
Após interceptação de flotilha humanitária com cidadãs colombianas, Petro eleva tensão com Netanyahu a ponto de ruptura.
Tensão atinge ápice após Israel interceptar flotilha humanitária com cidadãs colombianas a bordo; Petro classifica ação como “crime internacional”.
Em uma escalada dramática de uma relação já deteriorada, o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, ordenou nesta quarta-feira (1º) a expulsão de toda a delegação diplomática de Israel em Bogotá. A medida drástica foi a resposta direta à interceptação de uma flotilha de ajuda humanitária que se dirigia à Faixa de Gaza pelas forças israelenses, uma ação que resultou na detenção de ativistas internacionais, incluindo duas cidadãs colombianas.
O estopim para o colapso final das relações foi a abordagem da “Global Sumud Flotilla”, um comboio de embarcações com ativistas de diversas nacionalidades que transportava ajuda humanitária. O governo israelense confirmou ter detido “vários barcos” da flotilha, afirmando que a operação ocorreu sem incidentes e descrevendo a iniciativa como uma “provocação”. Por outro lado, os organizadores da flotilha e governos de outros países com cidadãos a bordo, como o Brasil, classificaram a interceptação em águas internacionais como um ato ilegal e uma violação de direitos.
A reação do presidente colombiano foi imediata e contundente. Através da rede social X, Gustavo Petro não apenas anunciou a expulsão dos diplomatas, mas também classificou a interceptação como um “crime internacional” cometido pelo governo do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu. “Duas cidadãs colombianas foram detidas”, afirmou o mandatário, elevando o tom e exigindo a “libertação imediata” das mesmas. A presidência colombiana emitiu um comunicado formal rejeitando “com firmeza qualquer ato que viole a integridade física, a liberdade e os direitos humanos de cidadãos colombianos no exterior”.
Este episódio, no entanto, não é um fato isolado, mas sim o clímax de um processo de desintegração diplomática acelerado desde que Petro assumiu o poder. Em maio de 2024, o presidente de esquerda já havia rompido formalmente as relações diplomáticas com Israel, um movimento que rebaixou a embaixada israelense em Bogotá ao status de consulado. Na prática, a representação já operava com uma capacidade reduzida, contando com cerca de 40 funcionários, dos quais apenas quatro possuíam status diplomático.
A postura de Petro tem sido de crítica implacável à condução da guerra em Gaza por Israel. Ele se refere consistentemente a Netanyahu como “genocida” e estende suas acusações ao ex-presidente dos EUA, Donald Trump, a quem chama de “cúmplice” do que considera um genocídio contra o povo palestino. Essa retórica tem gerado atritos constantes. O último embaixador de Israel em Bogotá, Gali Dagan, por diversas vezes, acusou as declarações do presidente colombiano de serem antissemitas.
A animosidade de Petro não se limita ao discurso. Recentemente, a Colômbia suspendeu a compra de armamento israelense, um golpe significativo em uma parceria de defesa historicamente robusta, e na última segunda-feira, encerrou unilateralmente o Tratado de Livre Comércio que vigorava entre os dois países desde 2020.
A crise transcendeu o eixo Bogotá-Tel Aviv, impactando as relações da Colômbia com seu principal aliado histórico, os Estados Unidos. Na semana passada, durante um protesto pró-palestino em Nova York, Petro fez um apelo para que o Exército dos Estados Unidos “desobedecesse” ao presidente Trump. A Casa Branca reagiu prontamente, classificando os comentários como “imprudentes e incendiários” e, em uma medida punitiva severa, revogou o visto de entrada de Petro no país.
A expulsão dos diplomatas israelenses marca, portanto, um ponto de não retorno na política externa colombiana. O país, que por décadas foi um dos principais parceiros de Israel e dos Estados Unidos na América Latina, agora se posiciona em oposição frontal, alinhando-se a uma retórica de confronto direto. A decisão desta quarta-feira isola ainda mais a Colômbia de seus aliados tradicionais e aprofunda uma crise cujas consequências geopolíticas e econômicas ainda estão por serem totalmente dimensionadas. Enquanto isso, o destino das duas cidadãs colombianas detidas em Israel permanece como um ponto central de tensão e a principal justificativa humanitária para a decisão mais radical da diplomacia colombiana em décadas.
A decisão de Gustavo Petro de expulsar os diplomatas israelenses foi correta ou um exagero? Qual sua opinião sobre esta crise diplomática? 🤔 Deixe seu comentário e participe do debate! 👇🗣️
Fonte: CNN.
Da Redação.
Jornalista
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