Irã reforça instalações nucleares em meio a tensões
Negociações com EUA avançam sob ameaça de conflito
O Irã está intensificando a segurança de suas instalações nucleares, com a construção de complexos de túneis subterrâneos próximos ao Monte Kolang Gaz La, segundo relatórios baseados em imagens de satélite. Essas estruturas, que estão em desenvolvimento há anos, podem se tornar operacionais em breve, de acordo com David Albright, presidente do Instituto para Ciência e Segurança Internacional (ISIS). A movimentação ocorre em um momento crítico, enquanto os Estados Unidos e o Irã se preparam para uma terceira rodada de negociações, marcada para este fim de semana, com o objetivo de restabelecer restrições ao programa de enriquecimento de urânio iraniano.
As negociações, no entanto, acontecem sob um clima de crescente tensão. Tanto os EUA quanto Israel ameaçam ações militares contra a República Islâmica, caso as demandas ocidentais não sejam atendidas. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, insiste que qualquer acordo deve resultar no desmantelamento total do programa nuclear iraniano, uma exigência que Teerã rejeita categoricamente. A fortificação de instalações, como os túneis e o reforço do perímetro de segurança na planta nuclear de Natanz — que já foi alvo de sabotagem em 2020 —, evidencia a determinação do Irã em proteger suas ambições nucleares.
A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) enfrenta dificuldades para monitorar essas atividades. O Irã tem negado acesso de inspetores da ONU aos novos complexos, levantando suspeitas de que os túneis possam abrigar centrífugas avançadas ou estoques de urânio enriquecido a níveis próximos aos necessários para uma bomba nuclear. Raphael Grossi, diretor-geral da AIEA, afirmou em Washington na quarta-feira que o uso desses túneis para fins nucleares “não pode ser descartado”. Ele descreveu as interações com o Irã como um “jogo de pingue-pongue”, destacando a falta de transparência.
Autoridades iranianas, incluindo o ministro das Relações Exteriores, Abbas Araghchi, refutam as acusações e alegam que Israel e outros atores externos tentam sabotar os esforços diplomáticos. O Irã também argumenta que não tem obrigação de informar a AIEA sobre instalações que ainda não contêm materiais radioativos, uma postura que intensifica as preocupações internacionais.
Nos Estados Unidos, o secretário de Estado, Marco Rubio, abordou a questão em entrevista ao podcast The Free Press. Rubio reiterou que o Irã deve abandonar completamente o enriquecimento de urânio para manter um programa nuclear civil. Ele criticou o acordo nuclear de 2015 (JCPOA), abandonado pelos EUA em 2018 sob o governo Trump, por oferecer ao Irã “concessões permanentes” em troca de restrições temporárias. Embora otimista sobre as negociações, Rubio alertou que um conflito militar permanece como possibilidade caso a diplomacia fracasse.
A situação é agravada pelo histórico de sabotagens e ataques às instalações nucleares iranianas, como o incidente em Natanz, atribuído a Israel. A construção de túneis subterrâneos e o reforço de medidas de segurança sugerem que o Irã está se preparando para proteger seus ativos nucleares contra ameaças externas. Esses desenvolvimentos complicam as negociações, já que o Irã sinaliza que não cederá às pressões de desmantelar seu programa.
Enquanto as conversas avançam, o mundo observa com apreensão. Um acordo bem-sucedido poderia aliviar as tensões e evitar um confronto militar, mas as posições inflexíveis de ambos os lados — com o Irã defendendo sua soberania nuclear e os EUA e Israel exigindo garantias rigorosas — tornam o caminho para a paz incerto. A comunidade internacional, por meio da AIEA, continua pressionando por maior cooperação de Teerã, mas a falta de acesso às instalações subterrâneas alimenta especulações sobre as verdadeiras intenções do programa nuclear iraniano.
Fonte: JNS e Reuters.
Da Redação.
Jornalista
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