China pode causar apagões globais via inversores solares

Alerta sobre vulnerabilidades em tecnologia chinesa preocupa
Autoridades dos Estados Unidos e da Europa estão em alerta máximo após a descoberta de dispositivos de comunicação não documentados em inversores solares fabricados na China, levantando temores de possíveis apagões orquestrados remotamente. Esses equipamentos, essenciais para conectar painéis solares às redes elétricas, contêm rádios celulares e outros componentes que poderiam ser usados para desestabilizar infraestruturas críticas, segundo relatórios recentes. A situação ganhou destaque após a empresa chinesa Deye demonstrar, em novembro de 2024, a capacidade de desligar remotamente inversores em países como Estados Unidos, Reino Unido e Paquistão, exibindo mensagens que indicavam proibição de uso.
O que são inversores solares e por que são cruciais?
Inversores solares são o “cérebro” dos sistemas fotovoltaicos, convertendo a energia gerada por painéis solares em eletricidade utilizável para redes elétricas. Eles também permitem monitoramento remoto e atualizações, mas a presença de dispositivos de comunicação não declarados, como rádios celulares, levanta suspeitas de backdoors – vulnerabilidades que poderiam permitir acesso não autorizado. Esses dispositivos, encontrados em inversores e baterias de origem chinesa, não constam em manuais técnicos, sugerindo possível ocultação deliberada. Especialistas alertam que tais ferramentas poderiam ser usadas para desligar sistemas remotamente, causando apagões em larga escala ou até danos físicos às redes elétricas.
A Lei Nacional de Inteligência da China
A Lei Nacional de Inteligência da China, promulgada em 2017, obriga empresas chinesas a cooperar com os serviços de inteligência do governo, fornecendo acesso a dados ou infraestrutura quando solicitado. Isso gera preocupações globais, especialmente porque empresas como Huawei e Sungrow dominam o mercado de inversores solares, controlando mais de 50% do setor global em 2023, segundo a Wood Mackenzie. A possibilidade de que Pequim use essa legislação para acessar ou manipular equipamentos instalados em infraestruturas críticas no exterior alimenta temores de espionagem e sabotagem.
O incidente com a Deye e suas implicações
Em novembro de 2024, a fabricante chinesa Deye desativou remotamente inversores solares em vários países, exibindo mensagens que ordenavam a devolução dos equipamentos. Embora a empresa não tenha comentado publicamente, o incidente demonstrou a capacidade técnica de controlar dispositivos à distância, reforçando preocupações sobre a segurança de infraestruturas dependentes de tecnologia chinesa. Nos EUA, onde 78% dos inversores solares são de origem chinesa, e na Europa, onde a dependência também é alta, governos estão revisando a segurança desses equipamentos. Países como Lituânia, Estônia e Reino Unido já implementam legislações para limitar o acesso remoto a sistemas solares de grande escala.
A fragilidade da energia renovável distribuída
Por décadas, a energia solar foi promovida como uma solução resiliente contra apagões, por sua natureza distribuída. No entanto, a descoberta de backdoors sugere que essa característica amplia a “superfície de ataque” das redes elétricas – o número de pontos vulneráveis que podem ser explorados. Em um cenário adverso, como um conflito geopolítico, a manipulação remota de inversores poderia paralisar hospitais, metrôs e data centers, causando caos em cidades como São Francisco, Berlim ou Seul. A dependência de equipamentos chineses, combinada com a falta de transparência sobre suas capacidades, transforma a promessa de resiliência em um risco estratégico.
Respostas globais e o futuro da energia solar
Nos EUA, o Departamento de Energia está avaliando riscos associados a tecnologias emergentes e incentivando a produção nacional para reduzir a dependência de fornecedores chineses. Empresas como a Florida Power & Light já buscam alternativas a inversores chineses. Na Europa, investigações sobre práticas comerciais desleais da China no setor de energia renovável estão em andamento, com possíveis tarifas ou proibições. A China, por sua vez, nega as acusações, classificando-as como “distorções” e defendendo a qualidade de seus produtos.
Enquanto o mundo avança para a transição energética, a segurança cibernética tornou-se um ponto crítico. A descoberta de dispositivos ocultos em inversores solares chineses serve como um alerta: a busca por energia limpa não pode ignorar os riscos geopolíticos e tecnológicos. Governos e empresas agora enfrentam o desafio de equilibrar sustentabilidade com soberania e segurança, enquanto Pequim reforça sua posição como líder em tecnologias renováveis.
Fonte: Reuters, Wood Mackenzie e postagens verificadas no X.
Da redação.
Jornalista
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