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Lembram da “desordem informacional” mencionada pelo ministro Lewandowski em 2022? Pois o guia sobre desinformação da USAID discorre longamente sobre o tema…

Ontem, comecei a estudar o guia da USAID sobre desinformação — um documento secreto, que veio a público apenas após uma ação movida pela America First Legal (AFL), entidade que utiliza a Lei de Acesso à Informação dos EUA (FOIA) para dar maior transparência aos atos e decisões de órgãos públicos.

O documento foi disponibilizado no site da instituição criada por Mike Benz, a Foundation for Freedom Online. Nele, são apresentadas as diretrizes da USAID para o combate à desinformação em escala global.

Logo de cara, chamou minha atenção a definição do conceito de “information disorder”, que surge na introdução do documento e se repete 61 vezes:

“A desinformação de modo algum é algo novo. Embora as plataformas de mídia social tenham se tornado as difusoras mais eficientes de informações falsas, a desinformação também se espalha por meios analógicos, como rádio, televisão e jornais. Contudo, é a combinação da mídia analógica tradicional, em conjunto com as novas tecnologias digitais, que permite que a informação se propague mais rápida e amplamente (inclusive além das fronteiras) de formas sem precedentes.

Especialistas têm descrito esse fenômeno como ‘desordem informacional’, uma condição em que a verdade e os fatos coexistem em um ambiente de desinformação e informação equivocada — teorias da conspiração, mentiras, propaganda e meias-verdades. Eles classificaram sua capacidade de minar a democracia e a autonomia individual como ‘um problema perverso’, ou seja, um problema difícil e complexo, como a pobreza ou as mudanças climáticas.

Apesar da enormidade do desafio, há maneiras promissoras que jornalistas, organizações da sociedade civil, especialistas em tecnologia e governos estão encontrando para prevenir e combater a desinformação e a informação equivocada. Este guia apresenta várias ideias de programas que podem ser consideradas tanto de forma independente quanto de forma integrada em iniciativas relacionadas à democracia e à governança.”

O guia da USAID é de fevereiro de 2021. Já o voto do ministro que justificou a censura a um vídeo da Brasil Paralelo por conta de “desordem informacional” ocorreu em outubro de 2022, em meio às eleições presidenciais. Disse o ministro:

“Eu, respeitosamente, consigno em meu voto que, ao apresentar as reportagens jornalísticas sob o título ‘Relembre os esquemas do governo Lula’, a matéria atribui ao candidato Lula uma série de escândalos de corrupção que jamais foram judicialmente imputadas a ele. E a respeito dos quais nunca teve a oportunidade de exercer sua defesa.

Nesse sentido, considero grande a desordem informacional apresentada. E como tal, apta a comprometer a autodeterminação coletiva, a livre expressão, a livre formação da vontade do eleitor. Nós estamos diante de um fenômeno absolutamente novo. O fenômeno da desinformação, que vai além da fake news. O cidadão comum, o eleitor ordinário, no sentido gramatical da palavra, não está preparado para receber esse tipo de desordem informacional, como estou colocando no meu voto.”

Teria o ministro lido o guia? Ou será que aprendeu sobre o tema em um dos seminários que o TSE promoveu em conjunto com o Consórcio para Eleições e Fortalecimento do Processo Político (CEPPS), da USAID?

Perceba que um vídeo que faz um apanhado de todos os escândalos de corrupção durante os governos Lula — valendo-se de matérias divulgadas pela imprensa “profissional” — foi considerado desinformação, sob a desculpa de que o ex-presidente não teria sido acusado como o responsável por tais atos. Será que um vídeo que falasse sobre escândalos durante o governo Bolsonaro teria sido igualmente censurado, tratado como “desordem informacional”?

Segundo Mike Benz, o Departamento de Estado americano, aparelhado pela esquerda, definiu o “populismo” como uma ameaça à democracia e utilizou a USAID para financiar, em escala global, a censura contra a direita “populista” mascarada de “combate à desinformação”.

Nesse caso específico, há um agravante: o ministro Lewandowski se aposentou do Supremo e foi convidado a assumir o Ministério da Justiça do governo Lula, após as eleições.

Fica cada vez mais claro que a censura e a perseguição à direita são um fenômeno global, ainda que o Brasil seja o país onde essa política foi aplicada com maior sucesso.

PS: o esquema que define o conceito de “desordem informacional” no guia da USAID foi produzido pela Internews, uma ONG de esquerda que recebeu quase meio bilhão de dólares da USAID, responsável por financiar 4.291 grupos de mídia. Em 2023, esses grupos produziram nada menos que 4.480 horas de conteúdo, alcançando 778 milhões de espectadores e “treinaram” mais de 9.000 jornalistas.

Por Leandro Ruschel.

Jornalista


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