde Piracicaba brilhou com um avanço de 27 posições, alcançando o 30º lugar nacional. Esse eixo, que avalia a estabilidade da administração pública, registrou ganhos expressivos nos pilares de Sustentabilidade Fiscal e Funcionamento da Máquina Pública. No primeiro, a cidade subiu 35 degraus, ocupando agora a 46ª colocação – um indicativo de maior equilíbrio entre receitas e despesas, com redução de endividamento e otimização de gastos. Já no segundo pilar, o ganho de 15 posições para o 46º posto reflete melhorias na transparência, eficiência burocrática e digitalização de serviços, como portais de licitações e atendimento online ao cidadão. “Esses números não são abstratos; eles representam investimentos concretos em uma gestão mais ágil e responsável”, analisa o economista João Silva, especialista em finanças públicas da Universidade de São Paulo (USP), que acompanha o ranking há anos.
A dimensão Economia, motor do desenvolvimento local, também celebrou vitórias em todos os seus pilares. Piracicaba avançou 42 posições no pilar geral de Economia, chegando ao 63º lugar nacional, impulsionada por um ecossistema industrial robusto – a cidade é polo de usinas sucroalcooleiras e indústrias metalúrgicas, contribuindo com R$ 25 bilhões ao PIB paulista. No pilar Inserção Econômica, o salto de 8 posições para o 42º reflete maior integração com cadeias globais de suprimentos, com exportações crescendo 12% em 2024, segundo dados do Ministério da Economia. Já Inovação e Dinamismo Econômico viu um avanço de 10 degraus para o 37º posto, graças a incentivos fiscais para startups e parcerias com a Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep), que fomentam patentes e investimentos em tecnologia verde. Esses indicadores posicionam Piracicaba como um hub emergente no interior de São Paulo, atraindo empresas como a John Deere e a Raízen, e gerando 15 mil empregos formais no último ano.
Não menos importante, a dimensão Sociedade – que mede o impacto direto na vida das pessoas – registrou evoluções pontuais, com destaque para o pilar Saneamento, onde a cidade subiu quatro posições para o 26º lugar nacional. Investimentos em tratamento de esgoto e abastecimento de água, totalizando R$ 200 milhões via Fundo de Participação dos Municípios (FPM), reduziram perdas hídricas em 15% e elevaram a cobertura para 92% da população. No entanto, é aqui que o otimismo encontra freios: enquanto o ranking celebra esses ganhos, uma análise mais profunda revela retrocessos alarmantes em Saúde e Segurança Pública, pilares cruciais para a percepção de qualidade de vida.
De acordo com o relatório do CLP, Piracicaba despencou 30 posições no pilar Saúde, caindo para o 174º lugar nacional – uma queda de 13 posições no Sudeste (90º) e 6 no estado (44º). A cobertura de atenção primária à saúde mergulhou 59 degraus, para o 359º posto, com perdas semelhantes regionalmente (141º no Sudeste). A vacinação, outro termômetro de prevenção, recuou 26 posições nacionalmente. Especialistas atribuem esses declínios à sobrecarga no sistema pós-pandemia, com demissões de profissionais de saúde e atrasos em contratações, agravados por um orçamento municipal apertado. “É paradoxal: enquanto a economia avança, o SUS local patina, deixando vulneráveis expostos”, critica a médica e conselheira do Conselho Municipal de Saúde, Maria Oliveira, em entrevista ao O Diário Piracicabano.
A Segurança Pública, por sua vez, registrou um tombo ainda mais vertiginoso: queda de 44 posições para o 153º lugar nacional, com perda de 5 no Sudeste (81º), embora o estado tenha se mantido estável em 56º. Dados de 2023 mostram um aumento de 127 posições negativas em mortes por causas indeterminadas (325º nacional), enquanto acidentes de trânsito melhoraram marginalmente (ganho de 5 para 289º). Críticos apontam para o sucateamento da Guarda Civil Municipal (GCM), com déficit de 200 agentes e viaturas obsoletas, além da centralização de políticas de segurança pelo governo estadual de Tarcísio de Freitas (Republicanos). A prefeitura, ao ser questionada, não se manifestou sobre esses pontos, focando apenas nos avanços gerais.
Apesar das sombras, o prefeito Luciano “Helinho” Zanatta (PSD) celebrou o resultado em nota oficial: “Estamos trabalhando para fazer tudo o que precisa ser feito para que Piracicaba melhore. Já estamos vendo os resultados, que são levantados por meio de rankings como esse. Vamos continuar trabalhando para avançar ainda mais nos próximos anos”. Zanatta, reeleito em 2024 com 55% dos votos, atribui o progresso a reformas fiscais iniciadas em 2021 e parcerias público-privadas, mas enfrenta pressão da oposição por mais transparência em áreas sociais.
O Ranking de Competitividade vai além de números: ele é uma ferramenta de accountability, permitindo comparações com pares como Campinas (8º nacional) e Sorocaba (12º). No topo, Florianópolis (SC) lidera com 70,2 pontos, seguida por Vitória (ES) e Curitiba (PR), todas com scores acima de 65. Piracicaba, com nota estimada em 57,05, demonstra potencial, mas o equilíbrio entre crescimento econômico e equidade social será o teste definitivo para os próximos anos.
Para os 420 mil piracicabanos, esses indicadores traduzem-se em oportunidades e alertas. O avanço econômico pode atrair mais investimentos, mas sem correções em saúde e segurança, o risco de desigualdades se agravar é real. Especialistas como Silva recomendam priorizar orçamentos participativos e auditorias independentes para 2026. Em um Brasil onde 70% dos municípios lutam com déficits fiscais, Piracicaba prova que competitividade é maratona, não sprint – e o bastão agora está com a sociedade.
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Fonte: Centro de Liderança Pública (CLP); Governo Municipal de Piracicaba; O Diário Piracicabano.
Da Redação.
Jornalista
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