Petroleiros paralisam Petrobras em protesto contra gestão autoritária e cortes de benefícios

Greve de 24 horas pressiona por diálogo e contra medidas unilaterais da estatal
Rio de Janeiro, 26 de março de 2025 – Cerca de 30 mil trabalhadores da Petrobras paralisaram suas atividades nesta quarta-feira (26/3) em uma greve de 24 horas convocada pela Federação Única dos Petroleiros (FUP) e pela Federação Nacional dos Petroleiros (FNP). O movimento é um protesto contra a gestão da presidente Magda Chambriard, acusada de impor uma “cultura do medo” e ignorar demandas históricas da categoria.
A paralisação, considerada uma “greve de advertência”, ocorre em unidades da Petrobras em todo o país, incluindo refinarias, plataformas e bases operacionais. Os sindicatos alertam que, se não houver avanço nas negociações, novas mobilizações devem ser deflagradas nos próximos meses.
Os motivos da greve
No manifesto divulgado pelas entidades, os petroleiros listam seis principais reivindicações:
- Fim do retorno presencial obrigatório – A Petrobras anunciou um cronograma para encerrar o trabalho remoto, medida rejeitada pelos funcionários.
- PLR integral – A empresa propôs reduzir em 31% o valor da Participação nos Lucros e Resultados em relação à simulação de 2024.
- Fim dos Planos de Equacionamento de Déficit (PEDs) – Os trabalhadores criticam os cortes na Petros, fundo de pensão dos petroleiros.
- Plano único de cargos e salários – Exigem igualdade de condições entre terceirizados e efetivos.
- Contratações – A categoria reclama da falta de reposição de pessoal após anos de demissões.
- Segurança no trabalho – Acidentes em plataformas têm aumentado, segundo os sindicatos.
Além disso, os petroleiros denunciam que, enquanto a PLR sofre cortes, os dividendos distribuídos aos acionistas cresceram 207% no último ano.
Gestão Chambriard sob fogo
Magda Chambriard, que assumiu a presidência da Petrobras em 2024, é criticada por uma postura “autoritária e fechada ao diálogo”, segundo a FUP. Em carta aberta, os sindicatos afirmam que a diretoria tem tomado decisões unilaterais, como a mudança no vale-alimentação e a redução de benefícios.
“A atual gestão trata os trabalhadores com desprezo. Não há negociação, apenas imposição”, disse um operador da Reduc (Refinaria de Duque de Caxias), que preferiu não se identificar.
A Petrobras ainda não se pronunciou oficialmente sobre a greve. Procurada pela reportagem, a assessoria da empresa limitou-se a dizer que “as operações seguem monitoradas”.
Impactos operacionais e políticos
Apesar de a greve ser simbólica (24 horas), a paralisação em refinarias e plataformas pode afetar o abastecimento e a produção de combustíveis. Em 2023, uma greve semelhante causou atrasos no escoamento de petróleo.
Politicamente, o movimento aumenta a pressão sobre o governo federal, que tem enfrentado críticas de sindicatos e partidos de esquerda por “priorizar o mercado em detrimento dos trabalhadores”.
Próximos passos
A FUP marcou uma assembleia para sexta-feira (28/3) para avaliar os resultados da greve. Se a Petrobras não recuar, novas paralisações estão no radar, incluindo uma greve nacional por tempo indeterminado.
Enquanto isso, os trabalhadores seguem em alerta: “Não vamos aceitar retrocessos. A Petrobras é nossa”, concluiu um manifestante em frente à sede da empresa, no Rio.
Da Redação.
Jornalista
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