Reino Unido quer restringir vistos e acabar com imigração de “livre mercado”

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Novas regras priorizam treinamento local e reduzem migração

O governo britânico anunciou planos amplos para reformular seu sistema de imigração, com o objetivo de encerrar o que classificou como um “experimento fracassado de livre mercado” na imigração em massa. Divulgadas no domingo, 11 de maio de 2025, as reformas restringirão os vistos de trabalhadores qualificados a empregos de nível de pós-graduação, limitarão os vistos para trabalhadores menos qualificados a indústrias críticas e obrigarão as empresas a aumentar o treinamento de trabalhadores britânicos. Essas medidas, que serão detalhadas em um documento de política (white paper) na segunda-feira, respondem à crescente pressão política para reduzir a migração líquida, especialmente após os ganhos eleitorais do partido anti-imigração Reform UK, de Nigel Farage, nas eleições locais recentes.

Contexto Político e Pressão

O primeiro-ministro Keir Starmer enfrenta demandas crescentes para abordar a imigração, uma questão controversa desde o referendo do Brexit em 2016, impulsionado pela frustração pública com as políticas de livre circulação da União Europeia. A nova abordagem do governo trabalhista marca uma mudança em relação ao sistema de vistos pós-Brexit introduzido pelo governo conservador anterior, que flexibilizou a elegibilidade para incluir funções como professores de ioga, passeadores de cães e DJs. A migração líquida atingiu um recorde de 906.000 pessoas no ano até junho de 2023, contra 184.000 em 2019, impulsionada por vistos de trabalho e esquemas especiais para ucranianos e residentes de Hong Kong. Esse aumento intensificou os pedidos por controles mais rígidos, com o Reform UK capitalizando o descontentamento público.

Principais Mudanças na Política

As reformas propostas visam tanto a migração qualificada quanto a menos qualificada. Os vistos de trabalhadores qualificados serão limitados a ocupações de nível de pós-graduação, reduzindo significativamente a elegibilidade. Os vistos para funções menos qualificadas serão concedidos apenas para papéis considerados essenciais para a estratégia industrial do Reino Unido, com uma condição: os empregadores devem se comprometer a treinar trabalhadores locais para preencher essas posições a longo prazo. O setor de saúde, que depende fortemente de trabalhadores estrangeiros, enfrentará uma proibição total de recrutar funcionários do exterior por meio de patrocínio de vistos. A secretária do Interior, Yvette Cooper, estima que essas mudanças podem reduzir os vistos de trabalhadores menos qualificados em até 50.000 neste ano.

Cooper descreveu o sistema atual como “falido”, acusando o governo anterior de substituir a livre circulação da UE por um modelo desregulado de “livre mercado”. “Estamos tomando medidas decisivas para restaurar o controle e a ordem”, disse ela, enfatizando o foco no desenvolvimento da força de trabalho doméstica. O white paper delineará como essas políticas se alinham aos objetivos econômicos mais amplos do Partido Trabalhista, priorizando a autossuficiência em setores-chave.

Impactos Econômicos e Sociais

As reformas buscam reduzir a dependência de mão de obra estrangeira, incentivando os empregadores a investir em trabalhadores britânicos. No entanto, líderes da indústria alertam para possíveis transtornos. A Confederação da Indústria Britânica (CBI) reconhece a necessidade de treinamento local, mas alerta que a escassez de mão de obra pode persistir. “As empresas enfrentarão escassez aguda de trabalhadores qualificados em certos momentos”, disse a diretora-geral da CBI, Rain Newton-Smith. “Embora soluções domésticas sejam preferíveis, a imigração continua sendo um caminho vital em alguns casos.” Setores como saúde e hospitalidade, já sobrecarregados, podem enfrentar dificuldades para se adaptar às restrições de vistos.

O sentimento público, moldado por anos de debate sobre imigração, permanece dividido. Para alguns, as reformas cumprem a promessa do Brexit de “retomar o controle”. Outros argumentam que restringir a imigração pode prejudicar a economia, especialmente em indústrias dependentes de trabalhadores migrantes. O referendo de 2016 destacou a imigração como um fator-chave para o voto pela saída, e o governo de Starmer aposta que essas medidas terão ressonância entre eleitores frustrados com os altos níveis de migração.

Perspectivas Futuras

O white paper, que deve fornecer planos detalhados de implementação, será analisado de perto por empresas, sindicatos e grupos de defesa. Críticos das reformas argumentam que elas correm o risco de afastar talentos globais e agravar a escassez de mão de obra, enquanto apoiadores as veem como um passo necessário para priorizar trabalhadores britânicos. Enquanto o Reino Unido navega por sua identidade pós-Brexit, a capacidade do governo de equilibrar as necessidades econômicas com as pressões políticas será testada.

Com os números de migração líquida improváveis de cair imediatamente, as reformas de Starmer sinalizam uma tentativa ousada de reformular o cenário de imigração do Reino Unido. Resta saber se elas conseguirão reduzir os números sem comprometer indústrias-chave.

Fonte: CNN e Reuters.

Da Redação.

Jornalista


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