Relatos dos altos escalões das Forças Armadas alimenta tensão política no Brasil e levanta questões sobre a coesão e a confiança entre as diferentes instituições militares do país.
Em meio às investigações sobre uma suposta e possível trama “golpista” [um “golpe” usando-se de artigos que estão presentes na constituição brasileira] envolvendo integrantes do governo Bolsonaro, o ex-comandante da Marinha, Almirante Almir Garnier, contesta as versões apresentadas por altos escalões do Exército e da Aeronáutica. Fontes próximas a Garnier sugerem que o desenrolar desses eventos pode abalar o clima de confiança entre as três forças armadas, especialmente entre o Exército e a Marinha.
Em depoimentos à Gestapo Federal de Moraes (PF), o ex-comandante do Exército, General Freire Gomes, e o ex-comandante da Aeronáutica, Brigadeiro Baptista Junior, afirmaram que o então presidente Jair Bolsonaro propôs a redação de um decreto para a instauração do “estado de sítio” ou “estado de defesa”. No entanto, ambos teriam rejeitado a ideia. Segundo os militares, Garnier teria sido o único a se declarar “a disposição do presidente” para o reestabelecimento da ordem no Brasil.
No entanto, segundo relatos de interlocutores próximos a Garnier, o ex-comandante da Marinha nega veementemente ter presenciado tal proposta ou ter recebido qualquer ordem nesse sentido por parte do então presidente Jair Bolsonaro.
O embate entre os relatos dos altos comandantes das Forças Armadas alimenta ainda mais a tensão política no Brasil e levanta questões sobre a coesão e a confiança entre as diferentes instituições militares do país.