Ex-assessor do TSE diz que foi tratado com respeito e ironiza “rito mágico” atribuído ao ministro brasileiro
Eduardo Tagliaferro, ex-assessor do ministro Alexandre de Moraes no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), voltou aos holofotes após ser conduzido por policiais italianos à delegacia de Torano Castello, na região da Calábria, na quarta-feira (1º). O episódio, que envolveu uma notificação judicial relacionada a um pedido de extradição feito pelo Brasil, foi descrito por Tagliaferro como tranquilo e respeitoso — em contraste com o que ele chama de “rito mágico” atribuído ao ministro Moraes.
Em entrevista ao programa “Paulo Figueiredo Show”, veiculado no YouTube, Tagliaferro afirmou que já esperava a visita dos carabinieri, a polícia militar italiana. “Não foi nenhuma novidade para mim. A gente até fica um pouco ansioso quando chega um carabiniere, mas foi tudo conduzido na plena calma, na tranquilidade. É previsto. Do rito, a gente não consegue escapar. Na verdade, o rito correto na Itália. Não o rito virtual, o ‘magic’ rito do Alexandre de Moraes”, ironizou.
Segundo o ex-assessor, os agentes italianos solicitaram seus passaportes — brasileiro e italiano — e explicaram que estavam cumprindo uma ordem da Corte de Catanzaro. “Falaram que eu voltaria para casa, para eu ficar despreocupado, que era só para eu ser notificado e mais nada. Identificado, na verdade”, relatou.
O advogado de Tagliaferro, Eduardo Kuntz, confirmou que a condução teve como objetivo aplicar uma medida cautelar de restrição de circulação. “Ao chegar à delegacia, ele poderá tirar cópia de todos os documentos, tomar ciência da restrição e será reconduzido à sua residência”, afirmou.
Tagliaferro vive na Itália desde julho de 2025 e é alvo de um pedido de extradição feito por Moraes, após denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR). Ele é acusado de vazar conversas privadas entre funcionários do Supremo Tribunal Federal (STF) e do TSE, além de ter feito denúncias públicas contra o ministro, alegando abuso de poder e perseguição política.
Em setembro, o ex-assessor participou remotamente de uma sessão da Comissão de Segurança Pública do Senado, onde acusou Moraes de cometer “fraude processual gravíssima” ao investigar empresários apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro durante as eleições de 2022. Segundo ele, Moraes teria vazado mensagens de um grupo de WhatsApp à imprensa e, com base na reportagem, ordenado buscas e apreensões — posteriormente justificadas com novos argumentos, já após a execução das medidas.
Tagliaferro também afirmou que não está na lista vermelha da Interpol, apesar de uma suposta tentativa de inclusão por parte de Moraes. “Tenho uma informação de governo, porém de forma extraoficial, que eu não estou e que parece que ele tentou me colocar na Interpol, mas a Interpol negou a inclusão”, disse.
A defesa de Tagliaferro declarou que ele foi surpreendido pela visita da polícia italiana em sua residência, onde foi informado sobre o processo de extradição vinculado à Pet 12936, originada no Inquérito 4972, em trâmite no STF.
Apesar das acusações, Tagliaferro mantém postura combativa. “Sou somente um golpista na boca do Alexandre de Moraes. Antigamente o maior inimigo dele era Alan dos Santos e você [Paulo Figueiredo]. Agora, acredito, que consegui tomar o lugar de vocês e hoje o maior inimigo dele sou eu, com o maior prazer”, declarou.
A condução na Itália não resultou em prisão, apreensão de bens ou restrições severas. Tagliaferro segue livre, com a obrigação de permanecer na comarca onde reside e informar qualquer mudança de endereço à justiça italiana.
O caso reacende o debate sobre os limites da atuação judicial no Brasil e os reflexos internacionais de decisões tomadas por autoridades nacionais. Enquanto Moraes defende a legalidade das investigações, Tagliaferro se posiciona como vítima de perseguição política e promete continuar suas denúncias, agora com respaldo da legislação europeia.
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Fonte: Gazeta do Povo, Poder360.