Frota envelhecida e falta de caminhoneiros disparam custos no Brasil

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Crise logística pressiona preços e ameaça abastecimento, alertam especialistas
O Brasil enfrenta uma crise silenciosa no setor de transportes que ameaça a estabilidade econômica e o bolso do consumidor. Com uma frota de caminhões ultrapassada e uma escassez crescente de motoristas, os custos logísticos disparam, pressionando os preços de alimentos, combustíveis e produtos industrializados. Dados da Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA) revelam que a idade média dos caminhões em circulação no país é de 11 anos, enquanto a dos motoristas autônomos chega a 46 anos – sem renovação geracional à vista.

O Custo do Atraso Tecnológico

Enquanto a Europa avança com caminhões elétricos e autônomos, o Brasil ainda depende de frotas obsoletas. Thelis Botelho, CEO da CarboFlix, startup que oferece soluções para caminhoneiros, alerta: “Caminhões antigos consomem mais combustível, exigem manutenção cara e ficam mais tempo parados. Isso encarece o frete em até 30% em algumas rotas.” Um exemplo é a tecnologia de descarbonização de motores, comum na Ásia e Europa, mas ainda incipiente no Brasil. A prática, que reduz emissões e economiza até 10% em diesel, poderia aliviar os custos, mas esbarra na falta de acesso dos motoristas a inovações.

A Crise de Mão de Obra

A profissão de caminhoneiro, outrora valorizada, perde atratividade. Segundo a CNTA:
  • 48% dos motoristas têm problemas de saúde (hérnia de disco, hipertensão);
  • 50% trabalham 12 horas/dia e passam 15 dias/mês longe de casa;
  • 60% não se sentem seguros nas estradas.
“Os jovens não querem essa vida. Sem políticas públicas, em 10 anos teremos um colapso no abastecimento”, afirma Josenito Oliveira, economista da UNIT. O fantasma da greve de 2018, que paralisou o país e elevou a inflação, paira sobre o setor.

Soluções em Curso

Startups e empresas tentam mitigar o problema. A CarboFlix, em parceria com Bradesco e Ambipar, oferece:
  • Telemedicina e suporte psicológico;
  • Capacitação em manutenção preventiva;
  • Descontos em combustível e pedágio.
“Queremos mostrar que tecnologia pode melhorar a vida do caminhoneiro e reduzir custos”, diz Botelho. Outra frente é a pressão por renovação da frota. Especialistas defendem incentivos fiscais para a compra de caminhões novos e investimentos em ferrovias e hidrovias para reduzir a dependência das rodovias (responsáveis por 80% do transporte de carga).

Impacto na Inflação

O custo do frete já responde por até 40% do preço final de produtos perecíveis, como hortifrúti e lácteos. Para Oliveira, “enquanto o governo não tratar logística como prioridade, o consumidor seguirá pagando a conta”. Em 2024, o setor já acumula alta de 12% nos valores do frete, segundo a ANTT.

O Caminho a Seguir

Entre as medidas urgentes apontadas por especialistas:
  1. Linhas de crédito para renovação de frota;
  2. Campanhas de valorização da profissão;
  3. Expansão de ferrovias para desafogar as rodovias.
“Precisamos agir agora. Do contrário, o preço do pão e do arroz continuará subindo por falhas na estrutura que deveria ser nosso alicerce”, conclui Botelho.
Fonte: Marcia Bernardes

Da Redação.

Jornalista


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