21 de novembro de 2024 19:45
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O presidente da Argentina, Javier Milei, anunciou que o país alcançou um superávit primário no primeiro trimestre do ano pela primeira vez desde 2008, de 0,2% do PIB.

O presidente da Argentina, Javier Milei, anunciou na noite desta segunda-feira (22) que o país alcançou um superávit primário (receitas maiores que despesas, incluindo juros) no primeiro trimestre do ano pela primeira vez desde 2008, de 0,2% do PIB.

“[É um feito] que deve nos deixar orgulhoso como país, em particular dada a herança que tivemos que assumir”, disse Milei em pronunciamento, referindo-se ao antecessor Alberto Fernández.

“O superávit fiscal é a pedra angular a partir da qual construiremos a nova era de prosperidade da Argentina. Ter alcançado esse superávit na Argentina, que teve déficit em 113 dos últimos 123 anos […] é simplesmente uma proeza de proporções históricas a nível mundial”.

Na transmissão gravada, Milei estava acompanhado do ministro da Economia, Luis Caputo, e do presidente do banco central argentino, Santiago Bausili.

O presidente assumiu em dezembro determinado a reduzir a zero o déficit fiscal, uma meta mais ambiciosa do que a imposta pelo próprio FMI (Fundo Monetário Internacional), com o qual a Argentina tem um acordo de crédito de US$ 44 bilhões.

Para isso, Milei empreendeu um ajuste que inclui a paralisação de obras públicas, demissões de servidores, fechamento de dependências do governo, corte de subsídios, aumento de tarifas e congelamento de orçamentos em momentos em que a inflação chega a 290% ao ano e a pobreza afeta metade da população.

“Se o Estado não gastar mais do que arrecada e não recorrer à emissão, não há inflação. Não é magia”, disse Milei, que já se definiu como “anarcocapitalista”.

O economista Carlos Melconian, crítico do governo, disse nesta segunda a jornalistas que é necessário analisar “como continuar a história, porque o mecanismo pelo qual foram encontrados números positivos é difícil de sustentar ao longo do tempo”.

A atividade econômica da Argentina caiu 4,5% em dezembro e 4,3% em janeiro, de acordo com o órgão estatal de estatísticas. Nesta terça-feira (23) será divulgado o número de fevereiro, que se espera que seja igualmente alto.

Milei não mencionou as negociações em curso com o FMI nem uma eventual saída do complexo controle cambial argentino, que, segundo o presidente, poderia ser liberado este ano se um empréstimo adicional de US$ 15 bilhões fosse obtido.

Em março, a inflação no país desacelerou pelo terceiro mês consecutivo e ficou em 11%. O índice era muito esperado por atuar como um dos termômetros dos efeitos práticos das medidas de austeridade da atual administração na Casa Rosada.

Ainda assim, a inflação acumulada dos últimos 12 meses atingiu o pico de 287,9%, ante 276,2% no mês anterior. Tratam-se dos maiores indicadores interanuais em mais de três décadas no país.

Javier Milei assumiu o país com uma inflação mensal que em dezembro marcava 25,5%. Desde então, o índice foi caindo para 20,6% (janeiro), 13,2% (fevereiro) e 11% (março).

Ainda que veja um problema crônico do país se controlar, a população sente no cotidiano a perda acelerada do poder de compra e o avanço da pobreza, hoje realidade de 57%, patamar só observado há 20 anos. Os índices de pobreza dispararam no início do ano, impulsionados pela explosão de preços após medidas iniciais de Milei.

Fonte: Folha de S. Paulo

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