Bolsonaro nega golpe e pede desculpas em interrogatório no STF

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Ex-presidente rebate acusações da PGR em audiência de 2h

Em um interrogatório que durou pouco mais de duas horas no Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) negou categoricamente as principais acusações da Procuradoria-Geral da República (PGR) relacionadas à suposta tentativa de golpe de Estado. Diante do ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, Bolsonaro apresentou sua versão dos fatos e pediu desculpas por declarações anteriores contra ministros da Corte.

Reuniões com comandantes militares foram “informais”

Uma das questões centrais do interrogatório envolveu as reuniões que Bolsonaro manteve com os ex-comandantes das Forças Armadas após sua derrota nas eleições de 2022. A PGR acusa o ex-presidente de ter consultado os chefes militares sobre a possibilidade de decretar intervenção no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para rever o resultado eleitoral e prender autoridades.

Bolsonaro admitiu as conversas, mas caracterizou-as como “bastante informais” e dentro dos limites constitucionais. “O que existiu na prática foi: como nós fomos impedidos de recorrer ao TSE com preocupação de uma penalidade mais alta, buscamos alguma alternativa na Constituição e achamos que não procedia e foi encerrado”, explicou ao ministro Moraes.

O ex-presidente enfatizou que uma reunião crucial ocorrida em 7 de dezembro de 2022, na biblioteca do Palácio da Alvorada, com o então ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira e comandantes militares, não tinha caráter deliberativo. “Era conversa informal para ver se existia alguma hipótese de um dispositivo constitucional. Isso foi descartado na segunda reunião”, afirmou.

Segundo Bolsonaro, as discussões consideravam as manifestações de caminhoneiros e os acampamentos em frente a quartéis que pediam intervenção militar. Contudo, ele sustentou que logo perceberam não haver “clima” ou “base minimamente sólida” para qualquer ação.

Negativa sobre minuta de decreto

Outro ponto controverso foi a suposta minuta de decreto para intervir no TSE. Com base na delação do ex-ajudante de ordens Mauro Cid, a PGR acusa Bolsonaro de ter lido e editado o documento, mantendo apenas a previsão de prisão do próprio Alexandre de Moraes, então presidente do TSE.

Bolsonaro negou conhecer tal documento. “Eu queria ter acesso a essa minuta”, disse ao ministro, que respondeu estar nos autos do processo. O ex-presidente questionou a legitimidade do documento, observando que não possuía “cabeçalho” nem “fecho” típicos de atos normativos oficiais.

Ele explicou que, caso houvesse intenção de decretar estado de sítio, seria necessário convocar os conselhos de Defesa e da República, além de obter autorização do Congresso Nacional – procedimentos que não foram iniciados.

8 de janeiro “não foi golpe”

Bolsonaro também contestou a caracterização dos eventos de 8 de janeiro de 2023 como tentativa de golpe. “Fico até arrepiado quando falam que 8 de janeiro foi um golpe. Aquelas mil e quinhentas pessoas, pobres coitados… Não foi encontrada arma de fogo com aquelas pessoas”, declarou.

O ex-presidente argumentou que trabalhou para desmobilizar manifestações após a derrota eleitoral. “Se eu almejasse um caos no Brasil, era só ficar quieto”, afirmou, citando uma transmissão ao vivo feita em 30 de dezembro de 2022 para desencorajar revoltas populares.

Sobre manifestantes que pediam AI-5 ou intervenção militar, Bolsonaro foi categórico: “Tem os malucos que ficam com essa ideia… os chefes das Forças Armadas jamais iam embarcar nessa”. Relatou que frequentemente questionava manifestantes portando cartazes sobre AI-5, descobrindo que muitos nem sabiam o significado da sigla.

Defesa das urnas eletrônicas e pedido de desculpas

Bolsonaro justificou sua campanha pelo voto impresso auditável, lembrando que defendia a medida desde 2012 como deputado. Conseguiu aprovar projeto de lei em 2015, posteriormente vetado por Dilma Rousseff (PT), mas com veto derrubado pelo Congresso. O STF, porém, declarou a medida inconstitucional.

“Como dizem os peritos: todo sistema comunicacional possui vulnerabilidades. A intenção minha não é desacreditar, sempre foi alertar para aprimorar”, argumentou. Quando questionado sobre provas concretas de fraude, admitiu que as acusações eram parte de sua “retórica” parlamentar e reconheceu possível exagero: “Se eu exagerei na retórica, devo ter exagerado, com certeza”.

Em momento marcante da audiência, Bolsonaro pediu desculpas a Moraes e outros ministros por declarações em reunião ministerial de julho de 2022, quando insinuou que receberiam propina para favorecer Lula. “Não tem indícios nenhum, senhor ministro… me desculpe, não tinha qualquer intenção de acusar de qualquer desvio de conduta”, declarou.

Momento descontraído e defesa do governo

A audiência teve momento descontraído quando Bolsonaro pediu para “fazer uma brincadeira” com Moraes, convidando-o para ser vice em 2026. “Eu declino novamente”, respondeu o ministro, arrancando risadas do público presente.

Bolsonaro também defendeu seu governo, atribuindo a derrota a perseguições de opositores, da imprensa e devido às suas pautas conservadoras. Explicou por que não passou a faixa presidencial para Lula: “Não ia me submeter à maior vaia da história do Brasil”.

O interrogatório representa etapa crucial no processo que pode determinar o futuro político de Bolsonaro, consolidando sua defesa contra as acusações de tentativa de golpe de Estado que marcaram o final de seu mandato presidencial.

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Fonte: Baseado em informações da Gazeta do Povo e fontes complementares dos principais veículos de comunicação nacionais.

Da Redação.

Jornalista


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