Nepal em Colapso: PM Renuncia Após Protestos Mortais

Censura digital desencadeia revolta popular que derrubou governo e incendiou Parlamento
O Nepal vive sua maior crise política em décadas após protestos violentos contra a censura às redes sociais resultarem na renúncia do primeiro-ministro K.P. Sharma Oli e no incêndio de prédios governamentais. A ira popular, inicialmente provocada pelo bloqueio de plataformas como Facebook, WhatsApp e YouTube, evoluiu para uma revolta generalizada contra a corrupção e o nepotismo que assola o país himalaia.
A Faísca da Revolta Digital
A crise começou quando o governo bloqueou plataformas de mídia social, incluindo Facebook, X e YouTube, alegando que as empresas falharam em se registrar e se submeter à supervisão governamental. A medida, justificada oficialmente como combate às fake news, foi vista pela população como um ataque direto à liberdade de expressão e uma extensão da natureza corrupta do governo.
Os protestos eclodiram imediatamente, liderados principalmente por jovens da chamada “Geração Z” nepalesa, que utilizava as redes sociais para denunciar casos de corrupção e nepotismo entre a elite política do país. Os manifestantes haviam formado um movimento online direcionado aos “nepo kids” – filhos privilegiados de políticos e figuras poderosas.
Repressão Brutal e Escalada da Violência
A repressão policial foi brutal, resultando em 19 mortes e mais de 300 feridos na segunda-feira. As forças de segurança utilizaram munição real, balas de borracha e canhões de água contra manifestantes desarmados, provocando indignação nacional e internacional.
Mesmo após o governo revogar rapidamente a censura às redes sociais na terça-feira, os protestos não cessaram. Vários grupos se recusaram a obedecer ao toque de recolher imposto, e a violência escalou dramaticamente.
🚨URGENTE – População coloca fogo no palácio presidencial, no Nepal pic.twitter.com/D3SfBIpU1U
— SPACE LIBERDADE (@NewsLiberdade) September 9, 2025
Fúria Popular Atinge Símbolos do Poder
A resposta popular foi devastadora. Manifestantes invadiram e incendiaram o prédio do Parlamento, além de atacar as residências dos principais líderes políticos. Protestantes atearam fogo às casas de alguns dos principais líderes políticos do Nepal, incluindo a residência do próprio primeiro-ministro Oli.
O principal aeroporto de Katmandu foi fechado por questões de segurança, enquanto a capital mergulhava no caos. Vídeos nas redes sociais mostraram cenas de ministros fugindo de helicóptero, evidenciando o colapso da autoridade governamental.
Renúncia e Vácuo de Poder
O primeiro-ministro K.P. Sharma Oli anunciou sua renúncia na terça-feira em uma carta que citava “a situação extraordinária” no país. Aos 73 anos, Oli capitulou diante da pressão popular após ver sua residência particular sendo saqueada por manifestantes.
🚨URGENTE – Veja como ficou os prédios do governo do Nepal pic.twitter.com/HoWwzl7EXM
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A renúncia, no entanto, não acalmou os ânimos. Os chefes das principais agências de segurança, incluindo o comandante do exército, emitiram declaração conjunta apelando pela moderação e conclamando os partidos políticos a encontrarem uma saída pacífica para a crise. Ainda permanece incerto quem assumirá o comando do país neste momento crítico.
Raízes Profundas da Crise
A raiva vinha se acumulando há anos contra uma elite política nepalesa vista como corrupta e desconectada da realidade. O movimento “nepo kids” nas redes sociais havia exposto como os filhos de políticos viviam vidas luxuosas enquanto a população jovem enfrentava falta de oportunidades econômicas e um sistema político viciado.
As demonstrações foram impulsionadas por uma raiva generalizada entre os jovens, que veem suas perspectivas limitadas por décadas de má governança, corrupção sistêmica e nepotismo desenfreado.
Consequências Regionais e Internacionais
A crise no Nepal, país estratégico entre China e Índia, preocupa observadores regionais. O colapso institucional em uma democracia relativamente jovem levanta questões sobre a estabilidade política no sul da Ásia e os desafios enfrentados por governos que tentam controlar o espaço digital.
O caso nepalês demonstra como tentativas governamentais de censurar redes sociais podem catalisar movimentos de protesto mais amplos, especialmente quando existe descontentamento popular acumulado com questões estruturais como corrupção e falta de representatividade.
Perspectivas Futuras
Com o país mergulhado na incerteza política e as ruas ainda tomadas por manifestantes, o Nepal enfrenta o desafio de reconstruir suas instituições democráticas e restaurar a confiança pública. A formação de um novo governo será crucial para determinar se o país conseguirá canalizar a energia dos protestos em reformas estruturais ou se mergulhará em maior instabilidade.
A juventude nepalesa, protagonista dessa revolta digital, deixou claro que não mais tolerará um sistema político que os exclui e privilegia conexões familiares sobre mérito. O futuro do Nepal dependerá da capacidade de seus líderes políticos de compreender e responder a essa demanda por mudanças profundas e transparência governamental.
Fonte: NPR, CNN, NBC News, Al Jazeera, The Washington Post, CBS News.
Da Redação.
Jornalista
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