Eleições na CBF: Samir Xaud Rumo à Presidência

Um Pleito sem Surpresas no Horizonte
A eleição para a presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), marcada para o próximo domingo (25), parece destinada a um desfecho previsível. O médico Samir Xaud, de 41 anos, natural de Roraima, emerge como candidato único, consolidando o apoio de 25 das 27 federações estaduais. O que poderia ter sido uma disputa histórica, com a mobilização de clubes das Séries A e B, transformou-se em um cenário de consenso forçado, onde as federações estaduais, com maior peso no pleito, ditam o rumo da entidade máxima do futebol brasileiro.
O Contexto da Eleição
A CBF vive um momento delicado desde o afastamento de Ednaldo Rodrigues, determinado pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ). A decisão judicial, que questiona a legitimidade de sua gestão, abriu espaço para a nova eleição. No início de 2024, uma situação semelhante quase culminou em uma votação, mas foi suspensa após intervenção do Supremo Tribunal Federal (STF), que devolveu Ednaldo ao cargo. Desta vez, porém, o cenário é diferente. Ednaldo perdeu o apoio das federações estaduais e não conseguiu reverter sua situação no STF. No último domingo (18), o ministro Gilmar Mendes negou um pedido de urgência para anular o afastamento, adiando qualquer decisão para após a eleição.
A falta de apoio da Fifa e da Conmebol, que no passado defenderam Ednaldo contra a ingerência estatal, também pesa contra ele. As entidades internacionais optaram por não se manifestar, deixando o caminho livre para Samir Xaud. A desistência de Ednaldo em recorrer ao STF, conforme noticiado pelo UOL, praticamente sela a vitória do candidato de Roraima.
Reinaldo Carneiro Bastos: Uma Candidatura Frustrada
Reinaldo Carneiro Bastos, presidente da Federação Paulista de Futebol (FPF), tentou desafiar o status quo. Com o respaldo de 32 dos 40 clubes das Séries A e B do Brasileirão, que assinaram um manifesto em seu favor, ele buscava mudar a dinâmica de poder na CBF. No entanto, o estatuto da entidade, que exige ao menos oito apoios de federações estaduais e cinco de clubes, inviabilizou sua candidatura. Apenas a federação de Mato Grosso permaneceu ao seu lado, enquanto as demais fecharam com Samir. A força das federações estaduais, que possuem maior peso eleitoral, prevaleceu mais uma vez.
O silêncio de Reinaldo e dos clubes que o apoiaram reflete a frustração com o desfecho. Entre os grandes clubes paulistas, apenas o Palmeiras, presidido por Leila Pereira, optou por apoiar Samir, alinhando-se a pautas como fair play financeiro e a criação de uma liga unificada. A divisão entre clubes e federações expõe a complexa estrutura de poder da CBF, onde os interesses regionais muitas vezes superam os dos principais clubes do país.
Samir Xaud: Propostas e Promessas
Samir Xaud, em entrevista à Máquina do Esporte, destacou sua intenção de implementar uma gestão descentralizada e participativa. Ele defende a criação de uma liga unificada para gerir o Campeonato Brasileiro, uma demanda antiga dos clubes. “Temos um produto grande, mas que não está sendo bem trabalhado. Vamos nos esforçar para que essa união ocorra”, afirmou. Além disso, Samir prometeu revisar os contratos publicitários da CBF e assegurou o cumprimento do acordo com o técnico Carlo Ancelotti, que assume a seleção brasileira um dia após a eleição.
O Futuro da CBF
Com a eleição de Samir Xaud praticamente garantida, o foco agora é sua capacidade de cumprir as promessas de modernização. A relação estremecida entre clubes e federações, agravada pelo fracasso da candidatura de Reinaldo, sugere que a unificação do futebol brasileiro será um desafio. A criação de uma liga independente, por exemplo, enfrenta resistências históricas e interesses regionais arraigados.
Enquanto isso, a CBF se prepara para um novo capítulo. A ausência de reviravoltas judiciais ou apoio externo a Ednaldo indica que o pleito transcorrerá sem surpresas. Resta saber se Samir conseguirá unir as diferentes forças do futebol brasileiro e entregar as mudanças prometidas ou se a eleição será apenas mais um capítulo na longa história de continuísmo da entidade.
Fonte: CBF.
Da Redação.
Jornalista
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