Zelensky Alerta: Lula em Risco em Moscou

Ucrânia Rejeita Trégua e Questiona Segurança em Evento Russo
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, emitiu um alerta contundente no último sábado (3), afirmando que não pode garantir a segurança de líderes mundiais, incluindo o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, durante as celebrações do 80º aniversário da vitória sobre a Alemanha nazista, marcadas para 9 de maio em Moscou. A declaração ocorre em meio a tensões crescentes entre Ucrânia e Rússia, com Zelensky rejeitando uma proposta de cessar-fogo temporário feita pelo presidente russo, Vladimir Putin, para os dias 8 a 10 de maio. O evento na capital russa contará com a presença de cerca de 20 chefes de Estado, incluindo aliados de Moscou como China, Cazaquistão, Belarus, Cuba e Venezuela.
Contexto do Alerta
Zelensky expressou desconfiança em relação às intenções russas, sugerindo que o Kremlin poderia usar o evento para encenar provocações, como “incêndios ou explosões”, e culpar a Ucrânia por eventuais incidentes. “Não sabemos o que a Rússia fará nesse momento. Ela pode tomar várias medidas e depois nos acusar”, declarou o líder ucraniano a jornalistas. A recusa de Zelensky em aceitar a trégua de três dias proposta por Putin reflete a posição de Kiev, que exige um “cessar-fogo total e incondicional” como condição para qualquer negociação. Segundo o presidente ucraniano, o prazo curto da trégua é “uma encenação teatral” que não permite discussões sérias sobre a paz.
O Kremlin, por sua vez, defendeu a proposta de cessar-fogo, afirmando que ela serviria para “testar” a disposição da Ucrânia em buscar a paz. A celebração do Dia da Vitória, um marco histórico para a Rússia, é tradicionalmente acompanhada por um grande desfile militar na Praça Vermelha, o que aumenta as preocupações de Kiev sobre possíveis implicações propagandísticas do evento.
Lula e a Participação Brasileira
A presença confirmada de Lula em Moscou, entre os dias 8 e 10 de maio, gerou controvérsia, especialmente após as críticas de Zelensky. O presidente brasileiro, que tem defendido uma postura de neutralidade no conflito, planeja discutir a guerra na Ucrânia com Putin, além de tratar de temas bilaterais e questões relacionadas ao Brics, bloco presidido pelo Brasil em 2025. A primeira-dama, Janja Lula da Silva, já chegou à capital russa no sábado (3), cinco dias antes do desembarque de Lula.
A relação entre Brasil e Ucrânia tem sido marcada por tensões. Em abril, Zelensky recusou um pedido de conversa telefônica com Lula, alegando “problemas de agenda”, o que foi interpretado como um sinal de descontentamento com a visita de Lula a Moscou. Representantes ucranianos criticaram a viagem, afirmando que ela representa um “apoio aberto” a Putin. A mudança iminente na embaixada ucraniana em Brasília, com a saída do embaixador Andrii Melnyk, reforça a percepção de deterioração nas relações bilaterais.
Reações Internacionais
Além de Lula, líderes como o presidente chinês Xi Jinping e representantes de países aliados da Rússia estarão presentes em Moscou. A proposta de trégua russa foi vista com ceticismo não apenas pela Ucrânia, mas também por observadores internacionais, que apontam para a vantagem militar russa no front como um fator que desincentiva Moscou a aceitar pausas prolongadas no conflito. Enquanto isso, ataques aéreos continuam, com relatos de 51 civis feridos em Kharkiv, na Ucrânia, e cinco em Krasnodar, na Rússia, na noite de sexta para sábado.
Implicações para a Diplomacia Brasileira
A decisão de Lula de comparecer ao evento em Moscou coloca o Brasil em uma posição delicada. Apesar de sua insistência em mediar a paz, com propostas como a criação de um “Grupo de Amigos da Paz” ao lado da China, Zelensky já declarou que Lula não é mais um “player” relevante nas negociações. Essa percepção foi reforçada em janeiro, quando o presidente ucraniano afirmou que “o trem do Brasil já passou” no contexto do conflito.
A viagem de Lula ocorre em um momento de transição global, com o presidente dos EUA, Donald Trump, intensificando esforços para negociar a paz na Ucrânia. A recente reunião entre Trump e Zelensky no Vaticano, em 26 de abril, resultou em um acordo para exploração de recursos naturais ucranianos por empresas americanas, sinalizando uma reaproximação entre Kiev e Washington.
Conclusão
O alerta de Zelensky sublinha as complexidades do conflito russo-ucraniano e os desafios enfrentados por líderes globais, como Lula, que buscam manter uma postura neutra. A rejeição da trégua e as preocupações com a segurança em Moscou destacam a fragilidade das iniciativas diplomáticas em meio à guerra. Para o Brasil, a viagem de Lula representa tanto uma oportunidade de diálogo quanto um risco de aprofundar o atrito com a Ucrânia, em um cenário internacional cada vez mais polarizado.
Da Redação.
Jornalista
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