Trump Envia Gamble ao Brasil para Avaliar Sanções a Moraes

Diplomata de peso discute punições e segurança pública
Na próxima segunda-feira, 5 de maio de 2025, Brasília receberá David Gamble, uma figura central da diplomacia norte-americana e coordenador do Gabinete de Coordenação de Sanções do governo de Donald Trump. A visita, carregada de peso político, tem como objetivo principal discutir possíveis sanções contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e outras autoridades brasileiras, além de abordar questões de segurança pública. A agenda de Gamble, articulada pelo deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro, inclui reuniões com o senador Flávio Bolsonaro e o ex-presidente Jair Bolsonaro, em um movimento que promete intensificar as tensões diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos.
Contexto da Visita: Sanções em Pauta
A Casa Branca, sob a liderança de Trump, avalia a aplicação de sanções não apenas a Moraes, mas também a juízes auxiliares do ministro e ao procurador-geral da República, Paulo Gonet. As medidas são uma resposta às decisões de Moraes, que ordenou o bloqueio de perfis em redes sociais como X e Rumble, ações interpretadas pelo governo Trump como censura e perseguição política contra opositores conservadores. Entre as punições em estudo, estão a proibição de entrada nos EUA e bloqueios financeiros, que impediriam negociações com cidadãos, empresas e instituições financeiras americanas. Por enquanto, não há planos de sanções contra o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas a visita de Gamble sinaliza um endurecimento da postura dos EUA em relação ao Judiciário brasileiro.
Quem é David Gamble?
David Gamble não é um nome qualquer na diplomacia americana. Oficial aposentado da reserva do Exército dos EUA, ele acumulou uma trajetória marcada por atuações em zonas de conflito e cargos estratégicos. No Afeganistão, sua coragem lhe rendeu a Medalha Estrela de Bronze, concedida por heroísmo ou serviço meritório. Como chefe do Gabinete de Coordenação de Sanções, Gamble aconselha o Secretário de Estado e lidera a estratégia global de sanções dos EUA, coordenando esforços com aliados como União Europeia, Reino Unido, Canadá, Austrália, Nova Zelândia, Japão e Coreia do Sul.
Sua carreira abrange décadas de serviço público e privado. Gamble atuou como conselheiro econômico na Embaixada dos EUA nas Filipinas, onde também foi Chefe Adjunto de Missão Interino, e ocupou cargos no Conselho de Segurança Nacional, como Diretor para Rússia e Ásia Central. Ele serviu em missões diplomáticas no Cazaquistão, Polônia e Rússia, além de ter trabalhado como consultor de segurança nacional em empresas como MPRI e Booz Allen Hamilton. Formado pelo College of William and Mary e pela Eisenhower School da National Defense University, Gamble é fluente em russo e polonês, com reconhecimentos como o Prêmio de Serviço Excepcional do Conselho de Segurança Nacional e múltiplos Prêmios de Honra Superior do Departamento de Estado.
O Papel de Eduardo Bolsonaro
A visita de Gamble foi costurada por Eduardo Bolsonaro, que, licenciado de seu mandato como deputado federal, tem atuado nos EUA para articular ações contra Moraes. Em um vídeo recente, Eduardo afirmou que as sanções visam punir “violadores sistemáticos de direitos humanos”, citando a morte do ex-vereador Cleriston Pereira da Cunha, conhecido como Clezão, em 2024, e outras supostas atrocidades atribuídas a Moraes. A retórica de Eduardo reflete a estratégia de aliados de Jair Bolsonaro de pressionar o STF com o respaldo do governo Trump, na esperança de enfraquecer investigações sobre a tentativa de golpe de Estado em 2022.
Segurança Pública na Agenda
Além das sanções, Gamble discutirá questões de segurança pública e cooperação internacional em temas como liberdades civis e regulação de redes digitais. A Casa Branca vê as ações de Moraes como um risco à liberdade de expressão, especialmente após a suspensão de plataformas como X e Rumble no Brasil. Esses episódios, que envolveram conflitos com figuras como Elon Musk, reforçam a percepção de Trump de que o Judiciário brasileiro interfere em plataformas americanas, desafiando a soberania dos EUA.
Reações e Implicações
A visita de Gamble ocorre em um momento delicado. Moraes, que já enfrentou críticas de Trump e de aliados como Musk, defendeu a independência do Judiciário brasileiro em 2024, afirmando que o Brasil deixou de ser colônia em 1822. A possibilidade de sanções contra um ministro do STF é vista por alguns como uma afronta à soberania nacional, enquanto bolsonaristas celebram a pressão internacional. A articulação de Eduardo Bolsonaro, com reuniões na Casa Branca e no Departamento de Estado, indica um esforço para escalar o conflito, mas o Departamento de Estado ainda não confirmou oficialmente a agenda de Gamble.
A chegada de David Gamble ao Brasil marca um capítulo tenso nas relações Brasil-EUA. Com uma carreira que combina diplomacia, segurança e estratégia, Gamble tem o peso necessário para conduzir negociações delicadas. Resta saber se sua visita resultará em sanções concretas ou se servirá apenas como um recado ao Judiciário brasileiro. O que está claro é que, para Moraes e seus aliados, a pressão internacional está apenas começando.
Veja o vídeo:
Da Redação.
Jornalista
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