Bebida da Morte: Crise do Metanol Abala São Paulo

Com 5 mortes, 2 prisões e milhares de garrafas apreendidas, força-tarefa investiga rede de contaminação por metanol.
Uma crise de saúde pública sem precedentes se instalou no estado de São Paulo, deixando um rastro de morte, pânico e uma investigação policial em larga escala. A causa é a contaminação de bebidas alcoólicas por metanol, uma substância altamente tóxica que, quando ingerida, pode levar à cegueira e ao óbito em questão de horas. Entre segunda (29) e terça-feira (30), uma megaoperação da Polícia Civil resultou na apreensão de pelo menos 800 garrafas com suspeita da contaminação, mas o volume total de produtos perigosos retirados de circulação já é muito maior.
Até o momento, o cenário é desolador: cinco mortes foram confirmadas pelas autoridades como consequência direta da intoxicação. Outros sete casos de envenenamento foram oficialmente registrados, enquanto 15 pessoas seguem sob investigação com sintomas compatíveis. A resposta do governo foi imediata, com a instauração de um gabinete de crise liderado pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), que prometeu rigor e celeridade nas ações. “É fundamental fazer esse fechamento cautelar de todos os estabelecimentos em que tivemos ocorrência para aprofundar a investigação. A preocupação é garantir a segurança do cidadão”, afirmou o governador.
As ações policiais se espalharam pela capital, Grande São Paulo e interior, revelando a capilaridade do esquema de adulteração. Na capital, ocorrências foram registradas em bairros tão distintos quanto Vila Clementino, Capão Redondo, Parque da Mooca e Jardins, evidenciando que o perigo não se restringe a uma única região. Em uma das apreensões, 112 garrafas de vodca foram recolhidas em diferentes pontos, incluindo 17 na Mooca.
No interior, a escala do problema se mostrou ainda mais alarmante. Em Americana, uma ação do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) resultou na detenção de duas pessoas e na apreensão de mais de 17,7 mil unidades de bebidas. Em Mogi das Cruzes, 80 garrafas com indícios de falsificação foram encontradas em uma adega. As investigações também apuram casos em Itu, São Bernardo do Campo e Itapecerica da Serra.
A Investigação: Rastreando a Origem do Veneno
Três departamentos da Polícia Civil estão mobilizados para desvendar a origem da contaminação. Quatro grandes distribuidoras já foram identificadas como suspeitas e estão no centro das apurações. O volume de material ilícito encontrado dá a dimensão do esquema: além das 50 mil garrafas com suspeita de adulteração já apreendidas, foram localizados cerca de 15 milhões de selos fiscais fraudados, utilizados para dar uma aparência de legalidade aos produtos mortais.
A Divisão de Investigações sobre Infrações contra a Saúde Pública trabalha com múltiplas hipóteses. Embora a Secretaria da Segurança Pública (SSP) descarte, por ora, o envolvimento do Primeiro Comando da Capital (PCC), a suspeita recai sobre quadrilhas especializadas. Uma das linhas de investigação apura se o uso do metanol foi intencional para baratear custos ou acidental, podendo ter ocorrido durante o processo de lavagem de garrafas reaproveitadas. A polícia agora se concentra em rastrear o fluxo financeiro e a cadeia de fornecimento para chegar aos cabeças do esquema. Dois suspeitos já foram presos.
Enquanto isso, todas as garrafas apreendidas foram encaminhadas para análise no Instituto de Criminalística (IC), que emitirá laudos periciais para confirmar a presença e a concentração do metanol. Os proprietários dos estabelecimentos onde os produtos foram encontrados estão prestando esclarecimentos.
Alerta Máximo à População e Profissionais de Saúde
Diante da gravidade, a Secretaria de Estado da Saúde emitiu um alerta epidemiológico para toda a rede de saúde, orientando médicos e enfermeiros sobre como identificar e tratar os casos de intoxicação. Os sintomas podem surgir entre 6 e 24 horas após a ingestão e incluem sonolência, tontura, dor abdominal, náuseas, vômitos e, o mais característico, alterações visuais como visão turva e sensibilidade à luz (fotofobia).
Em casos mais graves, a vítima pode evoluir rapidamente para convulsões, acidose metabólica, cegueira irreversível, insuficiência renal e morte. A orientação é clara: qualquer pessoa que apresente um quadro incomum após a ingestão de bebida alcoólica deve procurar atendimento médico de emergência imediatamente. A população deve evitar o consumo de bebidas de procedência duvidosa, vendidas a preços muito abaixo do mercado e sem lacres de segurança intactos.
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Fonte: As informações foram compiladas a partir de comunicados oficiais da Polícia Civil de São Paulo, do Governo do Estado de São Paulo e do portal Metrópoles.
Da Redação.
Jornalista
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